março 21, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 36)


HOLA!



THE 80'S MOVIES




Marcas que não se explicam



A subjetividade impera no mundo das artes. No fórum do Cinema sem Cena foi aberto um tópico sobre subjetividade. Várias opiniões foram expostas, mas ninguém chegou a um consenso, porque até este tal consenso acaba sendo algo subjetivo de um grupo específico, entendem? Eu sou da opinião que há elementos objetivos na arte, porque se não houvesse acabaria virando um samba do crioulo doido. Se formos generalizar o significado da palavra subjetividade, filmes notoriamente ruins como Olga e Pearl Harbor seriam abonados pela desculpa da subjetividade. Ou pior, qualquer rabisco aleatório seria considerado uma obra de arte. Ao mesmo tempo em que falo que há critérios objetivos na arte, estes mesmos critérios dependem da percepção, da vivência de cada um e chegamos novamente ao ponto de partida. Por acaso, isso não seria subjetividade? E se nos aprofundarmos em filmes como Olga e Pearl Harbor veremos ótimas qualidades técnicas (fotografia, direção de arte, efeitos visuais), revelando-me que não são de todo ruins. E agora?

Esse blá blá blá desconexo acima é uma tentativa frustrada de explicar o porquê de certos gostos. Como podemos gostar de filmes, que dentro de um consenso, são considerados ruins? Cobra é tão tosco que se torna bom e engraçado e ainda tem uma legião de fãs. Culpa de quem? Da subjetividade!! Entretanto não vim falar do Cobra, mas de dois filmes que eu adoro e que a maioria desconhece ou odeia.



Não adormeça (1982)

Esse filme feito para TV fez tanto sucesso entre os fãs do gênero, que vocês podem achar em muitas locadoras. Quando fui ao cinema ver Ray, fiquei impressionada com a fila enorme para entrar na sessão de Jogos Mortais. Não digo que "impressionada" seja a expressão mais correta, melhor seria dizer que eu ratifiquei minha opinião sobre o maior atrativo de bilheteria, o que agrada mais o público: os filmes de terror e de aventura.



Não adormeça
é um dos filmes que mais me assustou quando era criança e lembro que assisti no Corujão, portanto no horário mais propício para os sustos fáceis.

O filme tem foco em uma família suburbana americana com três filhos: um garotinho, Kevin, e duas garotas: Jennifer e Mary. A primeira, mais velha, morre em um acidente de carro (spoiler: ela não consegue sair do carro porque seu irmão amarra os cadarços do tênis de um pé com o outro e o carro... POOOW!!). Uma tragédia que faz com que a família se mude para outro lugar. Todavia o fantasma da garotinha retorna e aparece para sua irmã Mary. Ela diz estar muito triste e irritada, já que seus pais, sua avó e seu irmão não se lembram mais dela e que apenas Mary ainda a ama. E pra demonstrar esse amor, Jennifer pede um favorzinho para Mary (spoiler: apenas dizimar a família ingrata todinha) para que só assim possam ficar juntas pra sempre.

Podem dizer que o filme é bem "B" (e é, de fato), que as atuações são medíocres (excetuando-se a talentosa Kristin Cumming que faz a guria morta), que a história tem vários furos, mas pra mim é assustadora e muito legal. É o tipo do filme que você pergunta pra si mesmo: "Por que gostei? "Parafraseando o profeta Chicó: "Não sei, só sei que foi assim".




O ataque das formigas gigantes (1977)

Por um tempo, eu pensei (isso acontece, às vezes:P): ou todo mundo era meio doido como eu e adorava esse filme ou o SBT andava mal das pernas. Porque não dá pra entender o porquê de quase todo santo domingo reprisar o mesmo filme. E outra: eu já tenho pavor de insetos e depois de ver esse filme tive altos pesadelos com baratas (o ser mais asqueroso, horripilante e maquiavélico da face terrestre) bem crescidinhas.



Tosco até a alma e mal feito em todos os quesitos. Consta no elenco a presença de Joan Collins, rainha das soap opera e da famosa série "parecia que nunca ia acabar" Dinasty e o restante do elenco nem faço idéia da filmografia de cada um.

Até fiquei boquiaberta quando descobri que esse filme é baseado na obra homônima de H.G.Wells, escritor renomado e autor do clássico literário A Guerra dos Mundos, mas a subjetividade aqui fala mais alto... EU ADORO ESSA TOSQUEIRA. Adorava torcer pro happy end do casal canastra e adorava ver as formigas detonarem a galera.

A história é mais ou menos assim: barris cheios de produto radioativo caem no mar e são levados até à praia de uma ilha. Essa ilha pertence a uma atriz canastrona decadente (Joan Collins, numa referência explícita a Norman Desmond (Gloria Swanson) de Crepúsculo dos Deuses) e que quer vendê-la a qualquer custo. Para isso, convida prováveis compradores para uma tour na sua ilha. Contudo nem ela nem os outros visitantes imaginavam que a ilha estaria repleta de predadores enormes e insaciáveis. Quando eles pensam que se safaram das formiguitchas, mais e mais irmãzinhas aparecem. Acho que, na verdade, esse filme é uma grande homenagem aos filmes trash. Só pode... Divertidíssimo!




HASTA!