fevereiro 28, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 25)


HOLA!


THE 80'S MOVIES


Pipoca, refrigerante e... sessão da tarde!!


Sessão da tarde... filmes leves, despretensiosos que regrados com uma boa pipoca e uma boa dose de coca-cola, refrescava qualquer mente estressada...

Os filmes voltados para o público infanto-juvenil nos anos 80 tornaram-se referência para os filmes que passam na sessão da tarde da Rede Globo, um novo subgênero cinematográfico. Garotas virgens, apaixonadas, nerds gamados pela garota mais popular, pitboyzinhos mandando ver, vampiros, lobisomens soltos, vítimas estúpidas, heróis sortudos e espertos, muito besteirol, muita gente bagunceira, muita love story, muito baile de formatura, muita ação e golpes de kung fu, karatê, qualquer arte marcial. Chuck Norris era o cara assim como Eddie Murphy. Todo mundo era um ás na dança e meio cientista maluco. Extra-terrestres amigos (Starman, E.T.), monstros, feiticeiros, samurais, cabeças de medusas, fantasmas eram personagens freqüentes. "Sexo, sexo, sexo, sexo, sexo..." Idéia fixa... Com ou sem amor, mas com sexo! American Pie teve ótimos pais! Magia, conto de fadas, viagens, tempos futuros ou passados, galáxias... Família, aventuras, amores impossíveis, o valor de uma amizade... Alguns filmes até sobrevivem sem o rótulo de sessão da tarde, outros são apadrinhados por nossas mentes saudosas e até se tornam agradavelmente assistíveis. Sessão da tarde é realmente um subgênero dos bons!



Águia de aço (1986): "Um piloto da Força Aérea Americana é abatido em uma missão perto da fronteira de um país do Oriente Médio. Ele acaba se tornando prisioneiro e, após um rápido julgamento, é condenado por espionagem, sendo enforcado em três dias. Assim, seu filho adolescente Doug Masters (Jason Gedrick), é ajudado por seus amigos e elabora um arriscado plano, que consiste em pegar dois jatos da Força Aérea fortemente armados para resgatar seu pai. Para esta missão ele convence o coronel Charles "Chappy" Sinclair (Louis Gossett Jr.), um piloto de caças reformado, para ajudá-lo na missão".

Comentando: divertida sessão pipoca estilinho TOP GUN, boas cenas de ação (as cenas aéreas são 10) e a presença do ótimo Louis Gossett Jr são os únicos aperitivos desse filme cuja história é totalmente sem lógica.

TOP GUN - Ases Indomáveis (1986): "Pete Mitchell (Tom Cruise), um jovem piloto, ingressa na Academia Aérea para se tornar piloto de caça. Lá se envolve com Charlotte Blackwood (Kelly McGillis), uma bela mulher, e enfrenta um competidor à sua altura (Val Kilmer)".

Comentando: filme dirigido por Tony Scott e que consolidou a carreira de movie star de Tom Cruise. Bom entretenimento, com ótimas cenas aéreas. Uma bela vista aérea, panorâmica e em close da beleza, dos olhos perfeitos, do corpo sarado do "Take my breath away" Tom Cruise (péssimo trocadilho :P). Tinha também para os marmanjos a beleza (já não mais existente) de Kelly McGillis. Ademais alguns atores que se tornariam astros também participaram do filme: Val Kilmer, Meg Ryan e o eterno doutor Anthony Edwards.

Sem licença para dirigir (1988): "Les e Dean são típicos adolescentes americanos que não imaginam a vida à pé. Tudo que eles querem é tirar logo a carteira de motorista e sair com as garotas. Les é reprovado no exame, mas mesmo assim sai com o carro do avô, numa noite inesquecível".

Comentando: mais um filme estrelado pelos Coreys (Haim e Feldman), ídolos dos anos 80, que também trabalharam juntos em Os Garotos Perdidos. Esse filme analisa uma pessoa como eu: "barbeiros" natos! Comediazinha bobinha, mas divertidinha e só!

Tudo por uma esmeralda (1984): "Joan Wilder (Kathleen Turner) é uma escritora que vai ajudar a irmã que foi seqüestrada na Colômbia. Sua irmã será morta, caso ela não leve um mapa que mostra a localização de um certo tesouro. Enquanto tenta cumprir a exigência conhece Jack Colton (Michael Douglas), um aventureiro e mercenário que a ajuda e por quem se apaixona. Juntos, os dois se envolvem em diversas aventuras."

Comentando: tem vários "quês" de Indiana Jones. Dirigido por Robert Zemeckis, é um clone bem legal, com muita aventura e uma química divertidíssima entre Kathleen Turner e Michael Douglas, além de contar com o impagável Danny DeVito.

Os fantasmas contra-atacam (1988): "Uma divertida trama na véspera de Natal, põe Frank Cross (Bill Murray) numa fantasmagórica armadilha do tempo, nessa hilariante versão de Um Conto de Natal, do romancista Charles Dickens (1812-1870). Cross, que fez uma meteórica carreira de entregador em uma rede de televisão para o cargo de presidente, é cruel, maldoso, desprezível e tem um sádico senso de humor, qualidades perfeitas para um mercenário moderno. Antes que a noite termine, ele receberá a visita de um maníaco motorista de táxi vindo do passado, de uma fadinha que adora gafes e, finalmente, de um monstruoso mensageiro sem cabeça e com sete pés que chegou do futuro. Esses três fantasmas (o do Natal Passado, Presente e Futuro) o avisam para ele estar atento a tudo que eles mostrarem, pois esta é a única oportunidade de Frank se salvar."

Comentando: ótima comédia dirigida por Richard Donner estrelada pelo (eu amo esse cara!) Bill Murray. Tudo bem que esse conto do Charles Dickens já foi contado e recontado diversas vezes, inclusive pelo Renato Aragão, mas aqui tem um humor negro, meio sarcástico e o cinismo maravilhoso do Bill. Eu adoro aquele motorista de táxi totalmente maluquete!

Eu ainda vou postar um comentário sobre Ghostbusters, mas tinha que fazer uma homenagem colocando a fotita dele. Eis Slimer, ou melhor, Geléia. Será que foi por culpa dele que se tornou febre entre a criançada a Geleca (aquela geleiazinha de brinquedo)?

O estranho mundo de Jack (1993): "Jack Skellington, o rei da cidade do Halloween, decide espalhar a alegria do Natal por todo o mundo. Mas sua bem-intencionada missão acaba deixando o Papai Noel em perigo e cria um pesadelo para as crianças do mundo inteiro! Quem salvará o Natal? Fábula natalina ao estilo de Tim Burton, mostra monstro da terra do Halloween tentando reproduzir o natal em sua cidade. Nem que para isso precise seqüestrar o Papai Noel."

Comentando: foi um lapso, mais uma vez minha mente esclerosada pensou que essa ótima animação era dos anos 80, mas que Tim Burton tem maior cara de anos 80, isso é inegável. Talvez eu tenha essa idéia, já que incluí seu outro filme Edward, mãos de tesoura, por causa do seu visual bem anos 80. Sou apaixonada pelo Tim Burton e a parceria dele com o Danny Elfman é quase sempre perfeita. Adoro a direção de arte e os figurinos da maioria do seus filme: um ambiente sombrio, nebuloso, visual dark, personagens tristonhos, soturnos. O próprio Tim Burton parece com muitos dos seus personagens. Essa animação foi o primeiro musical animado em stop-motion. Danny Elfman não só compôs as canções e a trilha, como também criou as letras e cantou na voz de alguns personagens (Jack e um dos meninos do Bicho Papão). Uma trilha complexa e diversa contando às vezes com um instrumento, outras vezes com uma orquestra inteira, além de corais. As letras das canções foram muito bem criadas por Elfman, com algumas surpresas fantásticas e perversas em algumas delas. Adoro conto de fadas às avessas e que, no final das contas, quer nos dar a mesma lição de moral que aqueles bonitinhos feitos para toda a família.




O primeiro ano do resto das nossas vidas (1985): O que fazer com o diploma? Mero figurante ou nosso melhor amigo? Falando em amigos, eles duram para sempre?

O céu se enganou (1989): Eu não sei o que é que deu nos roteiristas nos anos 80 pra fazerem tantos filmes em que a pessoa toma lugar da outra ou que o espírito literalmente baixa em outra pessoa. Até hoje encontramos filmes com essa premissa, parece que dá bilheteria... Já esse filme em questão, conta a história de Louie (Christopher McDonald) que morre em um acidente de carro deixando viúva sua esposa Corrine (Cybill Shepherd) que está no estado literalmente grávida. Louie reencarna como Alex Finch (Robert Downey Jr.) e vinte anos depois o destino o faz conhecer e se apaixonar por Miranda (Mary Stuart Masterson), o que seria a sua própria filha (?). Apenas quando Alex conhece Corrine, mãe de Miranda, é que as memórias de sua vida passada começam a voltar e a confusão começa. Bonitinho e facilmente esquecível.

Te pego lá fora (1987): Se Buddy Revel, o cara mais durão e fortão da escola que todos temem, falasse que ia te pegar lá fora na hora da saída para te dar umas porradas, o que você faria? Jerry é um garoto normal, fraco, nem um pouco durão e um tanto covarde. Que longas horas até o sinal bater e voce ter que sair da escola, não? É mais fácil acertar que vai passar esse filme na TV em algum dia da semana do que ganhar na Mega Sena. Quando vejo a cara de retardado do mané que se mete com aquele pitboyzão com cara de tão ou mais retardado que o nerd, desligo a TV na hora. Odeio esse filme!




O último americano virgem (1983): era assíduo freqüentador do Cinema em Casa do SBT. É divertido, besteirol adolescente puro nos estilo de Porky's, contudo se olharmos melhor, é um filme hiper triste. Gary (Lawrence Monoson) é apaixonado por Karen (Diane Franklin) que, por sua vez, é apaixonada por Rick. Quando Rick engravida Karen e cai fora, o sensível Gary resolve ajudá-la de todas as maneiras, torra suas economias para que ele aborte o filho e ainda compra presentes para ela. Quando Karen melhora, adivinhem? Volta pros braços do cafajeste (mulher, às vezes (ou muitas vezes?) adora esses tipinhos...) e deixa o pobre Gary chupando o dedo. Tem umas cenas bem engraçadas envolvendo uma prostituta e uma certa doença sexualmente transmissível, mas o seu final é triste, inesperado para alguns, mas completamente sincero e verdadeiro. Não é um filme soberbo, mas cumpre muito bem seu papel.

A vingança dos nerds (1984): Eu sou nerd? Fiz um desses inúmeros testes espalhados pela net e em todos o resultado deu positivo? Verdadeiro-negativo? Não pode... odeio nerds! Deve ser esse motivo que nunca gostei desse filme. A história de um grupo de nerds revoltados indo à forra e se vingando de todos realmente não me apeteceu.

Porky's (1982): "No sul da Flórida, em 1954, Pee Wee (Dan Monahan), Billy (Mark Herrier), Tommy (Wyatt Knight) e Mickey (Roger Wilson) têm de enfrentar quatro dolorosos anos na Angel Beach High School. Mas as atividades escolares e esportivas estão em segundo plano, pois o principal interesse deles é sexo. Assim, a vida deles consiste principalmente em observar as garotas no chuveiro e transformar em um inferno a vida dos seus professores, mas são sempre perseguidos por Beulah Balbricker (Nancy Parsons), a professora de ginástica. Acabam indo ao Porky's, um misto de cabaré e bordel onde o dono (Chuck Mitchell) arrumará uma prostituta por um preço razoável. Mas Porky pega o dinheiro deles e os joga em um pântano, com os jovens prometendo se vingar. Mas isto não é fácil, pois o xerife Wallace (Alex Karras) é irmão de Porky e só esquecendo suas diferenças pessoais (um deles é judeu, mas não é totalmente aceito) eles poderão derrotar Porky e sua gangue."

Comentando: Pee-Wee ou sua tosca tradução, Pequeno, e sua trupe tentando ter aventuras sexuais de qualquer jeito. Todos os filmes da série (Porky's 2 - O Dia Seguinte (1983) e Porky's Contra-Ataca (1985)) são engraçados, mas as continuações são fracas. O subtítulo do primeiro filme em português que era medonho: Porky's - A Casa do Amor e do Riso.

Picardias estudantis (1982): "Comédia com elenco de futuros astros que narra o dia-a-dia dos estudantes de um colégio californiano. Sean Penn rouba a cena como o aluno drogado. O roteiro é do estreante Cameron Crowe (futuro diretor e ganhador do Oscar de roteiro por Quase Famosos), que se disfarçou de aluno de colégio para trazer uma trama recheada de sexo, drogas e rock".

Comentando: Sean Penn é foda, mesmo como um surfista lesado provando tudo que é droga. E Cameron Crowe (diretor dos ótimos Vida de Solteiro e Quase Famosos) é um dos roteiristas mais pops e divertidos que conheço. Gostei bastante de um texto que o Ruy Gardnier da Contracampo colocou na sua crítica sobre o filme: "Picardias Estudantis não é um filme simplesmente exploratório, à maneira dos filmes adolescentes do estilo Porky's; está, inclusive, muito mais para o retrato de uma geração, o que ele consegue ser impressionantemente bem (Cameron Crowe, como a heroína de Nunca Fui Beijada, volta à escola colegial disfarçado de aluno para escrever o roteiro do filme). Além de fazer um honesto retrato da sexualidade adolescente, toca em outros tópicos fundamentais da época, como a afluência dos jovens ao shopping center como novo local de agregação social, os empregos de meio-expediente, a relação com as drogas, o aborto como a solução a uma gravidez indesejável e fora de hora... Mas em relação à polêmica, Picardias Estudantis é uma espécie de anti-Kids, o provocador filme de Larry Clarke. Ao contrário de Kids, onde os personagens só existiam a fim de animar o retrato apocalíptico (e, no limite, profundamente moralista) que seu diretor realizava, Picardias Estudantis dá vida a seus personagens porque sim, porque não os considera a partir do certo e do errado, mas de suas vivências particulares, além do bem e do mal. A diretora se coloca ao mesmo nível dos personagens, não se coloca como controladora de seus passados, presentes e futuros. Ela não sabe mais ou menos do que eles. E essa entrega faz de Picardias Estudantis, mais do que tudo, um filme apaixonante."

Não acabou por aqui, ainda tem muito mais...

Obs: Agradeço ao site Adoro Cinema pelas sinopses gentilmente roubadas.



HASTA!

fevereiro 25, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 24)


HOLA!

THE 80'S MOVIES


Encontrei este texto em um site aqui da net chamado =[Cinescópio]= e gostei tanto que resolvi postá-lo. Ele traz um panorama bem interessante sobre o cinema durante os anos 80.



A HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL
Os inexperientes, os ascendentes e os adolescentes

Nelson Pereira dos Santos


Os Estados Unidos revelaram alguns cineastas de relativo talento que deram certa esperança à produção de filmes ao aliar a criação sofisticada com o lado comercial. Nessa renovação surgiram cineastas como Lawrence Kasdan, Corpos Ardentes (1981); Paul Schrader, Gigolô Americano (1980), e Oliver Stone, Platoon (1986). Todos eles haviam sido roteristas de prestígio que, ao experimentarem a direção, obtiveram grande sucesso.

Dentre os atores que prosperaram atrás das câmeras podem ser citados Robert Redford, Gente Como a Gente (1980) — Oscar de Melhor Diretor e Ator Coadjuvante para Timothy Hutton —; Burt Reynold, Caçada em Atlanta (1981); Warren Beatty, Reds (1981) e Barbra Streisand, Yentl (1983).

Outros cineastas mantiveram sua produção regular, crescendo junto à crítica e ao público. Destacaram-se, nesse período, Martin Scorsese, O Touro Indomável (1980) e A Última Tentação de Cristo (1988); Brian De Palma, Vestida Para Matar (1980) e Dublê de Corpo (1984); David Lynch, O Homem Elefante (1980) e Veludo Azul (1986); Woody Allen, A Rosa Púrpura do Cairo (1985) e Hannah e Suas Irmãs (1986); Spike Lee, único cineasta negro dentre tantos brancos, que impressionou com Faça a Coisa Certa (1987).

Francis Ford Coppola — que já havia feito Apocalipse Now (1979) — reforçou a tendência da década de criticar o ideal de vida norte-americano, apresentando em Vidas Sem Rumo (1980) e O Selvagem da Motocicleta (1984) a corrosão do sistema social por meio da visão de personagens adolescentes.

Essa censura ao American way of life mostrou-se mais abundante em filmes como Picardias Estudantis (1982), de Amy Heckerling; Admiradora Secreta (1985), de Robert Greenwalt; Gatinhas e Gatões (1984) e Clube dos Cinco (1985), ambos de John Hughes, e Diga Qualquer Coisa (1989), de Cameron Crowe. Estes, entre outros mais ou menos famosos, trazem o cenário escolar como pano de fundo para a exposição de conflitos aparentemente juvenis, proporcionando o questionamento do que é imposto pela sociedade: o belo, o rico e o popular são sempre capazes (leia-se "manter as aparências está acima de tudo na vida").

EUROPA

Na França, Diva (1982), de Jean-Jacques Beineix, é o marco de uma nova tendência do cinema francês que passou a realizar, neste período, filmes com padrão hollywoodiano. Este filmes tinham o formato de um videoclipe, ou seja, muitas vezes a estética visual encobria a deficiência do roteiro. Nesta corrente, destacaram-se Leos Carax, Sangue Ruim (1986), e Luc Besson, Subway (1985) — o mais bem sucedido de todos — que viria fazer carreira em Hollywood.

Neste período, porém, cineastas como Claude Chabrol, Os Fantasmas do Chapeleiro (1982) e Um Assunto Para Mulheres (1988); Michel Deville, Perigo do Coração (1985) e Uma Leitora Muito Particular (1988); Bertrand Tavernier, A Lei de Quem Tem o Poder (1981) e Por Volta da Meia-Noite (1986); Jean-Luc Godard, Prenome Carmen (1983) e Je Vous Salue Marie (1985); Bertrand Blier, Meu Marido de Baton (1986), entre outros, deram certa qualidade artística à produção francesa.

Já na Itália, destacaram-se Francesco Rosi, Três Irmãos (1980); os irmãos Taviani, A Noite de São Lorenzo (1981); Marco Ferreri, Crônica de Um Amor Louco (1982); Federico Fellini, E La Nave Va (1983); Ermano Olmi, A Lenda do Santo Beberrão (1988) — Melhor Filme no Festival de Veneza; Maurízio Nichetti, Ladrões de Sabonete (1989), e Giuseppe Tornatore, Cinema Paradiso (1989) — Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Na Espanha, Carlos Saura inicia sua parceria com Antonio Gades e realiza a trilogia "Música-Cinema", com Bodas de Sangue (1981), Carmen (1983) e Amor Bruxo (1986), com o qual obtém grande sucesso de público — embora a crítica não tenha sido unânime quanto ao resultado final.

Neste período, surgiu aquele que seria o grande talento do cinema espanhol da atualidade: Pedro Almodóvar, que obteve reconhecimento internacional com A Lei do Desejo (1986) e a consagração com Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos (1987).

CINEMAS DE DESTAQUE

Na Argentina, a década de 80 não poderia ser melhor. Seu cinema renasceu a partir do enorme sucesso de dois filmes: A História Oficial (1985), de Luis Puenzo — que recebeu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro — e Tangos, O Exílio de Gardel (1985), de Fernando E. Solanas — premiado nos festivais de Veneza, Havana e Biarritz, entre outros. Ambos tinham como tema o doloroso período de ditadura pela qual a Argentina passou e que manchou sua história. No filme de Puenzo, a abordagem foi mais realista. Em contrapartida, Fernando Solanas optou por uma linguagem metafórica, sem emitir algum julgamento, deixando para o público o veredito final.

No Canadá, David Cronenberg chamou atenção ao realizar obras perturbadoras como Scanners (1981), Videodrome (1982) e Gêmeos, Mórbida Semelhança (1988). Já Denys Arcand abordou temas existenciais com componentes sócio-político em O Declínio do Império Americano (1986) e Jesus de Montreal (1989).

Outro cinema que se destacou neste período foi o australiano. Mad Max (1980) e As Bruxas de Eastwick (1987), de George Miller, além de A Testemunha (1985) e Sociedade dos Poetas Mortos (1989), de Peter Weir, tornaram a Austrália conhecida no mundo todo.

Até mesmo a Dinamarca renasceu neste período, chegando a conquistar prêmios internacionais com Pelle, o Conquistador (1987), de Bille August — ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Palma de Ouro em Cannes —, e A Festa de Babette (1988), de Gabriel Axel — vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A Inglaterra também viveu um bom momento nos anos 80, quando realizou seu cinema de vigor encabeçado por Stephen Frears, Minha Adorável Lavanderia (1985), um marco do novo cinema britânico. Bill Forsyth, Momento Inesquecível (1983); Derek Jarman, Caravaggio (1986); Neil Jordan, Mona Lisa (1986), e Peter Greenaway, O Sonho de um Arquiteto (1987), reforçaram o time de cineastas que fizeram o cinema britânico despontar no cenário mundial.


HASTA!

fevereiro 23, 2005

SAUDADE DOS 80 (epílogo)

HOLA!


Por fim, acho que me estendi demais nessa minha nostalgia, admito a prolixidade em quase todos os textos, mas foi muito prazeroso, pelo menos, pra mim (tirando a chatice de catar as fotos, montar e procurar nomes de ator, diretor, personagem, ano do filme etc...). Não se preocupem, não vou voltar a postar sobre "anos 80" nos próximos e longínquos posts e vou procurar fazer posts mais curtos, mas antes pra não perder o costume :P...

Um não tão breve sumário do que aconteceu nesse blog nos últimos 3 meses:

Fatos que marcaram os anos 80: tudo bem, o Brasil ainda continua o país da corrupção, das injustiças sociais, da violência urbana cada vez mais crescente e os anos 80 contribuiu com isso. Mas ainda tivemos as Diretas Já que, queira ou não, foi o marco para o processo de democracia por nós perdida. Ainda não sabemos votar, contudo, ao menos, eu prefiro que os erros sejam meus a de outrem. No mundo tivemos que tolerar a prepotência de duas nações durante a Guerra Fria e aplaudir a queda do Muro de Berlim em 1989. Muitas lembranças: Challenger, Chernobyl, Halley, Césio, o time perfeito de futebol que perdeu em 1982, outros esportes que se destacaram como o basquete, vôlei e atletismo e muito mais...

Bons vícios dos anos 80: lollo, surpresa, galak, dip n'lik, danoninho (ou chambinho), yakult, chicletes mini, geléia Mocotó, pirocóptero, ploc, taí, fanta, coca em miniatura, álbuns de figurinhas, papéis de carta, borrachas cheirosas, Coleção Vaga-Lumes, Vivi Pimenta, A marca de uma lágrima, Homem-Aranha, Turma da Mônica, diários de perguntas e respostas, elástico, bafo, stop (ou adedonha), Caloi, Barbie, genius, war, cara a cara, jogo da vida, banco imobiliário, Turma da Moranguinho, geleca, playmobil, ferrorama, autorama, luxo, pula-pirata, aquaplay, detetive, perfil, atari, master system, pac man, enduro, pitfall, river raid, caderno Companheiro, papel pautado, caneta de 4 cores, caneta kilométrica, Barsa, pastas Company, Capricho, Veja, SET, Manchete, BIZZ, Scooby Doo, Olho Vivo e Faro Fino, Manda Chuva, Zé Colméia, A Guerra das Galáxias, Pepe Legal e Babalu, Frajola e Piu Piu, Capitão Caverna, Superamigos, Coelho Ricochete, Dick Vigarista, Penélope Charmosa, Mutley, Gargamel, Smurfs, Thundercats, He-man, She-ha, Silverhawks, Johnny Quest, Herculóides, Defensores da Terra, Turma da pesada, Cavalo de Fogo, Caverna do dragão, Os caça-fantasmas, Jem, Jetsons, Flintstones, Super-mouse, Corrida Maluca, Jaspion, Chageman, Sítio do Picapau Amarelo, Bambalalão, Balão Mágico, Plunct Plact Zuuum, Daniel Azulay, Armação Ilimitada, TV Pirata, Chacrinha, novelas, relógios champion, polainas, gel nos cabelos, leggings, franjas punk, bijouterias, calças baggy e semi-baggy, cós alto, stretch, ombreiras, Princesa Diana, vhs, fitas K7, walkman, Anos dourados, Anarquistas graças a Deus, Grande Sertão Veredas, Que Rei Sou Eu?, Vale Tudo, sessão da tarde, seriados americanos (Ilha da Fantasia, Profissão Perigo, Manimal, Dallas, Hulk, As Panteras, Miami Vice, Anjos da Lei, O Super Herói Americano, A gata e o rato etc), aeróbica, videoclipes etc.

Música anos 80 : Rock na veia!!! U2, R.E.M., Queen, The Smiths, Madonna, Cyndi Lauper, A-HA, The Cure, Michael Jackson, Tears for fears, Echo & The Bunnymen, Duran Duran, Tina Turner, Simple Red, Simple Minds, Whitesnake, New Order, Marillion, Oingo Boingo, The Pretenders, Information Society, Erasure, Eurythmics, Depeche Mode, Dire Straits, Prince, Boy George, B-52, Guns, Blondie, Pet Shop Boys, Legião, Paralamas, Lulu Santos, R.P.M., Capital Inicial, IRA, Barão Vermelho, Cazuza, Kid Abelha, Plebe Rude, Nenhum de Nós, Lobão, Metrô, Marina, Ritchie, Léo Jaime, Blitz, Magazine, Grafite, Ultraje a rigor, Zero, Engenheiros etc.

Eu sou anos 80: Garotinha Nhac Nhac da Claybom, Fernandinho da USTOP, homenzinho azul dos contonetes da Johnson & Johnson, a ninfeta do primeiro sutiã da Valisére, TV Mulher, Brooke Shields em A Lagoa Azul, Tom Cruise tanto em Top Gun como em Negócio Arriscado, Brat Pack, John Hughes, E.T., Indiana Jones, Goonies, De volta pata o futuro, Garotos Perdidos, Conta Comigo, Sociedade dos Poetas Mortos, Exterminador do Futuro, Caça-Fantasmas, Blade Runner, Poltergeist, Star Wars, Roger Rabbit, Molly Ringwald, Ferris, filmes de terror, Odete Roitman, Xuxa, Bozo, Chacrinha, Radical Chic, Anne Ramsey (Mama Fratelli), Miéle, Araken etc

Deixaram saudades nos 80: Garrincha, Elis Regina, Lauro Corona, Raul Seixas, Nara Leão, Clara Nunes, Henfil, Yara Amaral, Janete Clair, Dina Sfat, Hélio Pellegrino, Leon Eliachar, Tancredo Neves (resolvido o mistério: não era diverticulite nem mesmo as especulações geradas na época e sim um leiomioma infectado de mais de um ano que se agravou com obstrução intestinal e posteriormente com SIRS (Síndrome da resposta inflamátoria sistêmica) que era desconhecida na época), Vinícius de Morais, Gilberto Freyre, Sérgio e Aurélio Buarque de Hollanda, Drummond, Glauber Rocha, Truffaut, Hitchcock, Cary Grant, Fred Astaire, Henry Fonda, Ingrid Bergman, John Belushi, John Matuszak (o Sloth de Os Gonnies), Laurence Olivier, Orson Welles, Rita Hayworth, Richard Burton, Steven McQueen, Yul Brynner, Akira Kurosawa, Bob Fosse, Franklin J. Schaffner (diretor de Patton e o original O Planeta dos Macacos), John Huston, Lewis Milestone (diretor de O Grande Motim e o original Onze homens e um segredo), Luis Buñuel, Otto Preminger, Sergio Leone, Lucille Ball (do seriado I love Lucy), Vincente Minnelli, William Wyler, Grace Kelly, Heather O'Rourke, Dominique Dunne, Tex Avery (o pai das animações da Warner), Bob Marley, William Holden, Philip K. Dick, Romy Schneider, Karen Carpenter, David Niven, Andy Kaufman, John Lennon, Mae West, Natalie Wood, Jean Paul-Sartre, Jean Piaget, Peter Sellers, Rock Hudson, Anne Baxter, Ray Milland, James Cagney, Andy Warhol, Randolph Scott (famoso ator de westerns), Geraldine Page, Hermione Gingold, Lee Marvin, John Cassavetes, Elizabeth Hartman, Bette Davis, Samuel Beckett, Guy Williams, Irving Berlin, Lee Van Cleef, Hal Ashby, Anne Ramsey, Roy Orbison, Jon Erik-Hexum (belísssimo ator do seriado Voyagers), Marvin Gaye, Johnny Weissmuller, Michel Foucault, Indira Gandhi, Peter Lawford, Sam Peckinpah, Ruth Gordon, Simone Signoret, Dennis Wilson (Beach Boy), Robert Aldrich (diretor de What ever happened to Baby Jane?), Buster Crabble, Gloria Swanson etc.


THE 80'S MOVIES



BOX-OFFICE TOP TEN FILMS OF THE 1980s:

  • E.T.: The Extra-Terrestrial (1982)
  • Return of the Jedi (1983)
  • The Empire Strikes Back (1980)
  • Indiana Jones and the Last Crusade (1989)
  • Rain Man (1988)
  • Raiders of the Lost Ark (1981)
  • Batman (1989)
  • Back to the Future (1985)
  • Who Framed Roger Rabbit (1988)
  • Top Gun (1986)


Filmes que me esqueci de falar ou que falei e nem lembro mais
: Casualities of War (De Palma); Faça a coisa certa (Spike Lee); The Fabulous Baker Boys (com Michelle Pfeiffer e os irmãos Bridges); Tempos de glória (dirigido por Edward Zwick e estrelado por Denzel Washington (que levou o Oscar de ator coadjuvante) e Matthew Broderick); Henrique V; Meu pé esquerdo; Baby, It's You; The Big Chill (Lawrence Kasdan); The dresser; El Norte; Ishtar; Beaches (Gary Marshall); Local hero; Bull Durham; A Cry in the Dark; Ligações Perigosas (Stephen Frears); Dead Ringers (Cronenberg); Gorillas in the Mist; High Hopes (Mike Leigh); Married to the Mob (Jonathan Demme); Midnight Run; The Unbearable Lightness of Being (Philip Kaufman); National Lampoon's Vacation (Harold Ramis); The Right Stuff (Philip Kaufman); Silkwood (Mike Nichols); Sudden Impact (com Clintão!); Tender Mercies; O ano em que vivemos em perigo (Peter Weir); Yentl; The used cars (Zemeckis); The Big Easy; The Dead; Esperança e glória (belo filme!); Moonstruck (Norman Jewison); Near Dark; No way out; Nuts; Roxanne; The Stepfather; Arizona nunca mais (acho que eu falei dele...); Três solteirões e um bebê; Tin Men (Barry Levinson); Wall Street (dirigido por Oliver Stone e Oscar de melhor ator para Michael Douglas pela sua perfomance); The Stunt Man; Stir Crazy (dirigida pelo ator Sidney Poitier); The Return of the Secaucus Seven; Melvin and Howard; The Long Riders; The Long Good Friday; Heaven's Gate; Gregory's girl; Coal Miner's Daughter; The Big Red One; Atlantic City (Louis Malle); Arthur; Excalibur; Gallipoli (Peter Weir); My Dinner with Andre (Louis Malle); On Golden Pond; Ragtime (Milos Forman); Reds (Warren Beatty); Children of a Lesser God; Diner (Barry Levinson); Eating Raoul; Moonlighting; An Officer and a Gentleman; The road warrior; The Verdict (Sidney Lumet); The World According to Garp (George Roy Hill); The Hitcher; Manhunter (Michael Mann); Mona Lisa (Neil Jordan); My Beautiful Launderette (Stephen Frears); A Room with a View (James Ivory); Ruthless People (o trio parada dura Jim Abrahams, David Zucker, and Jerry Zucker); Something wild (Jonathan Demme); The Bounty; Choose me; A Passage to India (David Lean); Places in the Heart; A Soldier's Story (Norman Jewison); This is Spinal Tap (Rob Reiner); The Emerald Forest; Pee-Wee's Big Adventure (Tim Burton); A honra do poderoso Prizzi (John Huston); The Trip to Bountiful; Witness (Peter Weir) etc.


Acabei de me lembrar do lapso de memória que tive ao deixar de comentar no post sobre cinema nacional in 80's sobre o filme Gaijin - Caminhos da Liberdade (1980), dirigido por Tizuka Yamasaki. Um belo e sensível filme sobre uma família de imigrantes japoneses que vieram para o Brasil para serem lavradores, buscando a tal prosperidade. Todavia, encontram sofrimento e penúria. Uma das cenas que mais me marcou - spoiler!- foi o suicídio de uma das personagens que não agüentava mais viver longe do Japão. Essa personagem vestiu seu melhor quimono e se enforcou dizendo que via novamente o Mar do Japão. Pena que a Tizuka errou, de forma copiosa, a mão depois desse ótimo filme, mas ainda aguardo Gaijin 2.




HASTA!

SAUDADE DOS 80 (parte 23)


HOLA!



THE 80'S MOVIES



Amem ou odeiem, todos nós falamos do Oscar. Queira ou não, essa premiação é a maior vitrine do cinema mundial e é a grande chance de um filme melhorar ou se dar bem nas bilheterias. Eu não perco uma premiação desde 1985, mas à medida que vamos crescendo, outras premiações nos aparecem até mais interessantes que o Oscar como é o caso do Festival de Cannes. Mas se de um lado o Oscar tendencia para os filmes melodramáticos, para o Holocausto e personagens autobiográficos ou com alguma deformidade física ou distúrbio psíquico, Cannes é bairrista ao extremo. Acho que ela rotulou de tal forma "o quero ser diferente" que não dá pra entender como o documentário de Michael Moore poderia ter ganho a Palma de Ouro e olha que uma produção americana vencer, nos dias atuais, já é um milagre em tanto. Mas queira ou não, Cannes também é uma excelente vitrine para filmes , que em um país como o nosso dominado pelos enlatados americanos, passariam completamente despercebidos.

Vencedores da Palma de Ouro do Festival de Cannes:

1980: Kagemusha, Akira Kurosawa (Japão) e All that jazz, Bob Fosse (EUA)
1981: O Homem de Ferro, Andrzej Wajda (Polônia)
1982: Desaparecido, um grande mistério, Costa-Gavras (EUA) e Yol, Yilmaz Guney (Turquia)
1983: A Balada de Narayama, Shohei Imamura (Japão)
1984: Paris-Texas, Wim Wenders (República Federal da Alemanha)
1985: Quando Papai saiu em Viagem de Negócios, Emir Kusturica (Iugoslávia)
1986: A Missão, Roland Joffé (Grã-Bretanha)
1987: Sob o Sol de Satã, Maurice Pialat (França)
1988: Pelle, o Conquistador, Bille August (Dinamarca)
1989: Sexo, mentiras e Videotape, Steven Soderbergh (EUA)

Vencedores do Oscar de melhor filme:

1980: Kramer vs Kramer
1981: Gente como a gente
1982: Carruagens de fogo
1983: Gandhi
1984: Laços de ternura
1985: Amadeus
1986: Entre dois amores
1987: Platoon
1988: O último imperador
1989: Rain Man




Kramer vs Kramer (1979): "Ted Kramer (Dustin Hoffman) é um profissional para quem o trabalho vem antes da família. Joanna (Meryl Streep), sua mulher, não pode mais suportar esta situação e sai de casa, deixando Billy (justin Henry), o filho do casal, com Ted, que tudo faz para poder educá-lo, trabalhando e fazendo as tarefas domésticas. Quando consegue ajustar seu trabalho a estas novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted porém se recusa e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia de Billy".

Comentando: um belo e sensível filme, com ótimas atuações, mas altamente superestimado. Como é que Apocalipse Now perdeu dele?

Gente como a gente (1980): "Uma família passa por um doloroso processo quando o primogênito morre. Após uma tentativa de suicídio, o caçula da família (Timothy Hutton) passa a receber acompanhamento psicológico e descobre várias coisas sobre si mesmo e sua relação com os pais. Dirigido por Robert Redford (Lendas da Vida) e com Donald Sutherland e Mary Tyler Moore no elenco. Vencedor de 4 Oscars".

Comentando: Um belo drama que consegue emocionar sem ser piegas e que conta com excelentes atuações. Mas aqui pra nós, Touro Indomável é bem melhor. Também esse ano estava meio foda, outro indicado era o ótimo O Homem-elefante. Vencedor de 4 Oscars: melhor filme, melhor diretor para Robert Redford (a Academia adora premiar "atores-diretores"), melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para Timothy Hutton.

Carruagens de fogo (1981): "Os melhores atletas da Inglaterra iniciam sua busca da glória nos jogos olimpicos de 1924. O sucesso honra sua pátria. Para dois corredores, a honra em questão é pessoal... e o desafio vem de dentro de cada um deles. Vencedor de 4 Oscar® em 1981, incluindo melhor filme, "Carruagens de Fogo" é a cativante história real de Harold Abrams, Eric Liddell e da equipe que trouxe para a Grã-Betanha uma de suas maiores vitórias no esporte. Ben Cross, Ian Charleson, Nigel Havers, Nicholas Farrell e Alice Krige atuaram muito bem em seus primeiros papéis num filme de primeira linha sob a direção de Hugh Hudson. O produtor David Puttnam combinou esses talentos para criar um filme de impacto único e duradouro. Com suas inigualáveis tomadas da competição e sua trilha sonora vencedora de um Oscar® assinada por Vangelis, este filme marcou definitivamente seu lugar no coração daqueles que amam o cinema em qualquer parte do mundo" (2001 Vídeo).

Comentando: um filme belíssimo, emocionante e com uma das melhores trilhas sonoras da história do cinema.

Gandhi (1982): a história verídica do líder pacifista indiano, Mahatma Gandhi,assassinado em 1948.

Comentando: uma das mais perfeitas atuações da história do cinema, Ben Kingsley é Gandhi ou Gandhi é Ben Kingsley?

Laços de ternura (1983): "Aurora (Shirley MacLaine), uma viúva, e Emma (Debra Winger), sua filha, apesar de se amarem tem uma relação conflituosa. Entretanto, tudo muda quando a filha descobre que está com câncer e, ao mesmo tempo, toma consciência de que foi traída por Flap (Jeff Daniels), seu marido. Simultaneamente sua mãe após anos passa a se interessar por Garrett Breedlove (Jack Nicholson), um vizinho paquerador".

Comentando: James L. Brooks dirige de forma competente esse belo filme sobre dramas familiares com ótimas atuações, mas altamente superestimado.

Amadeus (1984): "Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus".

Comentando: todos os elementos cinematográficos (fotografia, trilha sonora, direção de arte, figurino etc) conspiram para formar essa obra-prima do cinema que conta com com um elenco fenomenal e inspiradíssimo. Como tornar a tão difícil música clássica algo acessível e ir além desta ao falar de sentimentos inerentes ao ser humano como a inveja e o despeito? Intrigas, paranóias, tudo é uma forma de morrer lentamente... O que mais doía em Salieri não era Mozart ser mais famoso e adorado, mas o fato de que ele, profundo conhecedor de música, ratificar o talento inigualável de Mozart e odiá-lo por admirá-lo. Depois de Um Estranho no Ninho e Amadeus, eu posso dizer: Milo Forman é um gênio!

Entre dois amores (1985): "Nos anos 20, Karen Blixen (Meryl Streep), uma rica dinamarquesa, vai morar em uma fazenda de café no Quênia com Bror Blixen-Finecke (Klaus Maria Brandauer), um barão com quem se casou por conveniência. Sendo mais amigos que amantes, o casal acaba se separando e enquanto ele vai embora ela continua trabalhando e se adaptando ao novo lar. Até que conhece Denys Finch Hatton (Robert Redford), um aventureiro e aristocrata inglês com quem tem um forte envolvimento e se torna o grande amor da sua vida".

Comentando: uma belíssima história de amor dirigida por Sidney Pollack e com atuações marcantes de todo seu elenco. Destaque para a bela fotografia e a memorável trilha sonora.

Platoon (1986): "Chris (Charlie Sheen) é um jovem recruta recém-chegado a um batalhão americano, em meio à Guerra do Vietnã. Idealista, Chris foi um voluntário para lutar na guerra pois acredita que deve defender seu país, assim como fez seu avô e seu pai em guerras anteriores. Mas aos poucos, com a convivência dos demais recrutas e dos oficiais que o cercam, ele vai perdendo sua inocência e passa a experimentar de perto toda a violência e loucura de uma carnificina sem sentido".

Comentando: Oliver Stone conduz com brilhantismo seu elenco e nos mostra de forma impecável os horrores da guerra de uma forma crua e nua. É um dos poucos filmes que admitem que os americanos não são os heróis. Uma frase de Willem Dafoe resume tudo: "Já fodemos com tantos países, acho que agora é hora de pagarmos".

O último imperador (1987): "A saga de Pu Yi (John Lone), o último imperador da China, que foi declarado imperador com apenas três anos e viveu enclausurado na Cidade Proibida até ser deposto pelo governo revolucionário, enfrentando então o mundo pela primeira vez quando tinha 24 anos. Neste período se tornou um playboy, mas logo teria um papel político quando se tornou um pseudo-imperador da Manchúria, quando esta foi invadida pelo Japão. Aprisionado pelos soviéticos, foi devolvido à China como prisioneiro político em 1950. É exatamente neste período que o filme começa, mas logo retorna a 1908, o ano em que se tornou imperador".

Comentando: Tenho que admitir que só consegui ver esse filme depois da nona tentativa, o sono sempre falava mais forte. Todavia lá pela décima vez, consegui captar toda beleza, sensibilidade e magia da cultura oriental que Bertolucci quis nos contar.

Rain Man (1988): "Um jovem yuppie (Tom Cruise) fica sabendo que seu pai faleceu. Eles nunca se deram bem e não se viam há vários anos, mas ele vai ao enterro e quando vai cuidar do testamento fica sabendo que herdou um Buick 1949 e as roseiras premiadas do seu pai, sendo que um "beneficiário" tinha herdado três milhões de dólares. Fica curioso em saber quem herdou aquela fortuna e descobre que foi seu irmão (Dustin Hoffman), que ele desconhecia a existência. O irmão dele é autista, mas pode calcular problemas matemáticos complicados com grande velocidade e precisão. O yuppie seqüestra seu irmão autista da instituição onde ele está internado, pois planeja levá-lo para Los Angeles e exigir metade do dinheiro, nem que para isto tenha que ir aos tribunais. É durante uma viagem cheia de pequenos imprevistos que os dois se compreenderão mutuamente e entenderão o significado de serem irmãos".

Comentando: Uma atuação brilhante de Dustin Hoffman altamente merecedora do Oscar. Um belíssimo filme cujo foco são seus personagens e seus sentimentos sempre ambíguos. A grandeza de um ser humano realmente está em pequenas coisas.

Entrando de gaiato nessa lista, tem o vencedor do Oscar de 1990, mas já que foi feito nos anos 80, não poderia esquecê-lo, né?



Conduzindo Miss Daisy (1989): "Atlanta, 1948; Uma rica judia de 72 anos (Jessica Tandy) joga acidentalmente seu Packard novo em folha no jardim premiado do seu vizinho. O filho (Dan Aykroyd) dela tenta convencê-la de que seria o ideal ela ter um motorista, mas ela resiste a esta idéia. Mesmo assim o filho contrata um afro-americano (Morgan Freeman) como motorista. Inicialmente ela recusa ser conduzida por este novo empregado, mas gradativamente ele quebra as barreiras sociais, culturais e raciais que existem entre eles, crescendo entre os dois uma amizade que atravessaria duas décadas".

Comentando: Belíssimo filme sobre o valor de uma verdadeira amizade que fica muito mais verossímil devido a química perfeita entre a magnífica Jessica Tandy e o excelente Morgan Freeman.



All that jazz (O show deve continuar, 1979): "Joe Gideon (Roy Scheider é um diretor de cinema e coreógrafo mulherengo, que trabalha simultaneamente na edição de seu filme e nos ensaios de um musical. Nisto ele sofre um enfarte e, com a vida por um fio, revê momentos da sua vida, transformando-os em sua imaginação em números musicais. Sua atenção é disputada por 4 mulheres: sua namorada, a ex-esposa, a filha e a Morte, representada por uma bela loira vestida de branco, que conversa com ele de forma bem instigante".

Comentando: Vencedor da Palma de Ouro e indicado ao Oscar melhor filme. Ganhou 4 Oscars: melhor trilha sonora, melhor direção de arte, melhor figurino e melhor edição. Esqueçam Chicago, um dos melhores musicais que já vi.

Kagemusha, a sombra de um samurai (1980): "À beira da morte, um poderoso senhor ordena que seus súditos achem um sósia seu para lutar e evitar um ataque de seus inimigos. Dirigido por Akira Kurosawa (Ran). Recebeu 2 indicações ao Oscar".

Comentando: Dividiu a Palma de Ouro com All that Jazz. Fantástico! Pra não ser redundante, mais um filme de Kurosawa.

O Homem de ferro (1981): "Jornalista dedo-duro se infiltra no sindicato a fim de delatar um dos líderes do movimento democrático, cujo pai fora o protagonista de O Homem de Mármore" (Contracampo).

Comentando: O filme aborda o choque entre o indivíduo e o Estado numa Polônia pós-guerra. Se você não conhece nenhum título da vasta filmografia do talentosíssimo diretor polonês Andrzej Wajda, vá pra locadora agora. Dicas: "Cinzas e diamantes", "A Vingança", "Terra Prometida", "Bodas", "O homem de mármore", além do filme em questão. Em 2000, recebeu um Oscar pelo conjunto de sua obra.

Desaparecido - Um Grande Mistério (1982): "Jack Lemmon teve uma de suas melhores interpretações dramáticas. Ele faz o papel - baseado em um personagem real - de um americano mediano, apolítico e crente no bom funcionamento das instituições cujo filho desaparece logo após o sangrento golpe de estado de Pinochet no Chile." (Estadão)

Comentando: Costa-Gavras dirige de forma impecável essa brilhante denúncia à violenta repressão militar durante a ditadura do General Pinochet no Chile.

Yol (1982): como eu não vi esse filme turco que dividiu o prêmio com o ótimo Desaparecido, vou colocar uma crítica que encontrei na revista SET:

"Mesmo depois de receber a Palma de Ouro em Cannes em 82, muitos críticos creditam a direção do filme, ainda, apenas a Gören. Mas o grande feito na realização de Yol é de Güney, que escreveu o roteiro e deu as principais coordenadas de comando de dentro da prisão da Turquia. Depois de conseguir fugir de lá e que pôde concluir seu projeto com a ajuda de laboratórios de Paris e Genebra. Como os protagonistas do filme são presidiários em semi-liberdade (que podem sair por uns dias, eventualmente), a obra quase que se revela de caráter autobiográfico, um depoimento, um desabafo sobre a realidade turca. Este, sem dúvida, foi o grande motivo da premiação de Yol em Cannes: os impasses de sua produção não impedindo a expressão artística e crítica. Não que o filme não merecesse a Palma sem este fator. Apenas de narrativamente simples e objetivo, trata-se de obra de beleza e sinceridade quase poética. Sente-se, mais que nunca, a alma turca. Acompanhando alguns desses prisioneiros numa das saídas permitidas, em especial um que procura mulher e filhos, Yol oferece um retrato impiedoso e seco da miséria da vida comum, onde até a natureza castiga, sem nunca deixar de revelar o lado humano e tradicional da Turquia, presente em costumes por vezes incompreensíveis e melodias típicas, que norteiam a narrativa. Recorre-se até a uma possibilidade dramática que os filmes americanos usam quando da falta de assunto (o que não é o caso aqui): pincelar imagens retratistas, deixando uma música desfilar como um quase clip. Isso confere sedyução intimista ao filme. Ele é produto típico de nações feridas: lento, purgente, visceral e cruel. As imagens são inesquecíveis, ainda mais com o aparte de Güney: isso acontece em qualquer lugar" (Christian Petermann).

A Balada de Narayama (1983): "Fim do século XIX, em meio à pobreza e miséria que causavam guerras e emigração para terras estrangeiras, em algumas regiões do Japão, numa luta dura pela sobrevivência, instituí-se uma tradição amarga: ao completar 70 anos de idade, os moradores dos humildes vilarejos deveriam subir ao topo da montanha local, uma região sagrada e, como elefantes velhos, deveriam esperar pela hora da própria morte, sozinhos".

Comentando: Do mesmo diretor de A Enguia (1997), Shohei Imamura nos presenteia com essa pequena obra-prima.

Paris, Texas (1984): "Um homem (Harry Dean Stanton) é encontrado exausto e sem memória, em um deserto ao sul dos EUA. Aos poucos ele vai se recordando de sua vida, sendo acolhido pelo irmão Walt (Dean Stockwell), que é casado com Anne (Aurore Clément). Com eles vive também Alex (Hunter Carson), filho do homem sem memória, que aos poucos volta a se identificar com o pai".

Comentando: o melhor road-movie e um dos mais belos filmes que já vi. Tentei revê-lo, mas não tem no formato de DVD. Naquela atmosfera de aridez, solidão, um homem vagueia sem destino. Uma foto e uma lembrança. Paris, Texas - onde tudo começou. Reencontro...Olhares e gestos que falam por mil palavras. É como se os quadros de Edward Hopper se transplantassem para a tela, tomassem vida... Triste, melancólico, lírico... O nosso vazio existencial e nossas fugas... Cara a cara frente a um espelho... Maternidade e Paternidade... Hunter... Um dos abraços mais lindos da história do cinema.

Quando Papai saiu em Viagem de Negócios (1985): "Comunista iugoslavo é preso depois da briga entre Tito e Stálin em 1948. Seu filho pequeno acredita que ele está numa viagem de negócios".

Comentando: Putz, vi há tanto tempo. Saudade da minha locadora em Aju city que tem tudo que é filme que você imaginar e por preços bacaninhas. Belíssimo filme do diretor Emir Kustusrica, que apesar da abordagem política, se revela um drama familiar sensível e metafórico.

A Missão (1986): "Gabriel é um jesuíta espanhol que decide ir à América de Sul para construir uma missão e levar o cristianismo aos índios. Em sua companhia, viaja o ex-traficante de escravos Mendoza, convertido depois de ter matado o próprio irmão. Depois de anos e de muito trabalho, o território onde está localizada a missão passa a ser domínio de Portugal, e os missionários têm de enfrentar os ataques lusitanos. É então que vem à tona a faceta mais violenta da personalidade de Mendoza. Épica reconstituição histórica, a produção ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e o Oscar de Melhor Fotografia. Também levou o Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora Original (Ennio Morricone) e Melhor Roteiro".

Comentando: Não só de Holocausto viveu o mundo. Em nome de Deus, ou seja lá quem for, muitos sofreram tanto com os inquisidores como os mercenários e jesuítas que desbravavam as novas terras e "catequizavam" os índios. Humilhação, escravidão e perversidade. Um genocídio praticado pelos povos europeus e aceito pela Igreja. Jeremy Irons e Robert De Niro nos presenteiam com atuações brilhantes em um filme sensível, honesto e de grande valor histórico.

Sob o Sol de Satã (1987): pelo que eu entendi ao ler algumas críticas, esse filme aborda os mistérios da fé na figura de um padre interpretado por Gerard Depardieu. O marquês de Cardigan é assassinado por sua amante de 16 anos. Ela se refugia junto ao rígido padre Dossignan (Depardieu), que acreditava ser a menina uma tentação do diabo. Falar de um filme que não vi? Putz, sorry! Mas dando uma de Fredy, acho que deve ser bom porque o diretor Maurice Pialat tem uma filmografia interessante (Van Gogh, Nós não envelheceremos juntos, A infância nua), além de Gerard Depardieu ser um grande ator, apesar de que quando o filme ganhou a Palma de Ouro foi recebido no palco com muitas vaias. Talvez seja a questão religiosa abordada que não tenha agradado ao público conservador. Bem, não sei!

Pelle, o Conquistador (1988): "O filme, baseado no livro de Martim Anderson Nexo intitulado Infância, retrata a luta de dois imigrantes suecos -pai e filho- que tentam a sorte na Dinamarca, no final do século XIX.
Enfrentando a discriminação dos dinamarqueses, Pelle e seu envelhecido pai, conseguem apenas um emprego mal remunerado e péssimas acomodações numa fazenda, onde vivem um cotidiano freqüentemente cruel, num universo bizarro de camponeses, patrões e mulheres infelizes. O ator Pelle Hvenegaard -- que tinha 13 anos à época -- foi escolhido entre duas mil crianças. Seu nome coincide com o do personagem porque sua mãe leu o livro durante a gravidez. O filme recebeu tanto a Palma de Ouro em Cannes, quanto o Oscar de filme estrangeiro, feito antes só alcançado por Ran de Akira Kurosawa."

Comentando: Um filme belíssimo, sensível e emocionante (Nossa! Estou parecendo aqueles carinhas que enchem os posters dos filmes de bajulações :P). Falando sério, quem não se apaixona pelo Pelle? Max Von Sydow, pra variar, em uma atuação impecável.

Sexo, Mentiras e Videotape (1989): "Um advogado (Peter Gallagher) enfrenta problemas de caráter sexual com sua mulher (Andie MacDowell) e tem um caso com a cunhada (Laura San Giacomo), mas algo acontece com a chegada de um amigo (James Spader) de infância do marido, que grava em vídeo o depoimento de mulheres que falam da vida sexual que levam".

Comentando: Soderbergh estréia com pé direito na direção desse filme que ganhou a Palma de Ouro do festival de Cannes de 1989. Um filme irresistivelmente cínico e instigante, mas ainda assim superestimado.


Obs: Grande parte das sinopses foram gentilmente copiadas do site Adoro Cinema . Valeu!

Alguém chegou até aqui???? Chegou? Chegou ou não? PARABÉNS!!

\0/ \0/ \0/UFA!!!\0/ \0/ \0/


HASTA!

fevereiro 20, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 22)


HOLA!




THE 80'S MOVIES



PUTA FILMES MADE IN BRAZIL



"Toda unanimidade é burra". Todos falam que o Collor acabou com o cinema nacional, mas já não estava acabado por si só? Ao ver por um outro prisma, será que haveria uma reabilitação do nosso cinema? Será que veríamos filmes tais como Cidade de Deus, Redentor, O homem que copiava, Central do Brasil, Abril Despedaçado, Lavoura Arcaica, O homem do ano, Contra Todos e outros mais? Nunca saberemos...

Realmente eu odeio quem solta a ridícula frase: "Não gosto de filme nacional" ou pior "não gosto de filme dublado". Quando é que essas pessoas vão parar de ser preconceituosas e perceber que nosso cinema não é um gênero apenas, mas que todos os gêneros estão inseridos nele. Não que seja uma verdade absoluta, mas para aqueles que reclamam que nossas películas só abordam questões sobre a seca do Nordeste ou sobre as favelas, que posso falar sobre os inúmeros filmes patrióticos americanos? Temos filmes bons e ruins como em qualquer outro país.

Infelizmente eu peguei o cinema nacional na sua pior época, quando as adaptações do Nelson Rodrigues eram realizadas e de forma medíocre e o que só se comentava eram as cenas de sexo. "Puta" filmes, entendem? Por sinal, a lembrança mais viva que tenho dos filmes feitos nos anos 80 é bastante constrangedora. Carla Camuratti acende um cigarro caseiro inusitado, já que eram seus (ergh) pêlos pubianos que estavam na sua boca. Não lembro o nome do filme, quem atuava além da Carla, entretanto essa cena é tão repugnante que não saiu da minha cabeça até hoje.

Só fui perceber como nosso cinema decaiu quando assisti a alguns filmes da Cia. Cinematográfica Vera Cruz e conheci o Cinema Novo de Gláuber Rocha. Mazzaroppi era naturalmente engraçado; Lima Barreto fez um clássico do cinema nacional, O Cangaceiro, que deu origem a um gênero denominado Northerns, um sertão estilizado e que nada mais era que uma versão tupiniquim dos westerns americanos e Gláuber fez obra-primas como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol.

"O cinema prolonga a morte. Estas imagens estarão eternas. Além da morte. Roberto Rosselini dizia que é mais fácil fotografar o mundo do que fotografar um rosto. O cinema, me disse Alexandre Kluge, deve ser polifônico. É uma nova arte e presa ainda ao naturalismo/realismo do romance. O romance, os senhores sabem, é uma expressão do século XIX. É, pois, a linguagem da burguesia. O cinema é a linguagem do capitalismo, isto é, do século XX. Cinema, jornalismo, televisão. O cinema, porque foi realizado até bem pouco tempo por homens com formação no século passado e formou e deformou o público e a crítica. E a maioria dos intelectuais. E, o que é mais grave, a maioria dos cineastas. O cinema é um instrumento de coração do capitalismo. Ou do policialismo. Liberdade, no cinema, sempre foi crime. Rimbaud, para lembrar um nome conhecido, que é ponto pacífico na poesia, se aparecesse fazendo filme como escrevia levava ovo na cara. Idem Cézanne. Até mesmo Van Gogh. E estes são artistas do século passado, nem mais vanguarda são considerados. Por que o cinema tem de ficar seguindo a narrativa de Maupassant? Quando um intelectual vem me dizer que não gostou de Terra em Transe porque não entendeu, dá vontade de perguntar a ele se poesia ou música ele entende tudo como entende uma reportagem, isto é, no sentido explicativo, óbvio, ululantérrimo!"

"Convulsão, choque de partidos, de tendências políticas, de interesses econômicos, violentas disputas pelo poder é o que ocorre em Eldorado, país ou ilha tropical. Situei o filme aí porque me interessava o problema geral do transe latino-americano e não somente do brasileiro. Queria abrir o tema "transe", ou seja a instabilidade das consciências. É um momento de crise, é a consciência do barravento."

"Eu parti do texto poético. A origem de Deus e o diabo é uma língua metafórica, a literatura de cordel. No Nordeste, os cegos, nos circos, nas feiras, nos teatros populares, começam uma história cantando: eu vou lhes contar uma história que é de verdade e de imaginação, ou então que é imaginação verdadeira. Toda minha formação foi feita nesse clima. A idéia do filme me veio espontaneamente."


GLAUBER ROCHA


Como eu não revi a maioria dos filmes que citarei a seguir e a cabecinha de quem vos fala anda bem esclerosada, agradeço ao site Adoro Cinema por algumas das sinopses gentilmente "ctrl+c" e "ctrl+v".







Bete Balanço (1984): "Jovem liberada resolve abandonar a cidade de Governador Valadares para tentar carreira artística no Rio de Janeiro. Na cidade maravilhosa, ela se decepciona com os empresários da música e com a violência urbana, mas também encontra apoio no namorado e nos novos amigos".

O que Karinne lembra? Apesar de ser previsível, é deliciosamente ingênua essa versão pop brazuca da história de Cinderela. Recordo-me da trilha soberba repleta de artistas do quilate de Cazuza e outras bandas de rock bacanas, da Débora Bloch dançando e da beleza inesquecível de Lauro Corona.

Feliz Ano Velho (1988): "Mario dá adeus à sua adolescência ao mergulhar e bater a cabeça em uma pedra no fundo de um lago. Em crise, o que parecia difícil fica pior e o rapaz, diante do que parecia o fim, começa a reviver e resgatar momentos importantes de seu passado, até descobrir uma nova força em sua vida".

O que Karinne lembra? O filme era simpático e foi adaptado do ótimo best-seller autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva.



A menina do lado (1987): "Homem maduro e casado aluga casa na praia para terminar um livro. Lá, apaixona-se por uma vizinha adolescente".

O que Karinne lembra? Só vi esse filme protagonizado por Reginaldo Faria e Flávia Monteiro anos depois pela TV Cultura. Porém me lembro das filas cheias na porta do antigo e saudoso Cinema Palace. Nem sei o porquê do alarde que teve na época em cima das cenas de sexo. Tem um quê de Lolita, mas muito mais suave.


Menino do Rio (1981): "Jovem que ganha a vida fazendo pranchas de surf se apaixona por uma garota da alta sociedade, mas sofre um choque ao descobrir que ela sentia uma forte atração pelo pai dele. Ela não sabia que um era pai do outro, mas está decidida a ficar com filho, que agora não quer saber dela. Assim, ela decide se casar com um antigo noivo, por quem nunca foi apaixonada."

O que Karinne lembra? A beleza do André de Biase e seus cabelos dourados; Cissa Guimarães, Cláudia Ohana, Evandro Mesquita e até Sérgio Malandro no início das suas carreiras; surfistas levando ao mar a prancha e a mochila de Pepeu (Ricardo Graça Melo); Valente (André de Biase) chegando de pára-quedas no casamento de Patrícia (Cláudia Magno, já falecida) e da linda música composta por Caetano e cantada por Baby Consuelo: "Menino do rio, calor que provoca arrepio... Dragão tatuado no braço, calção corpo aberto no espaço... Coração de eterno flerte, adoro ver-te..."




O homem da capa preta (1986): "Cinebiografia do polêmico e reacionário político da Baixada Fluminense dos anos 50 e 60, Tenório Cavalcanti, ex-deputado federal que com sua metralhadora, apelidada de Lourdinha, desafiava a corrupção e os poderosos que dominavam o município fluminense de Duque de Caxias. O filme traça o panorama político do Rio de Janeiro dos anos 40 a 60".

O que Karinne lembra? Uma puta atuação do José Wilker.



O beijo no asfalto (1980): "Um desconhecido é morto ao ser atropelado por um ônibus e, agonizante, pede aquele que o socorreu um último beijo na boca. O fato é transformado em escândalo pela imprensa sensacionalista e o homem que cometeu o "crime" de beijar um agonizante passa a ser alvo de preconceito popular e também a ser investigado pela polícia, que começa a supor que o acidente tenha sido um assassinato".

O que Karinne lembra? Puta filme dirigido impecavelmente por Bruno Barreto e baseado na peça de Nelson Rodrigues. Todo o elenco atua maravilhosamente bem, principalmente o Ney latorraca (Arandi) e Daniel Filho (o repórter Amado Pinheiro). O filme disserta sobre o poder de manipulação da mídia e a decadência moral de seu alvo.

Pixote - A Lei do Mais Fraco
(1981): "Pixote foi abandonado por seus pais e rouba para viver nas ruas. Ele já esteve internado em reformatórios e isto só ajudou na sua "educação", pois conviveu com todo o tipo de criminoso e jovens delinqüentes que seguem o mesmo caminho. Ele sobrevive se tornando um pequeno traficante de drogas, cafetão e assassino, mesmo tendo apenas onze anos".

O que Karinne lembra? O melhor filme de Babenco. Pixote correndo por aquela rua escura... Infelizmente a realidade imitou as telas.

Dias melhores virão (1989): "Maryalva é uma dubladora que sonha em se tornar uma estrela de Hollywood. Em seus devaneios, realidade e fantasia se misturam e ela conversa com, entre outros, o fantasma de um namorado morto, ainda jovem, num acidente de moto e a estrela da comédia americana a qual ela dubla".

O que Karinne lembra? Puta atuação, pra variar, da Marília Pêra (e ainda canta bem!) e Rita Lee dando uma de atriz. E não deixa de ser uma crítica àqueles fãs fanáticos, que vivem a vida dos seus ídolos e não a deles, uma dublagem mental.

Dedé Mamata (1987): "André passa da infância à adolescência, do fim dos anos 60 até o final dos 70. Morando com os avós, numa família de comunistas e anarquistas, sobrevive às escondidas durante a ditadura militar. Estabelece forte amizade com um moleque de rua viciado em droga, mas leal e com uma menina que deixa a família para viver com eles no mesmo apartamento. A morte dos avós abrirá as perspectivas de liberdade e amadurecimento para Dedé Mamata".

O que Karinne lembra? Um bom filme com boas atuações, principalmente do Marcos Palmeiras. Mais detalhes não me peçam... É a esclerose!

Besame Mucho (1986): "Besame Mucho narra em discurso retroativo a trajetória de dois casais amigos, Xico e Olga, Tuca e Dina, mostrando o romance no interior, o casamento, o sexo, a carreira profissional, os fatos políticos das décadas de 60 e 70, e a música "Besame Mucho", interferindo em suas vidas".

O que Karinne lembra? Quase nada! Vi na extinta Manchete e a Karinne daquela época achou o filme bonzinho.

Amor Estranho Amor (1982): "Prostituta, e amante do governador de São Paulo, se esforçava para se manter em alta no bordel que tinha uma ninfeta atrevida". (Aff, que textinho. Não é meu não :P...)

O que Karinne lembra? A cena da Xuxa, oras... Gostei de uma crítica feita no site Adoro cinema: " E estes casos narrados por este filme de Walter Khouri, continuam acontecendo até hoje. Narra com muita propriedade uma casa, dita suspeita, com suas ninfas, musas e prostitutas à espera de esperanças e dias melhores. O despertar da sexualidade tratado com sensibilidade, bom gosto e inspiração. Xuxa aparece nua e copulando com um garoto. Não entendo o porquê ela quis tirar este marco do cinema brasileiro do mercado. Arte é arte, ela já deveria ter entendido isto." E aí, marmanjos, concordam?

O Romance da Empregada (1987): "Uma empregada doméstica (Betty Faria) trabalhava arduamente, tendo que suportar as exigências da patroa e em casa tinha de aturar um marido desempregado e bêbado. Mas, apesar de tudo, sonhava em ser feliz e um dia encontrou um homem bem mais velho que acreditava na vida e queria morar com ela. Apesar de existir por parte dela um interesse financeiro, ela sente um grande carinho por este senhor que a trata tão bem".

O que Karinne lembra? Achei interessante esse filme que aborda uma profissão ainda bastante concorrida no nosso país: o alpinismo social.

Índia, a filha do sol (1982): "Em Goiás um cabo do Exército (Nuno Leal Maia) é encarregado de resolver determinadas irregularidades em um garimpo. Lá uma índia da região (Glória Pires) se apaixona por ele. No entanto, um trágico destino a aguarda, pois o cabo pretende ficar com várias pedras preciosas só para si".

O que Karinne lembra? Primeiro filme de Fábio Barreto (Nem pra ser o último né? Nem vi tanta graça em O Quatrilho!). Nem sei afirmar se gostei ou não, só sei que vi porque me lembro das cenas em que a personagem da Glória Pires nadava no rio.

Um trem para as estrelas (1987): "Eunice, a namorada de Vinícius, jovem e promissor músico vivendo nos subúrbios do Rio de Janeiro, desaparece depois de uma noite de amor. Em sua busca da namorada desaparecida, Vinícius vive uma verdadeira odisséia urbana, atravessando a cidade, sua violência, miséria, injustiças, sempre envolvido pela música".

O que Karinne lembra? O deus grego (na época!) Guilherme Fontes tocando sax... A trilha linda do Gilberto Gil e aquela canção belíssima cantada por Cazuza... Puta filme dirigido por Cacá Diegues que tem como referência explícita a saga mitológica de Orfeu. Na mitologia grega, Orfeu é o mais musical dos filhos de Apolo. Ele atravessa o pântano de Hades atrás de sua amada Eurídice não podendo olhar para trás sob pena de perdê-la para sempre. Assim faz Vinícius (numa clara homenagem ao poeta e cantor Vinícius de Moraes que havia escrito a peça "Orfeu da Conceição") que sai do seu mundinho idealizado quando sua namorada Eunice desaparece. Presta queixa, mas é zombado pelo delegado. Procura os pais da garota e percebe o desprezo imperante (destaque para a saudosa Miriam Pires interpretando a mãe da namorada do Vinícius, uma mulher alienada que só se preocupa com programas de televisão, numa nítida crítica à massificação realizada por essa mídia). Entra em contato com a vida desregrada e suja do submundo carioca. Reencontros, descobertas e perdas. Nessa sua jornada, acaba por achar a si mesmo.

Bonitinha, mas ordinária (1981): "Edgar é um rapaz de Minas Gerais de origem bastante humilde, fato esse que o constrange. Procurado por Peixoto, genro do milionário Weneck, dono da firma onde trabalha, Edgar recebe a proposta de se casar com Maria Cecília, filha de Werneck, de 17 anos. Pelo dinheiro, Edgar aceita, mas tem dúvida por gostar de Ritinha, sua vizinha. Já com o casamento acertado, Edgar e Ritinha vão despedir-se num cemitério, onde ela conta o quefaz para conseguir sustentar a mãe e as três irmãs".

O que Karinne lembra? Cinema era a piscoterapia da Lucélia Santos. Só isso para justificar os papéis picantes na telona. Era uma forma de contrapor as boas moças da telinha. E o filme em si? Só sei que vi e não gostei.

Ópera do malandro (1985): "Nos Anos 40, malandro elegante e popular, figura do boêmio bairro carioca da Lapa, explora cantora de cabaré e vive de pequenos trambiques. Até que surge Ludmila, a filha do dono do cabaré, que pretende tirar proveito da guerra fazendo contrabando".

O que Karinne lembra? Obra-prima do teatro nacional (tudo bem, é uma adaptação da dos gringos, mas muito melhor que a original que não vi :P) e trilha soberba do magnífico Chico Buarque. Bem, do filme em si, tenho lembranças como se fossem fotografias do Edson Celulari e da Elba Ramalho.

Eu te amo (1981): "Este filme é uma fantasia romântica sobre o desejo e a paixão. Tudo se passa dentro de um apartamento fantástico, como um caleidoscópio ou um palácio de espelhos, onde os delírios do amor e do sexo se refletem num ritmo alucinante. É a história de um homem (Paulo César Pereio), industrial falido no milagre dos anos 70 e de uma mulher (Sonia Braga) que desejam desesperadamente se amar e que ao mesmo tempo tem um medo brutal deste encontro. Começa como drama psicológico, evolui para a comédia e erotismo e acaba como um grande delírio musical".

O que Karinne lembra? Que droga, não lembro se gostei ou não, só sei que vi. Perdi a oportunidade de zoar da cara do Jabor... Imperdoável!

Engraçadinha (1981): "Jovem conta a um padre suas aventuras. Engraçadinha (Lucélia Santos) é uma jovem sensual e desejada por todos, menos por seu primo Sílvio, noivo de sua prima Letícia".

O que Karinne lembra? Lembro-me mais da minissérie global :P... Bela interpretação de Lucélia Santos.

Ele, O Boto (1987): "Segundo uma lenda amazônica, em noite de lua cheia o Boto vem à terra e se transforma em humano para seduzir e ser amado pelas mulheres e odiado pelos homens. Uma de suas conquistas é a filha de um pescador que tem um filho com o Boto. Constantemente ele reaparece para seduzi-la e, mesmo quando ela se casa, ele continua a procurando. Isto provoca a ira do marido, que deseja matá-lo de qualquer jeito".

O que Karinne lembra? Ricelli despido e só :P...

Doida Demais (1989): "Letícia, uma falsificadora de quadros, avisa para Noé, seu cúmplice e amante, que não quer mais fazer este "serviço" e que de agora em diante eles são apenas sócios. Esta posição desagrada Noé, que não quer perdê-la de jeito nenhum. Letícia não queria participar de uma venda feita para um fazendeiro de Mato Grosso, mas mais uma vez Noé conseguiu convencê-la. Ela viajou para fechar negócio mas nem tudo saiu como Noé planejou, pois ela conhece Gabriel, o piloto de um avião de aluguel em que ela viajava. Logo ela se envolve com Gabriel, mas os dois passam a ser perseguidos por Noé em uma fuga desesperada".

O que Karinne lembra? Melhor esquecer, ruim demais...


Acho que vou procurar um geriatra :P...



HASTA!




fevereiro 18, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 21)


HOLA!



THE 80'S MOVIES



"Oh ! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh ! dias da minha infância!
Oh ! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!"


Meus Oito anos, Casimiro de Abreu. Que saudade da minha infância, dos meus anos 80, dos meus gibis, dos meus livros, dos meus brinquedos, dos meus filmes, das minhas novelas... Que saudade do banho na praia, de correr na rua e brincar sem medo, dos amigos, dos meus amores imaginários, dos meus heróis... Que saudade da comida gostosa de casa, do beijo de boa noite, dos lençóis macios a me cobrir, do cheiro perfumado do meu lar, das historinhas contadas para me acalentar o sono... Historinhas como as de D. Benta, a vovó dos nossos sonhos. Poetas, trovadores, contadores de história... O que seria de nós sem eles?

John Hughes é um grande contador de histórias. Ninguém mais que ele sabe falar da juventude com tanta sinceridade e sensibilidade. Young American Way of Life. Personagens divertidos e complexos. Drama e comédia. Criou um estilo de fazer cinema. Sabia, como poucos, escolher e fazer uma trilha sonora perfeita... Mostrou-nos que diversão não está necessariamente vinculada à alienação. Uma pena que o mestre entrou em um estado de hibernação, deixou de dirigir e um clone mal-sucedido da sua pessoa ainda faz uns roteiros chinfrins para as continuações medíocres de Esqueceram de Mim, Flubber, a famigerada série do cão Beethoven e o fraco Maid in Manhattan estrelado por Ralph Fiennes e Jennifer Lopez. But I wish... He´ll come back... soon!

Filmografia:

(DIRETOR)

1991 - A malandrinha (Curly Sue)
1989 - Quem vê cara não vê coração (Uncle Buck)
1988 - Ela vai ter um bebê (She's having a baby)
1987 - Antes só que mal acompanhado (Planes, trains & automobiles)
1986 - Curtindo a vida adoidado (Ferris Bueller's day off)
1985 - Mulher nota 1000 (Weird science)
1985 - Clube dos cinco (Breakfast Club, The)
1984 - Gatinhas e gatões (Sixteen candles)

(ROTEIRISTA)

Maid In Manhattan (2002)
Just Visiting (2001)
New Port South (2001)
Reach the Rock (1998)
Flubber (1997)
Home Alone 3 (1997)
101 Dalmatians (1996)
Baby's Day Out (1994)
Miracle on 34th Street (1994)
Dennis the Menace (1993)
Home Alone 2: Lost in New York (1992)
Home Alone (1990)
National Lampoon's Christmas Vacation (1989)
Great Outdoors (1988)
Some Kind of Wonderful (1987)
Ferris Bueller's Day Off (1986)
Pretty in Pink (1986)
The Breakfast Club (1985)
Sixteen Candles (1984)



Curtindo a vida adoidado (1986): John Hughes é o culpado por trazer para as telas um dos personagens mais bacanas da história do cinema: Ferris Bueller. Uma previsão de Ferris: "Life moves really fast. If you don´t stop to look around once in a while, you can miss it"("A vida passa muito depressa. Se não paramos para curti-la, ela escapa por nossas mãos"). Lições do Ferris: Faking out parents (Enganando os pais): 1. Fake a stomach cramp (finja uma dor de estômago); 2. Moan ans wail (gemidos e resmungos); 3. Lick Palms (lamber as palmas das mãos). Mas quem é Ferris afinal? Se você não o conhece, certamente deve ter passado os últimos 20 anos em alguma estação espacial, não? Ferris (Matthew BrodericK) é um garoto que acorda com preguiça e deseja matar aula e para isso conta com a ajuda da namorada (Mia Sara) e do melhor amigo (Alan Ruck). Finge estar doente e até se justifica pela sua mentirinha: "É infantil e estúpido, mas... a escola também é". Essa lábia de Ferris enfurece sua irmã Jeannie (Jennifer Grey), já que não é a primeira vez que enrola seus pais... Quem também não está mais engolindo é o diretor da escola Ed Rooney (Jeffrey Jones, impagável) e tem uma idéia fixa de pegar Ferris matando aula. Depois de suspeitar que aquela ligação feita para Sloane, namorada do Ferris, não seja realmente do pai dela, começa uma busca desenfreada e hilária (lembram da musiquinha incidental quando ele se ferrava?) por toda a cidade pelo fujão e sua trupe. Enquanto isso, Ferris, sua namorada, seu amigo e uma Ferrari se divertem pela cidade e dançam "Twist and shout" dos Beatles e sua irmã pára numa delegacia e libera suas amarguras ao tascar um beijo no bad boy vivido por Charlie Sheen. Hughes conseguiu nesse filme filtrar as melhores referências da cultura pop dos anos 80, de Star Wars ao seu outro filme Breakfast Club, com uma direção ágil, elenco afinado e uma deliciosa trilha sonora. Curtindo a vida adoidado, ou melhor, Ferris Bueller's day off é diversão inteligente e de primeira do começo ao fim. "You're still here? It's over ! Go home"... SAVE FERRIS!!

O clube dos cinco (1985): já citado no post anterior, um clássico juvenil dos anos 80. Jogue seus livros de auto-ajuda no lixo, assista Breakfast Club.

A garota de rosa-shocking (1986): Hughes aqui é só responsável pelo roteiro, já quem dirige é Howard Deutch (que também dirigiu Alguém muito especial), cuja filmografia é de uma mediocridade tremenda (Meu vizinho mafioso 2, Dois velhos mais rabugentos (pobres Walter Matthau e Jack Lemmon!), Virando o jogo (com Keanu Reeves) etc). Andie Walsh (Molly Ringwald) é uma garota pobre com obsessão por rosa (ergh!) . Ela vive com o pai desempregado (o maravilhoso Harry Dean Stanton) e trabalha em uma loja de discos. Apaixona-se pelo playboyzinho Blane McDonough (Andrew McCartney) que estuda no seu colégio. Tem como ombro amigo, o divertido Duckie Dale (Jon Cryer, clone do Matthew Broderick) que esconde da sua melhor amiga seus verdadeiros sentimentos. O filme fala sobre a incompreensão dos sentimentos e a vulnerabilidade dos jovens e a velha questão das diferenças de classes sociais. Para os adolescentes, o maior problema e também a maior solução do mundo é amar e ser amado.

Gatinhas e gatões (1984): Quando Samantha Baker (Molly Ringwald) acorda no dia do seu 16º aniversário, nenhum familiar se recorda da data já que estão mais preocupados com o iminente casamento de sua irmã mais velha. Samantha é apaixonada por Jake Ryan (Michael Schoeffling, clone do Matt Dillon), mas ele é o típico cara que nunca olharia pra ela. Entretanto, ao descobrir que ela é a fim dele, começa a se interessar por ela. Entra na jogada Ted (Anthony Michael Hall) que é vidrado em Samantha e para mostrar que é o cara pros amigos, consegue uma calcinha da garota e imaginem com quem essa calcinha vai parar? Um filme sensível, divertido, sincero e despretensioso. Qual garota nunca se sentiu na pele da Sam? A cena final é tão linda...





Mulher nota 1000
(1985): Gary Wallace (Anthony Michael Hall) e Wyatt Donnelly (Ilan Mitchell-Smith) são dois nerds adolescentes nada populares com o sexo oposto. Eles resolvem criar no computador a mulher ideal. Entretanto, uma tempestade dá vida a ela. Surge Lisa (Kelly LeBrock), uma mulher obediente aos seus criadores e ainda mais sexy, charmosa, bonita... O sonho de todo marmanjo, não é? Casa, comida e roupa lavada... Só que o irmão mais velho de Wyatt (Bill Paxton) sente que tem algo estranho nessa mulher e aí começam as confusões. Comédia desprentesiosa e divertida com destaque na atuação do Anthony Michael Hall.

Ela vai ter um bebê (1988): Casamento, o jogo mais difícil do mundo, de acordo com esse ótimo filme escrito e dirigido com maestria pelo mestre John Hughes. Esse grande diretor consegue tirar atuações brilhantes de todo elenco (Kevin Bacon, Elisabeth McGovern e Alec Baldwin) e talvez seja seu filme mais maduro. É um divertido ensaio sobre os prós e contras de uma vida matrimonial.

Alguém muito especial
(1987): um garoto sensível (Eric Stoltz), a garota popular (Lea Thompson) e sua melhor amiga estilo joãozinho (Mary Stuart Masterson)... Aquela velha história... Por que nunca olhamos melhor o que está à nossa volta? Por que sempre almejamos somente algo superficial como a beleza física? Pra que procurar tanto? Não é muito melhor esfregar os olhos? Fuja das idealizações, seja você, ame quem te ama...

Férias Frustradas: alguém sente saudades da trilogia Férias Frustradas (Vacation, 1983), Férias frustradas 2 (European vacation, 1985) e Férias frustradas de Natal (Christmas vacation, 1989) protagonizada pela família Griswold, ou melhor, Chevy Chase, Beveryl D' Angelo e seus pimpolhos? Não importa o lugar, eles sempre se metiam em confusões hilárias. Vale citar que Hughes apenas roteirizou os três filmes.


Música do dia:

Ok, ok, ok... Essa música é brega, mas eu gosto, falou? Ela faz parte da trilha sonora do filme Pretty in Pink (A garota de rosa-shocking).


If you leave me now
(Chicago)

If you leave me now, you’ll take away the biggest part of me
No baby please don’t go
If you leave me now, you’ll take away the very heart of me
No baby please don’t go

A love like ours is love that’s hard to find
How could we let it slip away
We’ve come too far to leave it all behind
How could we end it all this way
When tomorrow comes we’ll both regret
Things we said today

A love like ours is love that’s hard to find
How could we let it slip away
We’ve come too far to leave it all behind
How could we end it all this way
When tomorrow comes we’ll both regret
Things we said today

If you leave me now, you’ll take away the biggest part of me
No baby please don’t go
Oh girl, just got to have you by my side

No baby, please don’t go

Oh mama, I just got to have your lovin, yeah

We’ve come too far to leave it all behind




HASTA!

fevereiro 16, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 20)


HOLA!



THE 80'S MOVIES


O primeiro ano do resto das nossas vidas (St Elmo's fire)


Ano: 1985
Direção: Joel Schumacher
Roteiro: Joel Schumacher e Carl Kurlander
Elenco: Emilio Estevez (Kirby Keger), Rob Lowe (Billy Hicks), Andrew McCarthy (Kevin Dolenz), Demi Moore (Jules Jacoby), Judd Nelson (Alec Newbary), Ally Sheedy (Leslie Hunter), Mare Winningham (Wendy Beamish), Martin Balsam (Sr. Beamish), Andie MacDowell (Dale Biderman).



Quando o tio Shummy acerta (Um dia de fúria, Garotos Perdidos, Por um fio, O Cliente, Tempo de matar, o próprio filme abordado, etc), acerta de vez... Já quando erra, melhor esquecer (Pobre Batman!)...

Sinopse: Alec (Judd Nelson) e Leslie (Ally Sheedy) se conheceram na universidade. Ele trabalha como assessor de um deputado democrata e ela como arquiteta. Os dois moram juntos e Alec é amoroso e infiel. Ele acredita que será mais fiel ao consumar o casamento e terá mais chances de progredir profissionalmente. Já Leslie tem dúvidas, pois acredita que essa é uma das decisões mais importantes de sua vida.

Leslie pensa que o melhor amigo do casal é homossexual. Ele é Kevin (McCarthy), um aspirante a jornalista, sensato e regrado que esconde uma paixão avassaladora e não consegue desprender-se desse amor. Kevin divide um micro-apartamento bagunçado com o garçom com diploma de Direito pendurado na parede Kirby (Estevez), um cara sonhador e completamente apaixonado pela médica Dale (Andie McDowell), sua contemporânea da época da universidade. Kirby comete loucuras na esperança de seu amor obsessivo ser correspondido.

Billy (Lowe) é o pirado da turma, mulherengo e despreocupado com o futuro. Vive bêbado e tocando seu sax. Não consegue se manter em nenhum emprego que seus amigos arrumam e não dá a mínima para sua esposa e filho recém-nascido. A pacata Wendy (Mare Winningham) é virgem e muito tímida, apaixonada por Billy desde os tempos da faculdade e sustenta todos os caprichos do amigo. Ainda tem que tolerar a família tradicional e rica que não vê a hora em que ela se case.

Jules (Demi Moore) tem mania de grandeza e não aceita sua condição financeira. Mente para todos a sua volta, tem um caso com seu chefe e cai no mundo das drogas.




Agora, mais do que nunca, eu compreendo esse filme. A gente passa a vida escolar tendo pesadelos com o Vestibular e sonhando com a faculdade. Pensamos que tudo transcorrerá bem, porque estamos estudando o que queremos ser, não é? Todas as matérias devem ser interessantes, o estudo não é mais um martírio e sim uma diversão, não? E ao sair da faculdade, estaremos realmente preparados para esse sufocante mercado de trabalho? Saberemos lidar com nossa insegurança? Será uma fase mesmo? Você saberá segurar numa boa? Todos, ao seu redor, saberão lidar com isso? E as amizades realmente duram para sempre? No final das contas, que balanço tiramos de nossas vidas?


O clube dos cinco (The Breakfast Club)


Ano: 1985
Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Elenco: Judd Nelson (John Bender), Emilio Estevez (Andy Clark), Ally Sheed (Allison Reynolds), Molly Ringwald (Claire Standish), Anthony Michael Hall (Brian Ralph Johnson) e Paul Gleason (Principal Richard Vernon). John Hughes faz uma ponta como Mr. Johnson, o pai de Brian.

O rebelde, o esportista, a princesinha, o nerd, a estressadinha com visual dark. Cinco jovens após terem cometido pequenos delitos são obrigados a passar o sábado na biblioteca da escola escrevendo uma redação de mil palavras sobre o motivo pelo qual estão de castigo. Apesar de serem muito diferentes, ao transcorrer do dia, vão conhecendo uns aos outros, confissões são feitas e à medida que aceitam uns aos outros, quebram os estereótipos e aceitam a si próprios. Um filme simples, dosando bem o tom dramático com a comédia e de uma sinceridade absurda. Dirigido de forma impecável por Howard Hughes e bem conduzido pelo seu elenco, mostra-nos os dramas, as alegrias, os sonhos e anseios de toda uma geração.

E aquela trilha sonora cheia de hits ainda vende? Muito boa!!

1. Don't You (Forget About Me) - Simple Minds
2. Waiting - Elizabeth Daily
3. Fire In The Twilight - Wang Chung
4. I'm The Dude (Instrumental) - Keith Forsey & Steve Schiff
5. Heart Too Hot To Hold - Jesse Johnson & Stephanie Spruill
6. Dream Montage (Instrumental) - Gary Chang
7. We Are Not Alone - Karla DeVito
8. The Reggae (Instrumental) - Keith Forsey
9. Didn`t I Tell You - Joyce Kennedy
10. Love Theme (Instrumental) - Keith Forsey

E cartinha que eles deixam para o diretor, lembram?

"Dear Mr. Vernon: We accept the fact that we had to sacrifice a whole Saturday in detention for whatever it is we did wrong, but we think you`re crazy for making us write an essay telling you who we think we are. You see us as you want to see us: in the simplest terms, in the most convenient definitions. But what we found out is that each one of us is a brain, and an athlete, and a basket case, a princess, and a criminal. Does that answer your question? Sincerely yours, The Breakfast Club."

"Don't you forget about me... Don't , don't, don't you forget about me...."



HASTA!