janeiro 31, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 13)

HOLA!

Se eu fosse fazer um top 10 de melhores novelas, aquelas que certamente estariam encabeçando a lista seriam QUE REI SOU EU? e VALE TUDO. A lista seria aproximadamente assim:

10- Roda de fogo
09- Brega & Chique
08- Corpo a corpo
07- Cambalacho
06- A gata comeu
05- Guerra dos Sexos
04- Direito de amar
03- Selva de pedra
02- Vale tudo
01- Que Rei sou eu?



QUE REI SOU EU?



Exibida entre fevereiro e setembro de 1989, essa novela do mestre Cassiano Gabus Mendes conseguiu unir qualidade técnica com popularidade nessa sátira inteligente sobre nosso país.

O fictício reino de Avilan era uma paródia do Brasil: a miséria, os políticos corruptos, injustiças sociais, a instabilidade financeira, a economia ineficaz, a moeda desvalorizada, os impostos abusivos.

A rainha Valentine (Tereza Rachel) se vê obrigada pelos conselheiros reais e pelo bruxo Ravengar (Antônio Abujamra) a achar um herdeiro para o trono. Jean-Pierre (Edson Celulari) é o filho bastardo do rei e consequentemente seu sucessor. Todavia, a rainha e sua corja forjam um sucessor ao transformarem o mendigo Pichot (Tato Gabus) no novo rei.

Jean-Pierre e seus amigos se rebelam contra o governo e começam uma luta para depor o falso rei. Mas nosso herói não vive só de lutas, ele terá que se decidir entre o amor verdadeiro da jovem e guerreira Aline (Giulia Gam) e a paixão ensadecida por Suzanne (Natália do Valle), esposa de um dos conselheiros.

Interessante é vermos a trajetória de Pichot que não é de todo mal, já que é um ser facilmente manipulável, cujo poder rapidamente corrompe, mas que ama sinceramente a Princesa Juliette (Cláudia Abreu).

Vale destacar o esmero com os figurinos, cenários e com o trabalho do atores. Muitos fizeram aulas de acrobacia, esgrima, malabarismo, danças, além de orientação profissional sobre a linguagem, gestos e costumes da época. Tereza Rachel como a Rainha Valentine (lembram-se das gargalhadas agudas?) assim como Antônio Abujamra (Ravengar) foram os grandes destaques com atuações impecáveis. Na verdade, todo elenco estava incrivelmente coeso e competente.

Não só foi na audiência que a novela fez sucesso. Sua trilha sonora também vendeu bastante e muitas músicas estavam nas paradas das rádios. E alguém se lembra do álbum de figurinhas?

Saudades de Jean-Pierre, Aline, Juliette, Pichot, Suzanne, do bobo-da-corte Corcoran (Stênio Garcia), a feminista Madeleine (Marieta Severo), dos conselheiros reais etc.








VALE TUDO



Quem matou Odete Roitman?
O Brasil inteiro parou por causa dessa novela de Gilberto Braga originalmente exibida entre maio de 1988 e janeiro de 1989.

"Não me convidaram pra essa festa pobre// Que os homens armaram pra me convencer// A pagar sem ver toda essa droga//Que já vem malhada antes d'eu nascer... //... Brasil, mostra a tua cara// Quero ver quem paga pra gente ficar assim// Brasil, qual é o teu negócio// O nome do teu sócio// Confia em mim..."

Essa abertura da novela com a música do Cazuza cantada divinamente pela Gal Costa é como se fosse um safanão na gente: abra o olho, acorda, ser bonzinho demais é se ferrar na certa. Não que seja um manifesto pra delinqüência, marginalidade, mas é como se fosse um aviso: FICA ESPERTO!

Maria de Fátima (Glória Pires) é completamente diferente da sua mãe Raquel (Regina Duarte). Vende os pouquíssimos bens da família e foge para o Rio atrás de fortuna. Lá conhece César (Carlos Alberto Ricceli), seu parceiro no amor e nas pilantragens. Raquel vai pro Rio atrás da filha e se apaixona por Ivan (Antônio Fagundes). Trabalha como vendedora de sanduíche natural e consegue se reerguer, sendo até dona de uma rede de restaurantes.

Afonso Roitman (Cássio Gabus) é o único filho da poderosa Odette Roitman (Beatriz Segall) e que, ao contrário dos desejos da mãe, adora o Brasil e quer permanecer no país, ainda mais depois de conhecer a jornalista Simone (Lídia Brondi). Porém entra Maria de Fátima na jogada que conhece Afonso e, através de muitas armações, consegue acabar com o relacionamento dele com Simone e se casam.

A história tem uma reviravolta quando Raquel encontra 800 mil dólares perdidos pelo desonesto Marco Aurélio (Reginaldo Faria), ex-marido de Heleninha Roitmam (Renata Sorrah), irmã de Afonso. Seguindo a sugestão de Ivan, Raquel não fica com o dinheiro. Os doláres desaparecem devido a uma artimanha da sua filha mau-caráter e tudo leva a crer que foi Ivan que roubou a grana. Os dois rompem e ele acaba, posteriormente, casando com Heleninha. Esta é uma mulher frágil e alcoólatra, que sofre pela ausência do filho Thiago (Fábio Villaverde), um garoto retraído que mora com o pai.

Heleninha conta com a ajuda da amável tia Celina (Natália Thimberg) e do mordomo Eugênio (Sérgio Mamberti) que compara todos os acontecimentos ao seu redor com o cinema dos anos 30 a 50. Já seu filho Tiago se apaixona pela doce Fernanda (Flávia Monteiro) que namora seu melhor amigo.

O inescrepuloso Marco Aurélio se casa com a ex-mulher de Ivan, a insegura Leila e, posteriormente, vai ter um caso com Fátima. E essa relação extra-conjugal leva ao grande segredo da novela: O assassinato de Odete Roitman.

Toda essa rede de intrigas, corrupção, paixões frívolas, amores desencontrados e a crítica social pertinente permeiam esse grande folhetim.

Algumas cenas merecem ser destacadas: Raquel rasgando o vestido de casamento de Fátima. A morte de uma personagem em um acidente pela não aceitação do público de um casal de lésbicas (Por sinal, várias cenas entre as personagens foram vetadas pela censura). Destaco também inúmeras cenas de Maria de Fátima, Odete e Heleninha, personagens complexas que arrancaram atuações soberbas de suas intérpretes Glória Pires, Beatriz Segall e Renata Sorrah respectivamente. E o que falar daquela cena antológica do Reginaldo Farias (Marco Aurélio) dando banana pro Brasil enquanto fugia no seu jatinho? Vale realmente a pena ser honesto no Brasil? Mais real, impossível!



Música do dia:

Você alguma vez já falou "Ah, essa música é da novela x, do personagem y"? Isso acontece com todo nós. Novela dita moda, comportamentos e torna certas canções atemporais.

Quem não se lembra da canção de amor de Simone (Lídia Brondi) e Afonso (Cássio Gabus) na novela VALE TUDO?


FAZ PARTE DO MEU SHOW
(CAZUZA)


Te pego na escola
E encho a tua bola
Com todo o meu amor
Te levo pra festa
E testo o teu sexo
Com ar de professor

Faço promessas malucas
Tão curtas quanto um sonho bom
Se eu te escondo a verdade, baby
É pra te proteger da solidão

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Confundo as tuas coxas
Com as de outras moças
Te mostro toda a dor
Te faço um filho
Te dou outra vida
Pra te mostrar quem sou

Vago na lua deserta
Das pedras do Arpoador
Digo "alô" ao inimigo
Encontro um abrigo
No peito do meu traidor

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor

Invento desculpas
Provoco uma briga
Digo que não estou
Vivo num clip sem nexo
Um pierrô-retrocesso
Meio bossa nova e rock 'n' roll

Faz parte do meu show
Faz parte do meu show, meu amor



HASTA!