fevereiro 25, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 24)


HOLA!

THE 80'S MOVIES


Encontrei este texto em um site aqui da net chamado =[Cinescópio]= e gostei tanto que resolvi postá-lo. Ele traz um panorama bem interessante sobre o cinema durante os anos 80.



A HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL
Os inexperientes, os ascendentes e os adolescentes

Nelson Pereira dos Santos


Os Estados Unidos revelaram alguns cineastas de relativo talento que deram certa esperança à produção de filmes ao aliar a criação sofisticada com o lado comercial. Nessa renovação surgiram cineastas como Lawrence Kasdan, Corpos Ardentes (1981); Paul Schrader, Gigolô Americano (1980), e Oliver Stone, Platoon (1986). Todos eles haviam sido roteristas de prestígio que, ao experimentarem a direção, obtiveram grande sucesso.

Dentre os atores que prosperaram atrás das câmeras podem ser citados Robert Redford, Gente Como a Gente (1980) — Oscar de Melhor Diretor e Ator Coadjuvante para Timothy Hutton —; Burt Reynold, Caçada em Atlanta (1981); Warren Beatty, Reds (1981) e Barbra Streisand, Yentl (1983).

Outros cineastas mantiveram sua produção regular, crescendo junto à crítica e ao público. Destacaram-se, nesse período, Martin Scorsese, O Touro Indomável (1980) e A Última Tentação de Cristo (1988); Brian De Palma, Vestida Para Matar (1980) e Dublê de Corpo (1984); David Lynch, O Homem Elefante (1980) e Veludo Azul (1986); Woody Allen, A Rosa Púrpura do Cairo (1985) e Hannah e Suas Irmãs (1986); Spike Lee, único cineasta negro dentre tantos brancos, que impressionou com Faça a Coisa Certa (1987).

Francis Ford Coppola — que já havia feito Apocalipse Now (1979) — reforçou a tendência da década de criticar o ideal de vida norte-americano, apresentando em Vidas Sem Rumo (1980) e O Selvagem da Motocicleta (1984) a corrosão do sistema social por meio da visão de personagens adolescentes.

Essa censura ao American way of life mostrou-se mais abundante em filmes como Picardias Estudantis (1982), de Amy Heckerling; Admiradora Secreta (1985), de Robert Greenwalt; Gatinhas e Gatões (1984) e Clube dos Cinco (1985), ambos de John Hughes, e Diga Qualquer Coisa (1989), de Cameron Crowe. Estes, entre outros mais ou menos famosos, trazem o cenário escolar como pano de fundo para a exposição de conflitos aparentemente juvenis, proporcionando o questionamento do que é imposto pela sociedade: o belo, o rico e o popular são sempre capazes (leia-se "manter as aparências está acima de tudo na vida").

EUROPA

Na França, Diva (1982), de Jean-Jacques Beineix, é o marco de uma nova tendência do cinema francês que passou a realizar, neste período, filmes com padrão hollywoodiano. Este filmes tinham o formato de um videoclipe, ou seja, muitas vezes a estética visual encobria a deficiência do roteiro. Nesta corrente, destacaram-se Leos Carax, Sangue Ruim (1986), e Luc Besson, Subway (1985) — o mais bem sucedido de todos — que viria fazer carreira em Hollywood.

Neste período, porém, cineastas como Claude Chabrol, Os Fantasmas do Chapeleiro (1982) e Um Assunto Para Mulheres (1988); Michel Deville, Perigo do Coração (1985) e Uma Leitora Muito Particular (1988); Bertrand Tavernier, A Lei de Quem Tem o Poder (1981) e Por Volta da Meia-Noite (1986); Jean-Luc Godard, Prenome Carmen (1983) e Je Vous Salue Marie (1985); Bertrand Blier, Meu Marido de Baton (1986), entre outros, deram certa qualidade artística à produção francesa.

Já na Itália, destacaram-se Francesco Rosi, Três Irmãos (1980); os irmãos Taviani, A Noite de São Lorenzo (1981); Marco Ferreri, Crônica de Um Amor Louco (1982); Federico Fellini, E La Nave Va (1983); Ermano Olmi, A Lenda do Santo Beberrão (1988) — Melhor Filme no Festival de Veneza; Maurízio Nichetti, Ladrões de Sabonete (1989), e Giuseppe Tornatore, Cinema Paradiso (1989) — Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Na Espanha, Carlos Saura inicia sua parceria com Antonio Gades e realiza a trilogia "Música-Cinema", com Bodas de Sangue (1981), Carmen (1983) e Amor Bruxo (1986), com o qual obtém grande sucesso de público — embora a crítica não tenha sido unânime quanto ao resultado final.

Neste período, surgiu aquele que seria o grande talento do cinema espanhol da atualidade: Pedro Almodóvar, que obteve reconhecimento internacional com A Lei do Desejo (1986) e a consagração com Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos (1987).

CINEMAS DE DESTAQUE

Na Argentina, a década de 80 não poderia ser melhor. Seu cinema renasceu a partir do enorme sucesso de dois filmes: A História Oficial (1985), de Luis Puenzo — que recebeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro — e Tangos, O Exílio de Gardel (1985), de Fernando E. Solanas — premiado nos festivais de Veneza, Havana e Biarritz, entre outros. Ambos tinham como tema o doloroso período de ditadura pela qual a Argentina passou e que manchou sua história. No filme de Puenzo, a abordagem foi mais realista. Em contrapartida, Fernando Solanas optou por uma linguagem metafórica, sem emitir algum julgamento, deixando para o público o veredito final.

No Canadá, David Cronenberg chamou atenção ao realizar obras perturbadoras como Scanners (1981), Videodrome (1982) e Gêmeos, Mórbida Semelhança (1988). Já Denys Arcand abordou temas existenciais com componentes sócio-político em O Declínio do Império Americano (1986) e Jesus de Montreal (1989).

Outro cinema que se destacou neste período foi o australiano. Mad Max (1980) e As Bruxas de Eastwick (1987), de George Miller, além de A Testemunha (1985) e Sociedade dos Poetas Mortos (1989), de Peter Weir, tornaram a Austrália conhecida no mundo todo.

Até mesmo a Dinamarca renasceu neste período, chegando a conquistar prêmios internacionais com Pelle, o Conquistador (1987), de Bille August — ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Palma de Ouro em Cannes —, e A Festa de Babette (1988), de Gabriel Axel — vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A Inglaterra também viveu um bom momento nos anos 80, quando realizou seu cinema de vigor encabeçado por Stephen Frears, Minha Adorável Lavanderia (1985), um marco do novo cinema britânico. Bill Forsyth, Momento Inesquecível (1983); Derek Jarman, Caravaggio (1986); Neil Jordan, Mona Lisa (1986), e Peter Greenaway, O Sonho de um Arquiteto (1987), reforçaram o time de cineastas que fizeram o cinema britânico despontar no cenário mundial.


HASTA!