outubro 24, 2004

Que Bond que nada...

HOLA!

Meu nome é Kiddo, Beatrix Kiddo.




Tudo bem, não soa tão bem como a frase famosa do agente secreto mais famoso da história do cinema, mas o seu charme é tão ou superior ao seu hermano britânico. James é polido, elegante, e sempre sai impecavelmente arrumado das piores situações, contudo a Noiva mesmo banhada em sangue, enterrada e suja de terra, consegue ter o mesmo glamour que o 007. A grande diferença entre os dois está na humanidade que tem Beatrix, já que é movida por uma vingança por aqueles que mataram seu noivo e amigos.

Na sua jornada, ela não tem nem dó nem piedade com os inimigos, é dura e firme nos ideais, além de lutar maravilhosamente bem. Por trás de sua vingança, vemos que tudo foi gerado pelo amor e que realmente são bastante tênues os limites já tão referidos entre este sentimento e o ódio e percebemos que não se sofre apenas metaforicamente por alguém, mas sim literalmente. Dividido em 2 volumes, o filme é escrito e dirigido pelo sempre inovador, genial e também cinéfilo Quentin Tarantino que, especialmente neste seu mais recente trabalho, nos mostra que antes de um exímio diretor e roteirista, é um grande apreciador da sétima arte ao fazer homenagens explícitas aos western spaghetti, aos filmes japoneses e chineses da década de 60 e 70 e e aos animes.

Apesar de não encontrarmos os dialógos inteligentes e brilhantes dos outros filmes do Tarantino, ele mantém sua direção sempre inusitada com direito a podolatria, telas divididas, mudanças de dimensões, preto e branco, animes, personagens femininas interessantes e trilha arrebatadora (quem não teme a Noiva toda vez que começa a tocar aquela música?).

Kill Bill 1 é mais over, com cenas de luta bem coreografadas, menos diálogos, mais pancadaria, contudo essa violência retratada no filme é graficamente bonita e até metafórica. Com um roteiro fragmentado, não cronológico, vemos inicialmente o massacre que devasta a Noiva. Anos em coma, totalmente vulnerável. Acorda e está pronta pra vingança, mesmo que seus pés não colaborem muito, mas nada que a filosofia oriental e o poder da mente e da concentração para ultrapassar os obstáculos. Seguimos em capítulos a jornada da Serpente Negra (codinome da Noiva quando trabalhava como assassina pro Bill) atrás dos seus antigos "amigos" do grupo de extermínio As Víboras Mortais.

Além das referências alojadas em cada canto do filme (e que delícia é ficar ressaltando cada uma durante a sessão), um ponto que quero destacar é o humor sempre presente nas obras do Tarantino. A cena pode ser a mais dramática, a mais violenta, mais tem sempre uma pitada da sua acidez e sarcasmo. O que falarmos de uma conversa civilizada entre duas mulheres ensangüentadas diante de uma criança? Um dos grandes pontos altos do vol 1 é a sequência feita em anime pra explicar à origem de O-Ren Ishii (Lucy Liu, surpreendente) e é no mímino sensacional assim como sua luta com a Noiva naquele terreno coberto por neve e o contraste feito pelo vermelho vivo nos lembra uma obra impressionista.

Terminada a primeira parte do filme, ficamos com um gostinho de quero mais e, nessa expectativa absurda, muitas vezes nos decepcionamos. Bem, Kill Bill 2 supera todas as expectativas. Muito mais real, sem jorros de sangue esguichando pelos pescoços, membros e com os diálogos muito mais valorizados. Tenho que destacar a participação do Michael Madsen, que nos faz criar uma empatia surpreendente com seu personagem, sua vida sem graça, enfadonha, que nada parece com a vida movimentada de um assassino profissional. Mas não o subestimem, já que quando é preciso mostrar sua verdadeira faceta, se torna o mais difícil rival da Noiva, a ponto de enterrá-la viva e nos fazer temer de verdade. Outro destaque é a Daryl Hannah, bem distante de seus antigos personagens medíocres e sua cena memorável ao mostrar que sabe usar bem os sites de pesquisa da internet.

Todavia a minha parte favorita do vol 2 é o treinamento do Pai Mae. Uma homenagem escancarada aos filmes orientais e seus mestres ancestrais (quem não se deliciava ao vê-lo acariciar seu cavanhaque quilométrico e quem não queria esmagar a Elle (Daryl Hannah) depois de certo acontecimento?). Superação, disciplina, coragem, respeito são uma das inúmeras lições desse grande mestre.

Depois de rever Era uma vez na América e Era uma vez no Oeste, ficou nitidamente mais claro a homenagem do Tarantino ao magistral Sérgio Leone, tanto na sua direção com seus zooms, planos mais amplos, closes quase que instantâneos, como na fotografia e na trilha sonora. É impressionante como ele consegue capturar todas essas referências, colocar em um liqüidificador e criar algo totalmente original, uma obra-prima, assim é Kill Bill. Muita gente chiou do final, meio de contramão, anti-clímax, mas antes de tudo, ele é um filme de amor, como podemos ser destroçados por esse sentimento e capazes de cometer os atos mais insanos. Há uma trégua passageira, olhares cansados, um remorso sem volta, afinal havia um link entre eles. Pra que sopapos, chutes, tiros, golpes de espada, se as palavras podem ferir mais, são mais fortes, cravando muito mais no peito? E Tarantino fecha com chave de ouro ao ir ao âmago daquela vingança, um golpe deferido na raiz de tudo, no big bang, na nossa irracionalidade inestimável e como citou o crítico KMF na sua genial crítica ao filme, KB poderia ser resumido em uma breve idéia célebre shakespereana "All is fair in love and war".



Bourne, Jason Bourne



Vou lhes contar um segredo: não sou fã do James Bond. Acho-o charmoso, inteligente, interessante, mas o acho tão superficial, tão maniqueísta, tão machista. Somos meros objetos de prazer, personagens pra lá de secundários, mocinhas indefesas ou mocréias irresistíveis e venenosas. "God save the queen" que nada, será que o Bond um dia iria contra as regras do seu país que apóia o palerma do Bush? Não vou massacrar a série, existem algumas exceções como alguns filmes estrelados pelo Sean Connery que são muito divertidos, entretanto, em geral, são esquemáticos demais, além do que me cansei do homem biônico. Só pode né? O cara é indestrutível...

Quando fui ver Identidade Bourne há alguns anos, pensei que veria mais um clone chinfrim do Bond, mas me enganei. Dirigido com bastante eficiência pelo Doug Liman (do ótimo Vamos Nessa), somos apresentados a um espião, um matador que sofreu uma tentativa de assassinato e que perambula sem memória, em busca de si e fugindo do mundo que desconhece. E se o Matt Damon era uma escolha duvidosa inicialmente, ele reiterou em Supremacia Bourne que é muito mais dimensional que seu caro colega britânico e é meu agente nº1.

Nesta sua nova aventura, dirigida desta vez por Paul Greengrass, encontramos Jason escondido na Índia com sua namorada Marie (Franka Potente), todavia não por muito tempo, porque o passado sempre volta para o cercar e até mesmo o envolver em certas armações. Após um fato altamente previsível e necessário, ele volta pra acertar as contas, movido a ódio e vingança.

Altamente habilidoso, criativo, inteligente, ele é esquemático, estrategista, concentrado. Não perde tempo com meras palavras, é obstinado ao extremo. Sua arma não são utensílios mirabolantes, carros que quase falam e sim ele mesmo. De um a um, ele vai desvendando a rede de artimanhas que o cerca.

A personalidade ambígua do Bourne nos fascina e quando o vemos olhar uma certa foto, percebemos que não é uma máquina, é palpável, é humano. Obviamente que em filmes desse gênero há uma mentira aqui, uma mentira acolá, mas até na mentira temos que ter o mínimo de coerência, o que não acontece nas séries atuais do Bond que anda reinventando as leis da Física. Jason se machuca, sente dor (prestem atenção quando ele cai em um barco de mau jeito e vejam que ele manca todo resto do filme), ele está mais para um Homem Aranha que para um Superman.

Contando com um ótimo elenco (onde vale destacar a ótima Joan Allen, um verdadeiro páreo duro para Bourne), ótimas locações, cenas memoráveis de perseguições, lutas, tiros, percebemos que Supremacia Bourne vale cada tostão gasto por nós. Não temos tempo nem pra respirar, ficamos grudados na cadeira, é adrenalina pura, é diversão do começo ao fim e respeita nossos neurônios. Já estou a contar os dias para a próxima aventura. Curso de reciclagem serve para todos, viu Sr. Bond? Que tal uma consultoria?



PS: Demorou tanto pra sair, que achei uma porcaria... mas está aí! Poderia ter feito melhor, mas ando sem inspiração total... Agora pra tudo, ferrou!:-(



HASTA! (Por um bom tempo...)

outubro 17, 2004

Preenchendo o tempo...


HOLA!!!

Como está havendo um certo atraso em um post e não é minha culpa, né você sabe quem? Então, vou enrolar alguma coisa aqui... Putz, sem inspiração nenhuma. Vai ficar diário... humm, não quero! Putz, já era. Estou com umas idéias na cabeça de montar um texto... A idéia é bacana, o problema é desenvolver.

Renovando conceitos e admitindo preconceitos

Odeio pagode, axé e afins. Samba? Alguns... Mas a Estação Primeira de Mangueira me fez mudar de opinião. O som arrebatador da bateria, a voz divina do Jamelão, a ginga das mulatas e o sorriso estampado na face, apesar de toda miséria que os cerca, contagiou-me e agora sou crente à religião Mangueira. Até para uma estátua de gesso pra dançar como eu, me vi remexendo de lá, remexendo de cá, virei uma pseudo-passista hehehe... Pra matar de inveja alguns, um trechinho do samba-enredo do ano que vem e se preparem que talvez eu saia na avenida, mas de forma comportada... I PROMISE!!

"Mangueira, tu és o ar que eu respiro
O fogo que aquece o meu coração
A esperança de um novo amanhecer
É reciclar, sobreviver

Se me desafiar, pode contar, não vou desistir
Pois a energia é o nosso desafio
E o nosso desafio é aqui

A energia do samba
É combustível pro amor, sou Mangueira
Nos braços do povo fazendo fluir
A verde e rosa na Sapucaí"


Lembrei-me daqueles filmes que mostravam os carnavais de Veneza e o arlequim e a columbina. Sempre tive uma preferência pelos carnavais antigos, tanto no Brasil como no mundo e não sou muito fã do carnaval in loco. Mas queimei minha língua pra variar...


Falando em Arlequim, agora me lembrei da ótima HQ A Paixão do Arlequim do Neil Gaiman, mesmo autor do Sandman. Conta-nos a história do Arlequim invisível para todos e que é apaixonado por uma jovem loira de cabelos curtos na faixa dos 20 anos. No dia dos namorados, prega seu coração na porta da sua amada, com o objetivo de não passar por essa data mais uma vez solitário, principalmente nesse dia em que todos os sentimentos e sofrimentos tornam-se mais pungentes. Surpresa, sua amada começa a vagar pelas cidade à procura do dono do coração. Durante a jornada da moçoila, cada vez mais o Arlequim se apaixona, a ponto de qualquer sacrifício, de um ato desesperador para conseguir um instante de felicidade, mesmo que o futuro seja mais que incerto. Apesar de uma ilustração fraca, o forte da HQ são suas emoções, seus diálogos inspirados, sua sensibilidade, bem peculiares e escritos com maestria pelo Neil Gaiman.

Durante o feriado, revi quatro grandes filmes: Era uma vez na América, Laranja Mecânica, Contatos Imediatos do 3º grau e Taxi Driver. Excelentes...

Era uma vez na América

Pra mim o melhor filme sobre a máfia. Dirigido pelo fenomenal Sergio Leone, todos os elementos cinematográficos (fotografia, trilha sonora, direção de arte, figurino etc) conspiram para formar essa obra-prima do cinema que conta com com um elenco fenomenal e inspiradíssimo. Estou numa fase I love De Niro mais do que nunca :-)))

Laranja Mecânica

Kubrick é um gênio. Sarcástico, crítico, mordaz, original. Minhas glazes brilharam de excitação e entusiasmo ao rever esse grande filme. Flashes de imagens, frases ditas reverberam na minha mente até agora.

Contatos Imediatos do Terceiro Grau

Os extra-terrestres não nos querem mal, nós que pregoamos a cultura do medo, nós que receamos tudo que não temos conhecimento. Comunicam-se através de música, num show visual fantástico. Se aquele dia em que viu o OVNI mudou a vida do personagem vivido por Richard Dreyfuss, Contatos Imediatos mudou minha maneira de enxergar os filmes de ficção científica.

Taxi Driver

A Cybil pode não querer nada com você, Bob (para íntimos hehe), mas eu aceito casar com você, não De Niro rechonchudo de agora, quero o do Taxi Driver hehe. Um sujeito tímido, solitário ao extremo, sem modos, bruto, sem lapidações, amoral, que transforma o desprezo e a ojeriza pela sujeira noturna da cidade em ódio e vingança. Sua ligação afetiva com a personagem da Jodie Foster e sua preocupação e afeto por ela ressaltam as qualidades do roteiro em não torná-lo um personagem unidimensional. Vale ressaltar a participação inspiradíssima do diretor Martin Scorsese. Um filmaço imperdível, refugia-se na solidão de Travis. Acho que vou pra NY hehe...


Mudando de assunto, há 2 semanas terminei de ler Código Da Vinci... Inicialmente muito bom, com todas aquelas referências à simbologia,infelizmente o final é meio clichê, mas nada que desagrade ao público ou que diminua a obra.

O novo CD do R.E.M. já chegou nas lojas e com um preço salgadíssimo, depois falam que a pirataria isso, a pirataria aquilo. O DVD novo está apenas menos de R$ 15 reais de diferença do CD. É ou não é um contra-senso?

Não gostei desse post...

Música do dia (inspirada talvez em fatos reais):


"Sour Times"
(Portishead)

To pretend no one can find
The fallacies of morning rose
Forbidden fruit, hidden eyes
Curtises that I despise in me
Take a ride, take a shot now

Cos nobody loves me
Its true
Not like you do

Covered by the blind belief
That fantasies of sinful screens
Bear the facts, assume the dye
End the vows no need to lie, enjoy
Take a ride, take a shot now

Cos nobody loves me
Its true
Not like you do

Who oo am I, what and why
Cos all I have left is my memories of yesterday
Ohh these sour times

Cos nobody loves me
Its true
Not like you do

After time the bitter taste
Of innocence decent or race
Scattered seeds, buried lives
Mysteries of our disguise revolve
Circumstance will decide ....

Cos nobody loves me
Its true
Not like you do

Cos nobody loves me
Its true
Not like you
Nobody loves.. me
Its true
Not, like, you.. do


HASTA!