agosto 30, 2004

Primeiro post

HOLA!



Resolvi voltar e queria agradecer à Kel pelo cantinho que ela me cedeu, mas estou precisando de novos ares, porque necessito de mudanças e não adianta palavras e sim atitudes e ações.


Pra começar, algumas críticas já expostas no blog da Kel e lá fórum do Cinema em Cena.
Não se assustem com o post gigantesco, não vai ser sempre assim...



O AMOR NUNCA SE ESGOTA...


Nos últimos dias, assisti a dois filmes cuja mensagem é nos mostrar que amar ainda é bom, apesar de todos os empecilhos reais e imaginários que a vida ou nós mesmos impomos.


Brilho eterno de uma mente sem lembranças


Abençoados os que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equívocos(Nietzsche)”... "Feliz é o destino da inocente vestal/ Esquecida pelo mundo que ela esqueceu/ Brilho eterno da mente sem lembrança!(Eloisa to Abelard, Alexander Pope)...”


Difícil falar desse filme depois de ler a crítica do Krivochein, será que ele seqüestrou meus pensamentos mais íntimos? Como ele mesmo disse: “Brilho eterno...é um triunfo de direção e de estilo. Vai da direção de arte, passa pela fotografia (que estiliza um refletor acoplado a câmera!), pela trilha sonora (a cover de "Everybody's gotta learn sometimes" do Corgis, cantada pelo Beck, é uma facada no coração), um amálgama de escolhas ousadas, porém conscientes. Com o maior respeito ao que está querendo ser transmitido. A sensação passada por Brilho eterno é a de alguém que, para consolá-lo, simplesmente colocou a cabeça sobre seu ombro, sem ter que dizer nada. Não é aquele filme que te faz se acabar de chorar dentro do cinema; ele te acompanha até em casa, dorme contigo e ainda te leva café na cama a semana inteira. Um filme tanto para se admirar quanto se apaixonar. Assista ou sua vida terá sido uma experiência incompleta.”


Como falar depois desse texto? As palavras fogem e quando voltam, saem como cópia... Dirigido por Michel Gondry já conhecido da geração MTV por seus clipes geniais e escrito pelo garoto de ouro do momento de Hollywood Charlie Kaufman (um verdadeiro gênio, sempre se reinventando!!), Brilho eterno é um romance de legítima categoria, ele é como um tapa na nossa cara, nos mostra que por mais que fujamos dos relacionamentos, eles sempre estão ali na nossa frente e uma hora vamos entrar nesse jogo, por mais que não queiramos. O filme tem início com o circunspecto Joel Barish, personagem do Jim Carrey (estupendo!!), acordando deprimido e fugindo do trabalho. E ele, como todos nós, adoramos curtir uma boa fossa, um estado melancólico de ser e nada mais ilustrativo que aquela praia coberta de neve. Todavia algo aquece aquele ambiente gélido, a presença da excêntrica Clementine (Kate Winslet, excelente) que muda de visual como muda de humor e seguimos com o início de um relacionamento entre os dois. Vale ressaltar a bela cena quando estão deitados no gelo e olham pro céu, não é preciso palavras, beijos e abraços pra ter uma cena tão romântica.


Depois de uma passagem de tempo, vemos o Joel arrasado pelo término do seu relacionamento com Clementine e ao descobrir que ela apagou literalmente suas memórias relacionadas a ele em uma clínica chamada Lacuna, fica revoltado e resolve fazer o mesmo porque suportar o seu desprezo e a sua ausência são dolorosos demais. Só que ao iniciar o processo de apagar Clementine da sua vida, ele percebe que precisa até dos maus momentos pra seguir feliz, mesmo que não haja futuro, ele quer guardá-la na memória e aí entra a direção genial do Gondry ao mostrar o Joel percorrendo por áreas esquecidas das suas lembranças, como sua infância, na tentativa de fugir da sua futura amnésia.


Muitos chamam o Kaufman de estranho, surreal, mas esse é seu filme mais palpável, apesar de ser inverossímil o fato de alguém deletar uma pessoa da sua memória, isso só serve de pano de fundo pra nos mostrar como é doloroso o fim de um relacionamento e mesmo apesar desse sofrimento quase que natural para todos nós, nunca desistimos de ter alguém mesmo que ainda soframos no final só pra que em um determinado momento nos sintamos amados. Não adianta o tempo, a distância, as diferenças, máquinas que apagam nossas mentes, quando tem que ser, é. Por mais voltas que dermos, o amor verdadeiro está acima de tudo e sobrevive.


Clementine não suporta as diferenças, as brigas e apaga Joel. Quantas vezes não queremos acabar um relacionamento quando as discussões se tornam intermináveis? Foi aí que parei pra refletir sobre meu último namorado, aí fiquei pensando, será que fui como a Clementine e desisti fácil? Boas recordações não criam cicatrizes... Por que é tão comum esquecermos as boas lembranças? Para isso nem máquinas são necessárias e depois de minutos de reflexão, cheguei à conclusão que eu tentei e o sentimento estagnou-se, mas todos temos um pouco do silêncio e daquele olhar vago do Joel e também da carência escondida dentro daquela verborragia da Clementine.


Destaque para atuação dos outros atores (Mark Ruffalo, Elijah Wood, Tom Wilkinson e Kirsten Dunst (que cita umas das melhores frases do filme)) que conseguem ter presença mesmo com as atuações e a química extraordinária dos protagonistas.


Brilho Eterno nos torna crianças apreensivas na frente do padre confessando seus pecados... Faz-nos pensar em sentimentos bastante íntimos, tão sigilosos quanto o silêncio. Nunca tinha sofrido pelo término de uma relação, sempre amei unilateralmente e meu sofrimento era por não conseguir o objeto do meu desejo. O final dos meus relacionamentos era como uma garrafa de champagne aberta na virada do ano, mas isso foi até início do ano passado, quando fui dispensada sem aviso prévio. Que dor... Só queria chorar, meu peito queimava e tinha tanto ódio, estava tão amarga que não conseguia enxergar que aquela pessoa que me destruiu por dentro também foi muito legal, que tivemos momentos ímpares, que foi o mais especial de todos que passaram pela minha vida, entretanto queria me fixar na dor da perda, vangloriava minha auto-comiseração. Saí dessa situação menos romântica e mais cética, já que abortaram a menina que sonhava com um príncipe encantado, mas conseguiram brotar um pouco da mulher que sou hoje. Ainda não sei se estou no meio da estrada ou se cheguei ao fim, mas indubitavelmente não quero voltar ao início, ao complexo de Cinderela.


Brilho eterno é assim, desenterra sentimentos que nos perturbam, faz com que reflitamos nossos atos e nos mostra que vale a pena amar e que não podemos ser facilmente manipulados pelos maus momentos. Como diz aquela música do Beck nos créditos finais “Change your heart/ Look around you/ Change your heart/ It will astound you/ I need your lovin'/ Like the sunshine/ Everybody's gotta learn sometime… Aprender é amadurecer, ver Brilho Eterno não é só ver um belo romance e se emocionar, é também uma sessão de análise e das boas...



Diário de uma paixão


Relutei muito para ver esse filme, só me lembrava de uma frase de um tal Ricardo no orkut... “Karinne, beijos adocicados...” Deveria ter dito que sou diabética, uma mentirinha boba, porque odeio frases feitas ou declarações melosas, assim como filmes garapa. Antes de iniciar a sessão, pensei... mais um melodrama clichê... Começa o filme e todos os estereótipos estão ali mesmo, são inúmeros clichês: a menina rica da cidade que se apaixona pelo interiorano, os pais que não permitem o namoro, as diferenças sociais que os separam, o surgimento posterior de um personagem que criará um triângulo amoroso e ainda será quisto pelos pais da garota, as amigas liberais, o pai camarada do rapaz que provavelmente deve morrer, a separação, o reencontro... Portanto devem estar pensando que corroborei com todos meus pensamentos prévios, não é? Ledo engano... Não chega a ser nenhuma obra-prima, mas vale o ingresso.


De início, somos apresentados a um verdadeiro cartão postal, aves sobrevoam, um lago, muito verde e um belo casarão. Diante dessa beleza bucólica, surge uma senhora que admira tudo aquilo, mas não se identifica, o que percebemos nitidamente pela expressão vaga no rosto de Allie, uma senhora portadora de demência senil (a veterana Gena Rowlands em uma atuação singela e sensível). Vemos que aquele casarão é um asilo de idosos onde Allie tem a companhia constante do Sr. Calhoun (James Garner, excelente) que sempre lhe conta uma bela história romântica vivida nos anos 40, em uma cidadezinha, protagonizada por uma garota riquinha, urbana, super disciplinada (e que nem tem tempo pra uma sessãozinha de cinema!!) e um jovem morador dessa cidade que trabalha em uma madeireira. Ambos nos parecem estereotipados e são mesmo, mas a credibilidade e a sinceridade da atuação do casal (Ryan Gosling e Rachel McAdams) nos solidariza com o amor que surge, com as brigas, com a dor da separação e a felicidade do reencontro. Difícil não se apaixonar pelo casal, de ver como o Noah fica desolado após a separação e perceber nos seus gestos e atitudes aquela solidão inquietante e também de notar o eterno conflito da Allie em busca do seu auto-conhecimento.


O filme, aos poucos, vai nos mostrando que a bela história transpassa aquele caderninho do sr. Calhoun e seus personagens estão muito mais próximos do que imaginamos e acaba por nos revelar um amor maduro que supera até as barreiras da mente. Se em Brilho Eterno, há uma clínica com aparelhos que apagam nossas lembranças, em Diário de uma Paixão a própria fragilidade humana age por si só. É comovente quando a Allie se desprende das teias de sua mente à deriva e acorda para si e rever seu amado por um mínimo instante possível.


Dirigido com competência por Nick Cassavetes (filho da própria Gena e do falecido diretor John), ele dá o ritmo certo para esse romance com grande carga emotiva, que conta com uma fotografia e trilha sonoras impecáveis. Diário de uma paixão me mostrou que mesmo uma história batida, contada e recontada, ainda pode ser interessante. Ademais as imagens e os personagens podem ser mais fortes que a estória em si, capaz mesmo de operar milagres.



Olga, Denorex e pipocas crocantes


Quando li Olga, a excelente obra de Fernando Morais, pensei que nossas chances de finalmente arrematar o caneco – opa, mania de brasileiro - digo, aquele homenzinho bronzeado, seriam bastante satisfatórias. Depois de muitos percalços como a desistência da Patrícia Pillar do papel-título para se tratar do câncer, achava que o filme seria arquivado por muito tempo. Mas aí que surge o diretor global Jayme Monjardim e abraça o projeto.


Aos poucos, foram aparecendo nomes tanto para o elenco como também da equipe técnica e daí somos apresentados à roteirista Rita Buzzar... Ah, quem? Rita Buzzar, conhecem? Ela é responsável pelo roteiro da novela Ana Raio e Zé Trovão... bem, esclareceu bastante! Meu temor se iniciava e aumentava a cada dia, mas ao entrar no site do filme, tive uma bela surpresa, uma boa reconstituição da época e uma bela fotografia.


Em seguida, o trailer... E não é que aprendemos a fazer trailer igual aos americanos, porque ninguém mais que os ianques sabem fazer um condensado melhor que o prato todo.


Falando em comida, sou viciada em pipocas e não sei ver um filme sem devorá-las aos montes. Todavia, devido a escassez de cifrões na minha bolsa, elas foram cruelmente abandonadas na sessão de Olga. Por sinal, a sala estava quase que abandonada, tão vazia e felizmente silenciosa. Começa o filme e eu não conseguia tirar minha concentração do som das pipocas sendo massacradas, um som irritante apesar de aparentemente deliciosas, tal como Olga.


Apesar de uma fotografia e direção de arte impecáveis, Olga é vazio e tão superficial quanto a Paris Hilton ou a Britney Spears. O filme retrata a vida da alemã judia Olga Benário, revolucionária comunista que recebe a missão de proteger o idolatrado líder comunista Luiz Carlos Prestes em sua volta para o Brasil. Para isso, fingem que são um casal em lua-de-mel em um cruzeiro e a ficção dá início a um romance que mudaria toda vida de Olga que passa a morar no Brasil e se alia a Prestes na luta contra o governo Vargas. Infelizmente a narrativa do filme não dá o mínimo de interesse à questão política que os envolvia, querendo se focar em um romance adocicado que nunca vinga. Além da ausência de química entre Olga e Prestes, enquanto Caco Ciocler transforma Prestes em um fraco, inseguro, que nunca nos dá credibilidade da sua importância no cenário da época, Camila Morgado faz de Olga uma mulher ranzinza, com muitos cacoetes (o que dizer daquela cara de sonhadora?) e suas falas são todas discursivas, como se tivesse em todos os momentos declamando para uma platéia, excetuando duas cenas que finalmente conseguimos partilhar do seu sofrimento e que lágrimas finalmente caem. E o resto do elenco é tão artificial quanto o casal central e sua cena de sexo, bonecos de cera, corpos de porcelana, estáticos, pétreos e a melhor atuação é da garotinha Anita com seu choro e sorriso sinceros superando até a sempre correta Fernanda Montenegro.


As melhores cenas do filme se passam quando após ser presa pelo governo de Getúlio Vargas, Olga é deportada para a Alemanha e as belas e tristes imagens dos campos de concentração, a neve que cai suplantam o roteiro pífio e encontramos uma Olga mais frágil em um momento único de dor pela perda da filha, mas nada que uns minutos de projeção para voltarmos diante da Olga robótica.


Se você já temia por uma direção televisiva do Jayme Monjardim, não se preocupe, ele se supera nos planos, contraplanos, closes e quase nunca temos uma visão panorâmica da cena e a sua escolha por mostrar logo de início uma Olga careca, esquálida, nos tira o impacto que teríamos se víssemos cronológica e gradativamente sua depauperação física. O roteiro é cheio de falhas, de furos, frases feitas, muitos clichês, parecendo o último capítulo da novela Celebridades. A narração em off é tão exagerada e dispensável que quando ela é realmente necessária, perde sua força. E parece que a Rita Buzzar quis nos dar aula de História, porque seu didatismo é extremo e nos emburrece. Ademais o filme ora passa correndo por alguns fatos históricos, ora é mais lento que o Rubinho. E o temor da língua definitivamente se comprovou, um portalemão (desculpem, o neologismo), um samba do crioulo doido, Olga fala em português, outros respondem em alemão, outros falam em alemão, ela responde em português... como dizia a sábia Narcisa com aquele sobrenome complexo... “Ai, que loucura!”.


A trilha do Marcus Vianna é tão previsível e esquemática, mas diante de tantos erros não se sobressai tanto. Durante a projeção, uma cena me fez dar gargalhadas... Só faltava aquela musiquinha para que a cena de treinamento de guerra de Olga se tornasse alma gêmea da propaganda ridícula do Exército...


Olga tinha tudo pra ser um belo filme, contudo a toda poderosa Vênus Platinada ainda vai colocá-lo como nosso candidato à seleção dos filmes estrangeiros no Oscar do próximo ano. E o que acho pior é que muita gente vai sair chorando (eu chorei por apenas duas cenas díspares do restante da projeção e realmente comovem). Vão dizer que amaram o filme, porque não sabem discernir o que é novela e o que é sétima arte, porque não vão se dar conta que mesmo algumas novelas têm muito mais qualidade que essa película, uma verdadeira decepção. Os mais velhos devem se lembrar daquela propaganda do Denorex... Assim é Olga, parece mas não é!



Cazuza


Acabei de ver o filme... como posso falar mal de um filme sobre um ídolo da minha geração... Difícil discenir... o coração tenta pular as barreiras da razão... Vivido, ou melhor, encarnado literalmente pelo Daniel de Oliveira,o filme relata o início da carreira artística amadora do Cazuza no Circo Voador até a formação do Barão, com a consagração no rock in rio e sua vontade de alçar vôos mais altos com a carreira solo, interrompida por uma doença que dizima e que preconceitua as pessoas, principalmente naquela época onde ainda o AZT estava em estudos...


Cazuza é um dos maiores letristas da música popular brasileira, vc pode até falar que não gosta, mas basta ouvi-lo e vc se vê cantarolando suas diversas canções...

Pena que o roteiro prefere se fixar mais nos shows e na vida de sexo, drogas e rock n' roll que Cazuza levava, sem se aprofundar nos porquês, no âmago de sua personalidade... O filme vira mais um documentário simpático, excetuando-se a relação entre Cazuza e sua mãe (a excelente Marieta Severo) e os momentos finais entre mãe e filho são emocionantes...


Vale ressaltar a fotografia excelente do Walter Carvalho, sitentizando bem aquela vida distorcida, um pouco suja, mas libertária e irreverente dos anos 80.

Cazuza era um ser inquieto, irreverente, em busca sempre de novidade, respirava vida, pq pra ele "o tempo não pára"...

De uma fã apaixonada,
Karinne



Paixão de Cristo


Cresci vendo Rei dos Reis na sessão da tarde da Rede Globo. Era batata... Semana Santa, olha o filme... Era meu padrão de filme de Cristo e como eu venho de família bem católica, só fui ver o melhor filme sobre Jesus anos mais tarde... Não... não foi Paixão de Cristo... foi a Última Tentação de Cristo, que, segundo certas pessoas, é filme contra o Catolicismo... Puro fanatismo! É simplesmente soberbo, mas não vim aqui falar dele, deixa para uma próxima vez...


Achei muito interessante o Mel Gibson focar somente a Via Sacra, aquelas últimas horas antes da morte de Cristo, dando lampejos sobre sua vida na Terra e sua missão de fé e paz entre os homens. Mas será que para o jovem que se depara pela primeira vez com um filme sobre Cristo, vai entender a missão dele somente pelos últimos momentos da sua vida? Talvez sim, talvez não... A narrativa cronológica é interessante, mas já bastante abordada... Por outro lado, os lampejos descritos no filme são de momentos preciosos, de grande magnitude e importância como o sermão da montanha, a última ceia, a tentativa de apedrejamento de Maria Madalena...


Vivemos numa época em que o visual, a estética, o superficial é muito mais valorizado que qualquer indício de profundidade... O filme tem uma violência gratuita e desnecessária... será que para eu saber que Cristo sofreu, preciso vê-lo banhado em sangue, enumerar quantas chibatadas ele levou? Será que precisamos ser igual a São Tomé e tocar nas chagas de Cristo para saber que ele morreu e ressuscitou? Todavia a juventude de hoje necessita desse apelo visual... Talvez seja dessa forma que o Mel Gibson tentou atingi- los... "Olhem Cristo, vejam como sofreu... sintam aquela chicotada nele, ele caindo sobre a cruz, seu braço dilacerando-se, seu olhos de vermelho sangue, tremam quandos os espinhos cravam sua face..." A trilha do filme é belíssima e em relação as atuações, o Jim Caviezel faz um trabalho contido e convincente... mas não gosto quando um filme dá mais importância à estória do que os personagens que a constroem... os apóstolos são meros coadjuvantes, ainda menos importantes que Maria Madalena encarnada pela belíssima Monica Belucci... Sei que a história de Cristo é mais importante do que ele mesmo, que a de Maria, a de João, a de Pedro, a de Judas, mas em um filme tem que haver uma simbiose.... Os sacerdotes judeus são personagens rasíssimos, são cruéis porque são cruéis, são sádicos... Por quê??? Não acho o filme anti-semita, mas o acho unidimensional. Excetuo neste ponto a maneira como foi conduzida a personalidade de Pilatos, uma pessoa alheia a tudo, mas que se vê numa sinuca de bico... Libertar um homem que se considera filho de Deus e denominado rei dos judeus ou tornar sua vida política um inferno? O que você, o que nós faríamos? Ele se omitiu...fez o possível, mas não o impossível, entendem? Ele é real, é de carne e osso, é verossímil.


O filme tem cenas belíssimas como o encontro de Maria junto a cruz com Cristo, lembrando quando ela ainda podia salvá-lo de um tombo e não de um sacrifício em prol da humanidade... Ali não é só Maria, estão inseridas minha mãe, sua mãe, nossa mães que fazem de tudo para nos proteger e da dor profunda e inconsoladora diante do conformismo de não poder fazer nada diante da miséria, da injustiça, da guerra, das doenças, acidentes, drogas... Outra cena marcante denota a fraqueza, a facíl persuasão do ser humano, um dia Cristo passa glorificado e reverenciado por ramos e o mesmo povo setencia seu destino... Como somos facilmente manipuláveis... como a opinião geral sufoca um pensamento... É a escravidão da moda, da cirurgia plástica, é o estilo de uma música horrorosa tocada nas rádios, é um programa onde o clímax é uma mulher ignorante simulando orgasmo, é um prepotente presidente que tem money que pisa nos menos favorecidos e constrói uma guerra para satisfazer seu ego, seu próprio sadismo.


Porém a cena mais bela, é da Ressurreição, não precisou de palavras, de mais detalhes, nada... Deus vive, ele é maior que todos nós, mas vive por nós...


Por fim, sabemos toda história de Cristo... crescemos lendo, ouvindo, estudando nas aulas de religião, mas será esse real motivo porque não chorei durante toda a projeção? Admito que sou uma maria chorona, que minhas lágrimas ainda vão acabar com a seca da minha terra (nem tanto...), mas neste filme o máximo conseguido foram olhos marejados... Olhava pro lado e nunca vi ninguém soluçar daquele jeito... por que ele chorava tanto ao ponto de esconder a face com as mãos? Por que a fé dele é tão maior que a minha? Será que é simplesmente um reflexo do que sou... incrédula,gélida... Nunca vi uma pessoa chorar tanto em um filme, a ponto de não querer tecer nenhum comentário e apenas aproveitar plenamente aquela experiência única... mas porque não sentia o mesmo??? Estou a descobrir... E é isso que torna o cinema tão maravilhoso e interessante, além de diversão, ele nos faz pensar, contestar, discutir, relutar, pesquisar e talvez muitas pessoas estejam agora tirando da estante velha aquele livro, empoeirado, que antes servia apenas como decoração, um artefato, para dar uma lidinha... Já valeu a pena!


Por hoje é só (só não né?? foi mtooo!!).
Depois escrevo algo novo...


HASTA!