fevereiro 18, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 21)


HOLA!



THE 80'S MOVIES



"Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh ! dias da minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!"


Meus Oito anos, Casimiro de Abreu. Que saudade da minha infância, dos meus anos 80, dos meus gibis, dos meus livros, dos meus brinquedos, dos meus filmes, das minhas novelas... Que saudade do banho na praia, de correr na rua e brincar sem medo, dos amigos, dos meus amores imaginários, dos meus heróis... Que saudade da comida gostosa de casa, do beijo de boa noite, dos lençóis macios a me cobrir, do cheiro perfumado do meu lar, das historinhas contadas para me acalentar o sono... Historinhas como as de D. Benta, a vovó dos nossos sonhos. Poetas, trovadores, contadores de história... O que seria de nós sem eles?

John Hughes é um grande contador de histórias. Ninguém mais que ele sabe falar da juventude com tanta sinceridade e sensibilidade. Young American Way of Life. Personagens divertidos e complexos. Drama e comédia. Criou um estilo de fazer cinema. Sabia, como poucos, escolher e fazer uma trilha sonora perfeita... Mostrou-nos que diversão não está necessariamente vinculada à alienação. Uma pena que o mestre entrou em um estado de hibernação, deixou de dirigir e um clone mal-sucedido da sua pessoa ainda faz uns roteiros chinfrins para as continuações medíocres de Esqueceram de Mim, Flubber, a famigerada série do cão Beethoven e o fraco Maid in Manhattan estrelado por Ralph Fiennes e Jennifer Lopez. But I wish... He´ll come back... soon!

Filmografia:

(DIRETOR)

1991 - A malandrinha (Curly Sue)
1989 - Quem vê cara não vê coração (Uncle Buck)
1988 - Ela vai ter um bebê (She's having a baby)
1987 - Antes só que mal acompanhado (Planes, trains & automobiles)
1986 - Curtindo a vida adoidado (Ferris Bueller's day off)
1985 - Mulher nota 1000 (Weird science)
1985 - Clube dos cinco (Breakfast Club, The)
1984 - Gatinhas e gatões (Sixteen candles)

(ROTEIRISTA)

Maid In Manhattan (2002)
Just Visiting (2001)
New Port South (2001)
Reach the Rock (1998)
Flubber (1997)
Home Alone 3 (1997)
101 Dalmatians (1996)
Baby's Day Out (1994)
Miracle on 34th Street (1994)
Dennis the Menace (1993)
Home Alone 2: Lost in New York (1992)
Home Alone (1990)
National Lampoon's Christmas Vacation (1989)
Great Outdoors (1988)
Some Kind of Wonderful (1987)
Ferris Bueller's Day Off (1986)
Pretty in Pink (1986)
The Breakfast Club (1985)
Sixteen Candles (1984)



Curtindo a vida adoidado (1986): John Hughes é o culpado por trazer para as telas um dos personagens mais bacanas da história do cinema: Ferris Bueller. Uma previsão de Ferris: "Life moves really fast. If you don´t stop to look around once in a while, you can miss it"("A vida passa muito depressa. Se não paramos para curti-la, ela escapa por nossas mãos"). Lições do Ferris: Faking out parents (Enganando os pais): 1. Fake a stomach cramp (finja uma dor de estômago); 2. Moan ans wail (gemidos e resmungos); 3. Lick Palms (lamber as palmas das mãos). Mas quem é Ferris afinal? Se você não o conhece, certamente deve ter passado os últimos 20 anos em alguma estação espacial, não? Ferris (Matthew BrodericK) é um garoto que acorda com preguiça e deseja matar aula e para isso conta com a ajuda da namorada (Mia Sara) e do melhor amigo (Alan Ruck). Finge estar doente e até se justifica pela sua mentirinha: "É infantil e estúpido, mas... a escola também é". Essa lábia de Ferris enfurece sua irmã Jeannie (Jennifer Grey), já que não é a primeira vez que enrola seus pais... Quem também não está mais engolindo é o diretor da escola Ed Rooney (Jeffrey Jones, impagável) e tem uma idéia fixa de pegar Ferris matando aula. Depois de suspeitar que aquela ligação feita para Sloane, namorada do Ferris, não seja realmente do pai dela, começa uma busca desenfreada e hilária (lembram da musiquinha incidental quando ele se ferrava?) por toda a cidade pelo fujão e sua trupe. Enquanto isso, Ferris, sua namorada, seu amigo e uma Ferrari se divertem pela cidade e dançam "Twist and shout" dos Beatles e sua irmã pára numa delegacia e libera suas amarguras ao tascar um beijo no bad boy vivido por Charlie Sheen. Hughes conseguiu nesse filme filtrar as melhores referências da cultura pop dos anos 80, de Star Wars ao seu outro filme Breakfast Club, com uma direção ágil, elenco afinado e uma deliciosa trilha sonora. Curtindo a vida adoidado, ou melhor, Ferris Bueller's day off é diversão inteligente e de primeira do começo ao fim. "You're still here? It's over ! Go home"... SAVE FERRIS!!

O clube dos cinco (1985): já citado no post anterior, um clássico juvenil dos anos 80. Jogue seus livros de auto-ajuda no lixo, assista Breakfast Club.

A garota de rosa-shocking (1986): Hughes aqui é só responsável pelo roteiro, já quem dirige é Howard Deutch (que também dirigiu Alguém muito especial), cuja filmografia é de uma mediocridade tremenda (Meu vizinho mafioso 2, Dois velhos mais rabugentos (pobres Walter Matthau e Jack Lemmon!), Virando o jogo (com Keanu Reeves) etc). Andie Walsh (Molly Ringwald) é uma garota pobre com obsessão por rosa (ergh!) . Ela vive com o pai desempregado (o maravilhoso Harry Dean Stanton) e trabalha em uma loja de discos. Apaixona-se pelo playboyzinho Blane McDonough (Andrew McCartney) que estuda no seu colégio. Tem como ombro amigo, o divertido Duckie Dale (Jon Cryer, clone do Matthew Broderick) que esconde da sua melhor amiga seus verdadeiros sentimentos. O filme fala sobre a incompreensão dos sentimentos e a vulnerabilidade dos jovens e a velha questão das diferenças de classes sociais. Para os adolescentes, o maior problema e também a maior solução do mundo é amar e ser amado.

Gatinhas e gatões (1984): Quando Samantha Baker (Molly Ringwald) acorda no dia do seu 16º aniversário, nenhum familiar se recorda da data já que estão mais preocupados com o iminente casamento de sua irmã mais velha. Samantha é apaixonada por Jake Ryan (Michael Schoeffling, clone do Matt Dillon), mas ele é o típico cara que nunca olharia pra ela. Entretanto, ao descobrir que ela é a fim dele, começa a se interessar por ela. Entra na jogada Ted (Anthony Michael Hall) que é vidrado em Samantha e para mostrar que é o cara pros amigos, consegue uma calcinha da garota e imaginem com quem essa calcinha vai parar? Um filme sensível, divertido, sincero e despretensioso. Qual garota nunca se sentiu na pele da Sam? A cena final é tão linda...





Mulher nota 1000
(1985): Gary Wallace (Anthony Michael Hall) e Wyatt Donnelly (Ilan Mitchell-Smith) são dois nerds adolescentes nada populares com o sexo oposto. Eles resolvem criar no computador a mulher ideal. Entretanto, uma tempestade dá vida a ela. Surge Lisa (Kelly LeBrock), uma mulher obediente aos seus criadores e ainda mais sexy, charmosa, bonita... O sonho de todo marmanjo, não é? Casa, comida e roupa lavada... Só que o irmão mais velho de Wyatt (Bill Paxton) sente que tem algo estranho nessa mulher e aí começam as confusões. Comédia desprentesiosa e divertida com destaque na atuação do Anthony Michael Hall.

Ela vai ter um bebê (1988): Casamento, o jogo mais difícil do mundo, de acordo com esse ótimo filme escrito e dirigido com maestria pelo mestre John Hughes. Esse grande diretor consegue tirar atuações brilhantes de todo elenco (Kevin Bacon, Elisabeth McGovern e Alec Baldwin) e talvez seja seu filme mais maduro. É um divertido ensaio sobre os prós e contras de uma vida matrimonial.

Alguém muito especial
(1987): um garoto sensível (Eric Stoltz), a garota popular (Lea Thompson) e sua melhor amiga estilo joãozinho (Mary Stuart Masterson)... Aquela velha história... Por que nunca olhamos melhor o que está à nossa volta? Por que sempre almejamos somente algo superficial como a beleza física? Pra que procurar tanto? Não é muito melhor esfregar os olhos? Fuja das idealizações, seja você, ame quem te ama...

Férias Frustradas: alguém sente saudades da trilogia Férias Frustradas (Vacation, 1983), Férias frustradas 2 (European vacation, 1985) e Férias frustradas de Natal (Christmas vacation, 1989) protagonizada pela família Griswold, ou melhor, Chevy Chase, Beveryl D' Angelo e seus pimpolhos? Não importa o lugar, eles sempre se metiam em confusões hilárias. Vale citar que Hughes apenas roteirizou os três filmes.


Música do dia:

Ok, ok, ok... Essa música é brega, mas eu gosto, falou? Ela faz parte da trilha sonora do filme Pretty in Pink (A garota de rosa-shocking).


If you leave me now
(Chicago)

If you leave me now, you’ll take away the biggest part of me
No baby please don’t go
If you leave me now, you’ll take away the very heart of me
No baby please don’t go

A love like ours is love that’s hard to find
How could we let it slip away
We’ve come too far to leave it all behind
How could we end it all this way
When tomorrow comes we’ll both regret
Things we said today

A love like ours is love that’s hard to find
How could we let it slip away
We’ve come too far to leave it all behind
How could we end it all this way
When tomorrow comes we’ll both regret
Things we said today

If you leave me now, you’ll take away the biggest part of me
No baby please don’t go
Oh girl, just got to have you by my side

No baby, please don’t go

Oh mama, I just got to have your lovin, yeah

We’ve come too far to leave it all behind




HASTA!