março 28, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 39)


HOLA!




THE 80'S MOVIES



"Making a film is like a stagecoach ride in the old west. When you start, you are hoping for a pleasant trip. By the halfway point, you just hope to survive" (Director Ferrand (Truffaut) em A Noite Americana)





Martin Scorsese nasceu em 17 de novembro de 1942 em Nova York. Sua paixão pela cidade é perceptível nas telas, mas ele nunca romantizou NY, sempre a mostrou na sua forma mais crua. Descendente de italianos, graduou-se em Cinema pela Universidade de Nova York aos 22 anos. Durante a faculdade, fez vários curtas que foram bastante elogiados. Durante esta época, um jovem crítico chamado Roger Ebert fez rasgados elogios ao filme Who’s That Knocking at My Door? (1969) e este era apenas o primeiro filme de Scorsese.

Fez tanto sucesso que recebeu o convite de um renomado produtor para dirigir Sexy e Marginal (1972). Começava aí os primeiros passos de um dos maiores cineastas da história que redefiniria o cinema americano moderno. Um excelente contador de histórias e dotado de uma virtuosidade extrema na direção. Aborda em seus filmes temas diversos, mas sempre profundos tais como a violência urbana, a máfia, a massificação da TV e seus personagens são complexos e perturbadores.

Seu primeiro grande sucesso foi Caminhos Perigosos (Mean Streets, de 1973) e é um dos seus filmes mais geniais. Scorsese também mostra ser um diretor versátil como podemos perceber na escolha de seus filmes. Nos anos 70, fez desde filme noir até musical. Nos anos 80, há desde dramas até comédias de humor negro. Nos anos 90, abordou temas sobre a Máfia, falou a favor do povo tibetano em Kundun e até abordou um romance impossível durante o século XIX em A época da inocência. Nos últimos anos, voltou a relatar o caos social atemporal, seja como um paramédico no final da década de 90 que vagueia dentro de uma ambulância em NY prestes a um colapso nervoso ou a jornada de um jovem em busca de vingança numa luta sangrenta entre gangues em uma Nova York do século XIX.

No recente Aviador, Scorsese aflora a sua genialidade na arte da direção. Sua capacidade de extrair ótimas atuações do seu elenco é bem evidenciada neste filme que, como disse o Krivo, reinventou o Di Caprio.

Durante os anos 70 e 80, seu alter-ego chamava-se pelo nome Robert De Niro. Pelo andar da carruagem, será que Di Caprio é seu novo alter-ego?

Bem que ele poderia se aventurar na arte de atuar. Suas participações em Taxi Driver e na animação Espanta Tubarões revelam um ator que consegue dar um tom sarcástico fascinante e meio neurótico em seus personagens.

Scorsese é um perfeccionista no sentindo mais amplo da palavra. Seu esmero é extremo em traduzir, em detalhes, os cenários e os figurinos da época em que cada filme está inserido.

Também vale destacar a parceria de Scorsese com o roteirista (e também diretor) Paul Schrader cujos frutos foram Taxi Driver, Touro Indomável, A última tentação de Cristo e a mais atual Vivendo no limite.

Como estou falando dos anos 80, citarei sua filmografia durante esta década.





A cor do dinheiro (1986):
alguém pode fazer ótimas e acrobáticas tomadas de um simples jogo de sinuca (nunca sei a diferença entre bilhar e sinuca) e o tornar excitante? Eis Scorsese. Aqui um ex-campeão (Paul Newman, estupendo) conhece um jovem (Tom Cruise) bastante talentoso e decide ensinar-lhe tudo que sabe. Porém à medida que aperfeiçoa o jogo do jovem, lhe ensinando todos os truques, redescobre sua paixão pelo jogo. Questões como conflito de gerações e o vício pelo jogo poderiam ser abordados melhor, mas não chega a prejudicar o bom padrão do filme.


Touro Indomável (1980):
nesse genial filme cuja fotografia é impecável, encontramos De Niro numa atuação incrivelmente absurda ao viver o pugilista peso-médio Jake LaMotta, O Touro do Bronx, que teve uma carreira meteórica de sucesso no boxe, à medida que sua vida pessoal se dregadava, devido ao seu caráter auto-destrutivo, com seu temperamento difícil e agressivo, além do seu ciúme doentio pela esposa. Scorsese faz a gente babar nas cenas de luta, entremeando um slow motion em sua câmera com panorâmicas velozes. A violência do filme não é só gráfica, é psicológica, é emocional. A montagem excepcional de Thelma Shoonmaker, a atuação monstruosa já citada de De Niro, a profundidade do seu personagem, a melancolia explícita naquela cena final corroboram para sua excelência. Em suma, Touro Indomável é para os cinéfilos, além de obra-prima, uma declaração de amor ao cinema nos seus mais diversos níveis, para os que trabalham ou querem trabalhar na área, é uma aula das boas.


Depois de horas (1985):
Imaginem... Você é um solitário convicto, odeia a mesmice do seu trabalho e da sua vida e, ao acaso, encontra a garota da sua vida. No mínimo vai pular de alegria, não? Imaginem se ela lhe der o telefone? Nossa, bom demais pra ser verdade, não? Aqui a tal garota dá o telefone de uma amiga, o carinha solitário liga e marcam um novo encontro. Maravilhoso, não? Só que Paul, o personagem de Griffin Dune, vai ralar muito até chegar lá nessa ótima comédia de humor negro. Pensem numa pessoa em que a Lei de Murphy se encaixa em gênero, número e grau... Paul deixa voar seus únicos dólares pela janela do táxi, é confundido com um bandido e passa a ser perseguido por uma gangue. E as figuras pitorescas que cruzam no seu caminho? Garçonetes solitárias, artistas boêmios, vendedores, homossexuais enrustidos, garçons... O filme tem um humor refinado, com diálogos inteligentes e uma fotografia sensacional que realça bem as cores fortes mesmo em locais mal-iluminados. Alguns criticam a edição do filme ora muito rápida ora muito lenta e há uma lenda que Scorsese demorou pra finalizar a cena final porque não sabia como terminar aquela noite louca na vida de Paul. Que bom que ele decidiu por aquele ótimo final...


O rei da comédia (1983):
"É melhor ser rei por uma noite do que panaca a vida inteira". Essa frase dita por um comediante em início de carreira (De Niro) revela um pouco desse ótimo filme. De Niro é um candidato a humorista que se acha O CARA. Sua auto-confiança é tão grande que ele não tem vergonha de entrar no carro de um famoso humorista (Jerry Lewis, em uma das suas melhores atuações) e pedir na cara dura para trabalhar no seu programa. Ele é tão egocêntrico que vive num universo particular onde é o centro das atenções e os mais diversos artistas babam nos seus pés. O grande problema é quando ele confunde fantasia com realidade a ponto de construir situações na sua mente e realmente achá-las verdadeiras.

Há uma patologia na Medicina chamada de Mentira Compulsiva onde a pessoa mente sem objetivo claro, mas é evidente que é uma forma de não saber lidar com seu verdadeiro "eu", querendo ser outra pessoa para que os outros a admirem e essa avalanche de mentiras a absorve de tal maneira que acaba tornando aquele universo real. O mintômano não se controla e o grande perigo é quando ele deixa de distinguir o que é real do fictício e chega até a confundir suas próprias memórias.

Envolvido na sua loucura e disposto a tudo pela fama, Pupkin (De Niro) seqüestra o grande humorista e o obriga a participar de seu programa. Apesar do tom humorado, a melancolia é presente em cada fotograma desta película. Pupkin ao confundir realidade com ficção mostra uma velada decepção com seu mundo assim como o solitário Langford (Lewis) cuja vida real é um marasmo só.

Quando era mais nova, babava as cozinheiras dos restaurantes e lanchonetes. Ficava a pensar que me tornaria um Moby Dick se estivesse no lugar delas. Até quando uma cozinheira me disse que não agüentava nem sentir o cheiro da sua própria comida, muito menos experimentá-la. Meu ideal de Tia Nastácia caía ao chão. Vocês já viram o Chico Anysio sendo ele mesmo? Seu mau-humor é notório. Como já afirmei em posts anteriores, eu não consigo achar muita graça nos palhaços. Acho aquela alegria tão artificial, mas é seu trabalho, é seu fardo, assim como é para Langford.

Scorsese nos põe a refletir sobre aqueles personagens reais ou fictícios, mas completamente verossímeis e nos arranca atuações soberbas tanto de De Niro como de Jerry Lewis.


A última tentação de Cristo (1988):
católicos fanáticos de plantão nem devem ter chegado perto desse filme "indecoroso" e "execrável" e nem imaginam que o próprio Scorsese é um católico praticante e que quase vestiu uma batina. Enquanto Mel Gibson veio com seu "espetáculo" visual no ano passado, Scorsese já havia apresentado o melhor filme sobre Cristo. Mudou alguns fatos, mas manteve a essência da vida de Jesus e o humanizou de tal maneira como nunca foi feito na história do cinema.





Vamos imaginar uma situação: você é surdo-mudo (putzz!) ou não sabe reconhecer bem a voz de uma pessoa e vai ao cinema ver a animação Formiguinhaz. Começa o desenho e vemos uma formiguinha deitada numa folha (seu divã) falando pelos cotovelos sobre suas crises existenciais para o analista. Só por essa cena e pelas expressões faciais da formiga percebemos que atrás dela está o grande ator e cineasta Woody Allen. Nascido como Allan Stewart Konigsberg em dezembro de 1935 no Brooklyn, em Nova York, a história pessoal desse baixinho apaixonado por jazz poderia bem virar um dos seus inúmeros filmes geniais. Em cada película, mostra uma faceta da sua personalidade. Podem ser obras de ficção, mas cada personagem tem um pouco desse homem criativo, circunspecto e deliciosamente neurótico.

Aos 15 anos, já usando o nome Woody Allen, começou a escrever para colunas de jornais e posteriormente para programas de rádio. Apesar de ter freqüentado a Universidade de Nova York, não chegou a se formar. Inicia, na década de 60, sua carreira de comediante em casas noturnas. E vocês sabiam que ele ganhou um Grammy em 1964 por um disco chamado Woody Allen, contendo as gravações de seus shows? Em um desses shows, chamou atenção de um produtor que o contratou para escrever e estrelar o filme "O que é que há, gatinha?" (1965), seu primeiro passo para uma carreira irretocável.

Participou também do popular programa The Tonight Show. Escreveu peças, gravou discos, publicou livros. O início da sua carreira cinematográfica se caracteriza por comédias rasgadas tais como Bananas, Um assaltante bem trabalhão e Tudo o que você sempre quis saber sobre sexo e tinha medo de perguntar.

Nas décadas seguintes, partiu para dramas familiares, conflitos amorosos, encontros e desencontros, mas sem deixar de lado seu humor peculiar. Criou um personagem que entrou para a mitologia cinematográfica: um homem de óculos, franzino, desajeitado e tímido, que socialmente se revelava um intelectual e que encantava as mulheres. Contudo era criar um pouco de intimidade, que a verborragia reprimida se revelava.

Também se revela um grande homenageador do cinema, já que em suas obras há grandes referências temáticas a Bergman, Groucho Marx, Fellini, Eisenstein e até ao grande músico Cole Porter. Retrata com tanta paixão o universo dos seus personagens dentro de Nova York, sua cidade natal, que é considerado o mais nova-iorquino dos diretores.

PS: Eu estou doida pra ver Melinda e Melinda!

Já que é pra falar dos anos 80, eis sua vasta filmografia da década. Fiz questão de incluir Manhattan e Annie Hall porque muitos o viram nos anos 80.

Antes, imaginem um diálogo meio non-sense entre alguns personagens dos filmes de Allen... Hilário seria pouco... E se fosse tipo uma conversa de bar com todos destilando suas neuroses?

Sandy Bates: You can't control life. It doesn't wind up perfectly. Only-only art you can control. Art and masturbation. Two areas in which I am an absolute expert.

Isaac Davis: Hey, how many times a night can you, how, how often can you make love in an evening?

Cliff Stern: Last time I was inside a woman was when I visited the Statue of Liberty.

Andrew: Sex alleviates tension and love causes it.

Elliot: God, she's beautiful... She's got the prettiest eyes, and she looks so sexy in that sweater. I just want to be alone with her and hold her and kiss her... and tell her how much I love her and take care of her. Stop it, you idiot. She's your wife's sister. But I can't help it.

Andrew
: I wonder if geniuses have problems with their sex lives.

Leonard Zelig: I worked with Freud in Vienna. We broke over the concept of penis envy. Freud felt that it should be limited to women.

Isaac Davis: My ex-wife left me for another woman.

Party Guest: I finally had an orgasm, and my doctor said it was the wrong kind.

Danny Rose: I need a valium the size of a hockey puck.

Mickey: A week ago I bought a rifle, I went to the store - I bought a rifle! I was gonna, you know, if they told me I had a tumor, I was gonna kill myself. The only thing that might-ve stopped me - MIGHT'VE - is that my parents would be devastated. I would have to shoot them also, first. And then I have an aunt and uncle - you know - it would've been a blood bath.




Noivo neurótico, Noiva nervosa (Annie Hall, 1977): "Só há pouco descobri que meu grande problema é um desejo intenso de retornar ao útero. Qualquer útero." Essa frase é proferida por Alvyn Singer (Allen) nesse excelente filme vencedor de 4 Oscars. Neste filme, Allen revela as neuroses urbanas, escancara e satiriza as nossas dificuldades afetivas. Singer é um comediante judeu, que apesar do sucesso, vive fazendo análise por causa das suas neuroses e manias. Um certo dia, conhece a cantora Annie Hall (Diane Keaton, fabulosa) e se apaixonam. E sabem aquela ligação de enzima e substrato da Biologia? Annie também é complicada e eles se encaixam perfeitamente. Começam a morar juntos, mas a insegurança de Singer prejudica o relacionamento causando várias crises conjugais. Annie o larga e parte pra Los Angeles onde conhece um novo amor, entretanto Singer não vai desistir tão fácil e irá atrás dela.

Em Annie Hall, Allen é mais Allen do que nunca: as sátiras, as tiradas irônicas ("Não fale mal da masturbação // É sexo com quem eu amo!" ), o ponto de vista peculiar sobre as pessoas e seus relacionamentos, a paixão por Nova York (seu útero). Mas, ao mesmo tempo, é o mais "cinematográfico" dos seus filmes: vários recursos de edição (voice over, flashbacks, cartoon, sem contar o uso originalíssimo de legendas em uma determinada cena) brilhantemente encaixados que fazem a narrativa correr fluida e ainda original nos nossos dias.

Mas também é um história sobre amor e não de amor: Annie Hall é uma tentativa de Alvy Singer de chegar a um closure em sua relação já inexistente com Annie Hall. Somos avisados pelo próprio Alvy no início do filme ("Annie e eu nos separamos") e o que veremos a seguir é uma tentativa de dissecar sua vida amorosa através da análise da história de um namoro acabado. "Eu acho que um relacionamento é como um tubarão. Ele tem que seguir em frente constantemente, ou senão morre. Acho que o que temos em nossas mãos é um tubarão morto". O resultado é agridoce. Assim como o amor o é na vida real.





Memórias (1980):
baseado em 8 ½ de Fellini e com uma notória homenagem aos irmãos Marx (em uma cena ao fundo vê-se uma foto deles), Allen vive o cineasta Sandy Bates que está prestes a receber uma homenagem pelo seu trabalho em um festival. Durante o percurso, ele tem a chance de relembrar seu passado, meditar sobre o presente e sobre o curso de sua obra assim como o da sua própria vida pessoal. O filme é completamente autobiográfico, já que Allen vivenciou essa fase da sua carreira, quando deixou de lado as comédias que fazia para partir para filmes ditos mais sérios como seus dramas existenciais. A abertura do filme é belíssima, na qual vemos Allen e os personagens à sua volta demonstrando suas emoções através de gestos. O elenco é formidável, destacando-se a belíssima Charlotte Rampling. Também vale destacar a fotografia primorosa e a trilha sonora que tem o melhor do jazz: Louis Armstrong, Glenn Miller, Duke Ellington dentre outros.


Manhattan (1979):
Allen aqui é Isaac Davis, um escritor divorciado (sua mulher o largou para ficar com uma "amiga") que se vê numa situação, no mínimo, constragedora já que sua ex-esposa está escrevendo um livro sobre a vida íntima deles. Enquanto isso, ele namora uma adolescente de 17 anos, mas se vê apaixonado pela amante do seu melhor amigo. A fotografia em preto-e-branco é belíssima. O filme não fala sobre Manhattan, mas versa sobre homens que absorvem o espírito dessa cidade solitária, sua busca incessante e egoísta por alguém para fugir da solidão e sentir-se amado. É como diz o personagem de Jude Law no ótimo Closer: "Sou egoísta, acho que vou ser mais feliz com ela".


A era do rádio (1987):
Allen aqui é o narrador dessa história, durante o início da Segunda Guerra, sobre uma família judia que sempre se reunia ao redor do rádio para ouvir seus programas favoritos e os sonhos que nasciam a partir desses programas. Compartilhamos os sonhos e os destinos de cada personagem. Pra variar, uma fotografia belíssima, uma ótima trilha sonora (Cole Porter, Sinatra e até Carmem Miranda) e um elenco primoroso. Uma verdadeira declaração de amor ao rádio.





A rosa púrpura do Cairo (1985):
um dos meus filmes favoritos onde Allen faz uso da metalinguagem para mostrar a dura realidade do seu país contrapondo-se com a magia utópica do cinema. Eu até fico meio boba ao falar da história da garçonete Cecilia (Mia Farrow) que tolera sua vida de casada com um bêbado desempregado e violento e pra fugir da sua realidade, tenta se divertir nas sessões de cinema. Vidrada pelo filme A Rosa Púrpura do Cairo, é apaixonada pelo mocinho da história e se surpreende, ao assistir ao filme pela quinta vez, com o protagonista interagindo com ela e, em seguinte, ele sai da tela e declara seu amor por ela. Só que isso causa maior confusão com os outros personagens do filme que ficam reclamando da ausência do herói da história a ponto de fazer com o que o próprio ator que faz o personagem ir atrás da sua criatura com medo do fracasso na sua carreira. Mas ao conhecer Cecilia também se apaixona e ela terá que decidir entre a realidade e o sonho. Mia Farrow dá a Cecilia uma sensibilidade e ingenuidade que nos faz solidarizar com todos seus infortúnios e anseios. Jeff Daniels também brilha no seu duplo papel (o ingênuo e deslocado mocinho do filme e o próprio ator em pessoa). A edição do filme é primorosa e a trilha cheia do mais puro swing jazz é sempre eficiente. Esta película também analisa a relação do ator com o seu personagem e os limites entre um e outro. E aborda a nossa relação com o cinema e nos pergunta: qual a função do cinema? Somos inertes a tudo que se passa? Muitas vezes torna-se uma válvula de escape; outras vezes, um recanto para reflexão. Arranca-nos lágrimas e sorrisos. Faz-nos tão amigos, confidentes ou mesmo inimigos daqueles personagens que a vontade de ultrapassar a tela e interagir é iminente.


Crimes e pecados (1989):
duas histórias paralelas são contadas aqui. Em uma delas, conhecemos um renomado oftalmologista (Martin Landau) que vê sua carreira e sua vida de casado desmoronar quando sua amante (Anjelica Huston) resolve abrir o jogo pra todo mundo. Na outra história, é relatada a história de um cineasta Cliff Stern (Allen) que, apesar de ser casado, ama outra mulher (é impressionante como ele é uma pessoa constantemente insatisfeita com seus relacionamentos. Oh ser volúvel e volátil! Mas quem nunca foi?). Nesse filme percebemos muito do universo "bergmaniano", principalmente o sofrimento físico e moral das irmãs no ótimo Gritos e Sussuros. Ademais, após o personagem principal pedir ao seu irmão para matar sua amante, deparamos com a discussão moral, os conflitos internos e sentimento de culpa semelhantes ao de Raskolnikov no clássico "Crime e Castigo" de Dostoievski. Um filme sobre escolhas e a conseqüência destas em nossas vidas.


Broadway Danny Rose (1984):
"Em plenos anos 50, um agente teatral de segunda categoria tenta alavancar a carreira de um cantor alcoólatra, mas acaba se envolvendo com a ex-namorada de um gângster e é perseguido por mafiosos".

Comentando: Mia Farrow faz aqui um papel bem diferente dos outros filmes de Allen e a película tem uma atmosfera ora poeticamente saudosista, ora assumidamente expressionista. É singelo e divertido. Há uma frase no filme que resume bem o universo de Allen: "Minha filosofia de vida é a de que é importante brincar um pouco; mas também é necessário sofrer; do contrário, passa-se ao largo do essencial".


A outra (1988):
Gena Rowlands (ótima, pra variar) é uma professora de Filosofia que aluga um quarto pra relaxar e só assim ter inspiração para escrever seu livro. Entretanto o quarto ao lado do seu é um consultório de psicanálise e ela começa a bisbilhotar as conversas do profissional com suas pacientes, principalmente as confissões de uma jovem grávida (Mia Farrow). A Outra é um dos mais "bergmanianos" filmes de Allen e apesar de remeter, várias vezes, a Morangos Silvestres, é uma película muito original. Na verdade, é um filme sobre solidão. Concluímos aqui que ter alguém é um mal necessário. Marion (Rowlands) se enconde atrás de diversas máscaras, coloca uma barreira, um escudo nas suas relações pessoais e ao ouvir as sessões daqueles pacientes começa a refletir sobre sua vida, sobre si mesma. Vale destacar o ótimo elenco e a ótima trilha sempre escolhida a dedo por Allen.


Sonhos eróticos numa noite de verão (1982):
"Três casais se reúnem em uma casa de campo, onde debatem sexo e amor e permitem que seus sentimentos venham à tona".

Comentando: Uma moderna visão pessoal e humorada do clássico de Shakespeare. Os cenários são belíssimos e os dialógos, fantásticos.




Zelig (1983): "Um pseudo-documentário sobre a vida de Leonard Zelig (Woody Allen), o homem-camaleão, que tinha o dom de modificar a aparência para agradar as outras pessoas".

Comentando: um dos roteiros mais originais e geniais que já vi. Aqui Allen usa a metalinguagem para fazer uma análise do ser humano, do american way of life, da Alemanha que se erguia para a Guerra, das mazelas da sociedade atual e não seria Zelig uma anomalia das doenças da modernidade, onde as pessoas correm com grande intensidade para cumprir com suas rotinas de vida e tem que se adaptar constantemente a novos ambientes, situações e pessoas? O que existe de Zelig dentro de cada um de nós? Em relação ao gênero cinematográfico, quais os limites entre a ficção e o documentário? Como diz o crítico Eron Fagundes: "Zelig é a materialização da tese de que o documentário e a ficção estão mais próximos do que se pensa".


Setembro (1987):
"É agosto. Numa casa de campo em Vermont, seis pessoas passam o útimo dia de verão. Um cenário ideal para Woody Allen costruir um tocante drama sobre o amor, a amizade e a família ao seu modo inconfundível de fazer cinema. Numa ciranda de paixões, Lane (Mia Farrow), a dona da casa, ama um publicitário, Peter (Sam Waterston), que alugou sua casa de hóspedes. Mas, Peter ama Stephanie (Dianne Wiest), que se sente vazia com o fracasso de seu casamento. Há ainda Diane (Elaine Strich), a mãe de Lane, e o vizinho Howard (Denholm Elliot) que ama Lane, para fechar o círculo. Nesse mundo fechado da casa de verão, os personagens compõem um painel de aspirações e obsessões, que Woody Allen explora como niguém". (Point Video)

Comentando: mais um filme "bergmaniano". E mais uma vez ele disseca com maestria o ser humano e suas conturbadas relações.


Hannah e suas irmãs (1986):
"O coração é um órgão muito elástico". Essa frase dita por Mickey (Allen) na cena final sintetiza muito bem esse soberbo filme sobre relacionamentos que adapta o universo do grande cineasta Eric Rohmer ao mundo americano. O patriarca da família vive reclamando da sua esposa que sempre flerta com qualquer um, Holly (Dianne Wiest, magnífica) acabou de se livrar do vício das drogas e não tem idéia do que fazer da vida, abre um serviço de buffet com uma amiga (Carrie Fisher), mas ambas se apaixonam pelo mesmo cara e quando o arquiteto escolhe sua colega, acaba-se o negócio e a amizade. Lee (Barbara Hershey) vive uma vida acomodada com Frederick (Max von Sydow), um homem culto, pintor, arrogante que recusa o casamento e que é mais um pai, um tutor para ela que um amante. Não sabe Lee que é o centro do universo do seu cunhado Elliot (Michael Caine, excelente), segundo marido da sua irmã mais velha Hannah (Mia Farrow). Hannah é um atriz que voltou a fazer sucesso e segura as pontas de toda família e ainda tem que agüentar as neuroses do ex-marido Mickey (Woody Allen), um produtor de tv altamente hipocondríaco e paranóico que após quase ter o diagnóstico de um tumor no cérebro, começa a procurar um sentido na vida e até passa a procurar uma religião em que apóie sua vida.

Nesse ritual de encontros e desencontros, notamos a frivolidade das relações e percebemos que em alguns relacionamentos há uma questão muito mais de posse que amor propriamente dito. Elliot sempre quis Lee, mas quando isso se torna concreto, mesmo após Lee largar Frederick, a magia é perdida e devido as tentativas frustras de dar um fim no seu casamento, Lee desiste de Elliot e parte pra outra.

Enquanto ainda estava no mundo "encantado" das drogas, Holly, por intermédio de Hannah, sai com Mickey. Mas um não tolera o outro como é bem percebido no seguinte trecho: "Holly: Don't you just love songs about extra-terrestrial life? Mickey: Not when they're sung by extra-terrestrial life". E podem até me bater pelo que vou falar agora: Hannah pode ser adorável, meiga, prestativa, mas por trás daquela máscara, encontra-se uma mulher manipuladora e centralizadora. Perceberam quando Holly fez um roteiro baseado nela, ela teve uma crise histérica? Hannah se disfarça de mulher amável, filha querida, irmã camarada, mãe zelosa (e não que ela não seja), mas ela reprime seus sentimentos, não se revela em nenhum momento, é uma esfinge, tem aquele jeito passive-agressive que é muito mais evidente em outro personagem de Mia Farrow no filme Maridos e Esposas. Um filme divertido, reflexivo, melancólico... Em suma: genial!


Tanto Allen quanto Scorsese juntamente com Francis Ford Coppola participaram do filme Contos de Nova York que já citei em um post anterior.


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Nascido em dezembro de 1947, esse norte-americano de Ohio, é um dos diretores mais influentes do cinema mundial. Amado por uns que o chamam de gênio (eu, inclusive) e odiado por outros que o chamam de responsável pelo processo de infantilização no cinema, Spielberg mostra sua versatilidade em filmes nitidamente blockbusters que abusam dos ótimos efeitos especiais (Jurassic Park, Indiana Jones, Tubarão) como também consegue dar um outro prisma em filmes superficialmente considerados pipocas como E.T., Minority Report, A.I. e Contatos Imediatos, onde há uma mensagem subliminar bastante reflexiva. E ainda nos presenteou com a obra-prima A lista de Schindler. Guerra dos Mundos vem aí!!!





Império do Sol (1987): "Jim Graham (Christian Bale) é um garoto de 11 anos de uma família inglesa que vive no Oriente. Jim tem um padrão de vida alto, mas de repente é separado de seus pais em virtude da China ser invadida pelo Japão. Isto o força a se defender e o obriga a crescer, tornando-se então um sobrevivente em um campo de concentração com rígidas regras".

Comentando: Alguns acusam esse filme de exemplo nítido do sentimentalismo e maniqueísmo de Spielberg, mas é um belíssimo filme que relata o valor da amizade e o processo de amadurecimento diante das mazelas da guerra. O filme tem um ótimo elenco encabeçado pelo garoto Christian B.B. Bale (B.B.= Bateman Batman) e cenas lindas (o rastro de luz não é uma bomba, o gosto comum de raças diferentes que cria uma improvável amizade e que sobrepõe a guerra, o olhar melancólico e vago de Jim no reencontro com os pais etc)que ficam mais marcantes e sublimes na presença da bela trilha de John Williams.... a Em Império do Sol, Spielberg filma a tensão de Jim (Bale) entre a realidade e o sonho. Cinematograficamente, vence o sonho. As melhores cenas são justamente aquelas que mostram algum encanto, como aquela em que Jim toca pela primeira vez suas minúsculas mãos num avião e em seguida bate continência para três oficiais japoneses. Neste rápido instante, Spielberg aparece inteiro, deixando claro que o universo da fantasia é seu verdadeiro império do sol.


Além da eternidade (1989):
"Peter Sandich (Richard Dreyfuss) é um aviador que combate incêndios florestais e morre em um acidente. Ao chegar no Paraíso é apresentado a um anjo, que estimula o espírito de Peter a voltar para passar seu know-how para seu jovem sucessor, Ted Baker (Brad Johnson) e para ajudar Dorinda Durston (Holly Hunter), uma orientadora de vôo, a esquecê-lo. Após voltar como uma aparição invisível, Sandich acaba descobrindo que Ted está apaixonado por Dorinda".

Comentando: um bela aventura romântica com atuações marcantes, uma excepcional fotografia e cenas aéreas de cair o queixo. E ainda tem uma participação especial da minha diva Audrey Hepburn.


A cor púrpura (1985): "Georgia, 1909. Em uma pequena cidade Celie (Whoopi Goldberg), uma jovem com apenas 14 anos que foi violentada pelo pai, se torna mãe de duas crianças. Além de perder a capacidade de procriar, Celie imediatamente é separada dos filhos e da única pessoa no mundo que a ama, sua irmã, e é doada a "Mister" (Danny Glover), que a trata simultaneamente como escrava e companheira. Grande parte da brutalidade de Mister provêm por alimentar uma forte paixão por Shug Avery (Margaret Avery), uma sensual cantora de blues. Celie fica muito solitária e compartilha sua tristeza em cartas (a única forma de manter a sanidade em um mundo onde poucos a ouvem), primeiramente com Deus e depois com a irmã Nettie (Akosua Busia), missionária na África. Mas quando Shug, aliada à forte Sofia (Oprah Winfrey), esposa de Harpo (Willard E. Pugh), filho de Mister, entram na sua vida, Celie revela seu espírito brilhante, ganhando consciência do seu valor e das possibilidades que o mundo lhe oferece".

Comentando: um épico melodramático, com atuações magistrais, principalmente de Whoopi Goldberg, belíssima fotografia e uma trilha arrebatadora. Um filme que realmente faz chorar...

Na década de 80, Spielberg também dirigiu E.T. (1982), Poltergeist (1982), No limite da realidade (1983, Twilight Zone: The Movie) e a trilogia Indiana Jones (1981, 1984 e 1989).






PS: Devido a minha preguiça em certos momentos, pedi ajuda ao site Adoro Cinema. Valeu pelas sinopses gentilmente roubadas!



HASTA!




março 25, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 38)


HOLA!





THE 80'S MOVIES




We are the middle children of history, with no purpose or place. Our generation has had no Great Depression, no Great War. Our war is spiritual. Our depression is our lives. (Tyler Durden, "Fight Club")





Brazil (1985): Brazil é um filme extremamente caótico, mas de profundo significado ideológico! Mostra uma sociedade no futuro, supostamente avançada, mas com um visual extremamente retro-tecnológico, onde tudo deveria funcionar com mais praticidade, entretanto, na verdade, a vida acaba sendo dificultada por máquinas que não funcionam, engenhocas problemáticas que constantemente estão causando caos na vida das pessoas. Uma sociedade que busca a perfeição, mas que, no fundo, é totalitarista e lembra muito os regimes fascistas e, curiosamente, os regimes militares, incluindo o nosso na época da ditadura. Mas o significado de Brazil no filme é a terra idealizada, perfeita, sem prédios grotescos, sem um governo repressor, onde o protagonista interpretado por Jonathan Pryce busca refúgio em seus sonhos, único local onde encontra a tão desconhecida liberdade. O próprio co-roteirista do filme, Tom Stoppard, definiu Brazil como "A mente livre numa sociedade não-livre." O diretor Terry Gilliam define o âmago da sociedade criada em Brazil como um sistema digestivo que acaba levando mais merda do que informação em seus canais.

Como disse, Brazil lembra muito o próprio Brasil na época do regime militar onde os soldados invadiam nossas casas e levavam nossos parentes sem uma explicação, onde pessoas desapareciam sem justificativa nas mãos do governo, onde todas as mentes livres eram caladas. Não sei se Gilliam tinha isso em mente, provavelmente não. Ele idealiza o Brasil da década de 20 ou 30, onde Carmem Miranda era musa, onde aqui era realmente o paraíso dos estrangeiros, a terra do romance (alguns filmes antigos como Notorious de Hitchcock mostram muito bem esse esteriótipo), acentuando ainda mais o clima retrô do filme.

Carruagens de fogo (1981): "Os melhores atletas da Inglaterra iniciam sua busca da glória nos jogos olimpicos de 1924. O sucesso honra sua pátria. Para dois corredores, a honra em questão é pessoal... e o desafio vem de dentro de cada um deles. Vencedor de 4 Oscar® em 1981, incluindo melhor filme, "Carruagens de Fogo" é a cativante história real de Harold Abrams, Eric Liddell e da equipe que trouxe para a Grã-Betanha uma de suas maiores vitórias no esporte. Ben Cross, Ian Charleson, Nigel Havers, Nicholas Farrell e Alice Krige atuaram muito bem em seus primeiros papéis num filme de primeira linha sob a direção de Hugh Hudson. O produtor David Puttnam combinou esses talentos para criar um filme de impacto único e duradouro. Com suas inigualáveis tomadas da competição e sua trilha sonora vencedora de um Oscar® assinada por Vangelis, este filme marcou definitivamente seu lugar no coração daqueles que amam o cinema em qualquer parte do mundo" (2001 Vídeo).

Comentando: um filme belíssimo, emocionante e com uma das melhores trilhas sonoras da história do cinema.

Cocoon (1985): "Extra-terrestres vem a Terra com a missão de recuperar casulos com seres de outro planeta, sendo que enquanto os casulos vão sendo recuperados eles são colocados em uma piscina, energizada pelos alienígenas. Mas os extraterrenos ignoram o fato desta piscina ser utilizada por três idosos moradores de um asilo, que logo passam a ter uma disposição fantástica. Porém, quando descobrem a origem da sua juventude um dilema surge na vida deles".

Comentando: apesar de ser divertido e capaz de emocionar, o filme que vale mais pelas atuações. A continuação Cocoon 2 - O Regresso em 1988 é bem fraquinha, por mais esforço que faça o ótimo elenco.

A festa de Babette (1987): "Na desolada costa da Dinamarca vivem Martina e Philippa, as belas filhas de um devoto pastor protestante que prega a salvação através da renúncia. As irmãs sacrificam suas paixões da juventude em nome da fé e das obrigações, e mesmo muitos anos depois da morte do pai, elas mantém vivos seus ensinamentos entre os habitantes da cidade. Mas com a chegada de Babette, uma misteriosa refugiada da guerra civil na França, a vida para as irmãs e seu pequeno povoado começa a mudar. Logo Babette as convence a tentar algo realmente ousado - um banquete francês! Sua festa, é claro, escandaliza os mais velhos do lugar. Quem é esta surpreendentemente talentosa Babette, que tem apavorado os moradores desta devota cidade com a perspectiva deles perderem suas almas por deleitarem-se com prazeres terrenos?"

Comentando: uma drama existencial narrado com lirismo, espiritualidade e uma bela fotografia. Uma metáfora das nossas vidas através da arte da culinária.

Gandhi (1982): a história verídica do líder pacifista indiano, Mahatma Gandhi, assassinado em 1948.

Comentando: uma das mais perfeitas atuações da história do cinema, Ben Kingsley é Gandhi ou Gandhi é Ben Kingsley?

Coração Satânico (1987): "Nova York, 1955. Harry Angel (Mickey Rourke), um detetive particular, é contratado por Louis Cyphre (Robert De Niro), um misterioso cliente para encontrar um cantor. Entretanto, quanto mais ele se aprofunda na investigação, mais distante fica da verdade. Envolve-se com figuras estranhas, que morrem violentamente e penetra em um mundo místico, que não entende".

Comentando: Alan Parker nos presenteia com uma história densa, intrigante, surpreendente, com tons místicos, cheia de simbolismos e metáforas. Parte técnica irrepreensível assim como seu elenco.

Erik, o viking (1989): "Uma das poucas coisas que se conhece da mitologia nórdica é que existe um Deus chamado Thor, cujo martelo desfere raios poderosos. Assistir "Erik o Viking" é uma boa maneira de corrigir o erro e entrar em contato com lendas, superstições e histórias de rara beleza dos antigos povos escandinavos que habitavam países hoje conhecidos como Dinamarca, Noruega, Suécia e Islândia.Também é um convite à muitas risadas, já que o filme foi dirigido por um ex-integrante do irreverente grupo inglês Monty Python.

Tudo começa quando Erik, um viking de bom coração, acidentalmente mata uma aldeã numa tentativa de salvá-la de seus coléricos companheiros. Reflexivo, dado a devaneios, Erik questiona se a origem da maldade desmedida de seus companheiros não se deveria à falta de sol, pois em seus territórios os vikings nada mais viam que céu cinzento e escuridão. Reunindo um grupo de bravos, amalucados e irreverentes exploradores que pensam parecido, ou mesmo que desejam apenas novas aventuras, Erik comanda uma insólita expedição em busca do sol e de Asgard, morada dos deuses, dos quais espera respostas sobre o verdadeiro significado da vida. Em Niffleheim, morada dos mortos, Erik espera também reaver a mulher a quem matou sem querer, e pedir o seu perdão. Na jornada, repleta de desafios, Erik deve alcançar a ponte Bifrost, feita de arco-íris, único acesso à morada dos deuses Asgard que consiste em palácios de ouro e prata. O Valhala é o mais belo deles, sendo moradia do deus Odin, senhor de todos os deuses, a quem se atribui a invenção dos caracteres rúnicos. Passando maus bocados, mas sempre animado pela busca da verdade, Erik e seus companheiros logram vencer a temível serpente Nidgard e a descrença e rebeldia dos próprios companheiros para chegar até à presença dos deuses em busca de explicações. Este encontro é surpreendente, sendo um dos pontos altos do filme. Trata-se de um grande filme estranhamente ignorado pelos cinemas e pela crítica".

Comentando: depois desse texto aí em cima, melhor calar minha boquinha. Tudo bem, os anos 80 (Ao vivo no Hollywood Bowl (1982), Monty Python e o sentido da vida (1983)) pode não ter sido os melhores pra trupe do Monty Python que, em anos anteriores, nos presenteou com clássicos do seu humor peculiar tais como E agora para algo completamente diferente (1972), Monty Python em busca do cálice sagrado (1975), A vida de Brian (1979), O Incrível Exército de Brancaleone (1966) etc, mas que todos seus filmes são acima da média se compararmos com as comédias que nos fazem engolir goela abaixo, isso é inegável.




O selvagem da motocicleta (1983): "Em uma pequena cidade industrial que está morrendo, o líder de uma pequena gangue, Rusty James (Matt Dillon), vive na sombra de seu ausente irmão mais velho, "O Motoqueiro" (Mickey Rourke). A mãe dele partiu, o pai dele bebe, escola não tem nenhum significado para ele e suas relações são superficiais. Rusty é levado em participar de mais uma briga de gangues e os eventos que se seguem começam a mudar sua vida".

Comentando: mais uma ótima parceria entre o diretor Francis Ford Coppola e a escritora Susan E. Hinton que gosta de abordar os "outsiders" da sociedade. A fotografia do filme em preto e branco é muito bonita e é uma homenagem clara de Coppola ao expressionismo alemão. Rumble Fish literalmente significa peixe de isca, mas a autora do livro que serve de roteiro para esse conto dolorido de Coppola foi buscar a inspiração em uma espécie toda particular de peixe, do tipo ornamental, o Peixe de Briga, cuja característica principal é ser um peixe que só de ver o próprio reflexo no vidro começa brigar consigo mesmo, uma auto-violência que se torna cruel e doentia.

Achei uma resenha bem interessante em um site (ai, perdi o link!) que resume muito bem essa metáfora do peixe em relação aos personagens do filmes.

"Com a persona toda trabalhada em cima dessa imagem, o garoto da motocicleta (Mickey Rourke, irrepreensível, inspirado em Camus e Napoleão) é tudo, menos selvagem. Ele é o herói, idolatrado. Briguento na adolescência, virou uma lenda. Seu fã número 1 é o irmão mais novo, Rusty James (Matt Dillon, perfeito), caso comum quando se tem apenas a família como espelho. O herói é aquele que pode tudo mas que na verdade não quer nada. Essa contradição é o emblema do filme. Em busca de respostas para perguntas que talvez nem saiba, o garoto vai de moto à Califórnia. Na sua ausência, o irmão mais novo faz tudo aquilo que fez do mais velho uma lenda: briga, arranja confusões, é expulso da escola, afinal, o que um garoto pobre pode fazer num bairro perdido de uma cidade esquecida, a não ser brigar de gangues?

Quando o garoto da motocicleta retorna, percebe-se que algo mudou. Há como fugir de uma persona? Cansado de ser o mito, desmontará com sua indiferença desiludida o irmão, mas não a polícia. E qual é o destino de um herói? Coppola domina a tela. O filme é em preto e branco de absoluto sonho porque nosso herói é daltônico, e quase surdo como uma tv preto e branco com volume baixo, explica. Vê apenas vislumbres de cores. E vê que viver não é e nunca será fácil. O selvagem da motocicleta é forte e perturbador porque fala da juventude, para a juventude. Um perfeito cult-movie, talvez o melhor."


A mulher do tenente francês (1981): dirigido por Karel Reisz, o filme aborda duas relações amorosas paralelas. Mike e Anna (Jeremy Irons e Merly Streep) são os protagonistas de um filme que se passa tanto em Londres como no interior da Inglaterra. Mike interpreta o paleontologista Charles que é noivo de uma garota que mora na cidade litorânea onde estuda. Todavia apaixona-se por Sarah (Anna (Merly Streep)), uma mulher marginalizada por sua reputação manchada já que teve um caso amoroso com um tenente francês que chocou toda a sociedade. Enquanto a história fictícia evolui, os atores também passam a viver um amor proibido tal como seus personagens. Um belo filme que ganhou o Cesar de melhor filme estrangeiro e foi indicado a vários outros prêmios.


Adeus, meninos (1987): Louis Malle é o responsável pela direção desse belíssimo e sensível filme sobre a ocupação nazista na França. Julien é um garoto super estudioso em uma escola católica até a chegada de Jean Bonnett. Inicialmente mantêm uma relação de hostilidade, mas com o tempo tornam-se grandes amigos. Durante a Guerra, os próprios professores escondem Julien e outras crianças por serem judeus. Todavia a Gestapo invade o colégio e prende muitos dos que se escondiam lá. Um relato comovente sobre as atrocidades da guerra e o valor da amizade. Tudo é visto através da inocência da infância, uma condição que vai sendo perdida enquanto se avoluma a tragédia da guerra. Essa inocência pode ser resumida no diálogo de uma cena, quando um menino não-judeu pergunta ao irmão mais velho de que os judeus estão sendo acusados e este responde: "De serem mais inteligentes do que nós e de terem crucificado Jesus".





Contos De Nova York (New York Stories,1989): "Na primeira história, "Lições de Vida" (Life Lessons), dirigida por Martin Scorsese, Lionel Dobie (Nick Nolte), um famoso artista plástico, fica arrasado quando Paulette (Rosanna Arquette), sua namorada e assistente, planeja abandoná-lo. Na segunda, "A Vida Sem Zoe" (Life Without Zoe), dirigida por Francis Ford Coppola, Zoe (Heather McComb), uma menina, vive esquecida em um hotel de luxo enquanto seus famosos pais viajam o mundo. Na terceira, "Édipo Arrasado" (Oedipus Wrecks), dirigida por Woody Allen, Sheldon Mills (Woody Allen) é um advogado que não consegue se libertar da mãe dominadora".

Comentando:


Segmento "Lições de Vida" (Life Lessons) - Direção: Martin Scorsese Roteiro: Richard Price

Esse filme já me arrepia até o último fio de cabelo só com aquela música maravilhosa de Procol Harum, A Whiter Shade Of Pale, que dá o clima do filme até o seu final. Nick Nolte e Rosana Arquette estão perfeitos e a química entre eles é excelente. Vale a pena mentir por um amor? Ou você é da turma do filme Closer?

Segmento "Life Without Zoe" - Direção: Francis Ford Coppola Roteiro: Francis Ford Coppola e Sophia Coppola

Mesmo sendo o mais fraco dos três contos, é um filme gracioso, bem no estilo da Sophia Coppola. Até achei que o filme tem um quê de autobiográfico: garotinha rica, pai talentoso que vive viajando... Ela vive em hotéis, tem amigos riquíssimos... Apaixonada pelo pai, mas solitária...

Segmento "Édipo Arrasado" (Oedipus Wrecks) - Direção: Woody Allen Roteiro: Woody Allen

Conto engraçadíssimo de Allen, onde ele mostra um pouco do seu complexo edipiano. Mia Farrow é a "passive-agressive" louca por filhos e Woody Allen nunca consegue aturá-la até o final do filme!




Conan, o Bárbaro (1982): guerreiro nórdico (Schwarzenegger) ainda pequeno é aprisionado como escravo após a morte de sua família em um massacre comandado por um poderoso local (James Earl Jones, a voz por trás de Darth Vader). Após se libertar, jura vingança e só confia na sua espada. No segundo filme, Conan, o Destruidor (1984), ele juntamente com alguns guerreiros e uma princesa, vão atrás de um feiticeiro em um castelo de vidro em busca de um cristal. Ótimas lutas coreografadas e a trilha de Basil Poledouris são os pontos altos do filme juntamente com o carisma de Schwarzenegger.

Gosto de Sangue (1984): primeiro filme dos irmãos Coen e já num clima bem noir. Mulher (Francis McDormand) tem um caso amoroso com um funcionário do marido e o corno enciumado contrata um assassino para matá-los que acaba por matá-lo e fica com a grana. Essa é apenas a premissa de um filme inteligente, cheio de reviravoltas, com suspense e muito humor negro.


Digníssimos de nota: Louca Obsessão (1989), Arizona nunca mais (1987, os irmãos Coen rules!), Amigas para sempre(1988), Peggy Sue (1987), Questão de Classe (1983), Somos todos católicos (1985), Bom Dia, Vietnã (1987), Gêmeos - Mórbida Semelhança (1988), O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante (1989), Meu pé esquerdo (1989), O segredo do abismo (1989, excelente!), O fundo do coração (1982), os dois últimos ambos de Coppola. Apesar de serem da década de 70, tanto Taxi Driver (1976) como Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) foram vistos e venerados por mim nos anos 80.





PS: Agradeço ao site Adoro Cinema pelas sinopses "ctrl+c" e "ctrl+v".



HASTA!

março 23, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 37)


HOLA!





THE 80'S MOVIES





"I see dead people"




Alien, o oitavo passageiro (1979): Ridley Scott aqui esconde o inimigo até o último momento, criando um clima claustrofóbico e de tensão freqüentes nessa ótima mescla de suspense e ficção científica. Sigourney Weaver é a Tenente Ripley, uma dos setes tripulantes de uma nave que está voltando para a Terra. Um dos tripulantes é atacado por uma criatura. Outro tripulante para ajudar o companheiro, quebra as regras deixando algo proibido entrar na nave. Assim tudo começa a dar errado e agora o alien está à solta dentro da nave.

Aliens, o resgate (1986): o segundo filme da franquia foi dirigido por James Cameron e deixa de lado o suspense e se torna um filme de ação de primeira. Ripley (Weaver), depois de 57 anos de sono, resolve salvar várias famílias depois que descobre que o antigo local onde tudo ocorreu com sua nave foi colonizado.

As bruxas de Eastwick (1987): dirigido pelo mesmo diretor de Mad Max (George Miller), que aqui faz uma deliciosa comédia de humor negro que conta a história de três solteironas solitárias (as beldades Michelle Pfeiffer, Cher e Susan Sarandon - Só em filme mesmo!). Entediadas com suas vidas, reúnem-se para tomar todas e para conversar sobre suas frustrações e anseios, além de pedir aos céus um homem ideal. Coincidência ou não (será que elas têm poderes e evocaram aquele homem?), surge o ricaço misterioso e sedutor Daryl Van Horne (Jack Nicholson) que se envolve com as três, satisfazendo todos seus desejos mais íntimos, o que causará um conflito entre elas. Um filme sarcástico e com ótimas atuações.

A marca da pantera (1982): Malcom McDowell aqui é irmão da Nastassja Kinski que descobre que pertence a uma raça diferente. Sua verdadeira origem é uma mistura entre o ser humano e a pantera, já que seus antepassados participavam de rituais de sacrifício tribais enquanto copulavam com panteras. Para procriarem, só poderiam ter relações entre irmãos. Para se transformarem em panteras, precisavam estar com tesão e terem relações sexuais. Para voltarem à forma humana era necessário matar alguém. Dirigido por Paul Schrader (colaborador dos melhores filmes de Scorsese), o filme pode até parecer macabro ou meio tosco, mas é um filme bem bacaninha. Schrader também dirigiu Gigolô Americano (1980) que alçou ao sucesso a carreira de Richard Gere.

Veludo azul (1986): segundo Lynch esse filme é, na verdade, uma grande história de amor. Falar sobre as obras mais pessoais de Lynch é complicado. São tantas nuances, detalhes, simbolismos que é necessário eu revisitar sua obra várias vezes. Kyle MacLachlan é um detevive iniciante que investiga traficantes de drogas (lembram-se da orelha?) e se envolve com uma misteriosa cantora de cabaré sadomasoquista (Isabela Rosselini). Todos os elementos "lynchinianos" estão presentes: visual sombrio, personagens bizarros e à beira da sociedade, tramas inquietantes, misteriosos e complexos, com várias camadas de interpretação. Uma sintonia perfeita entre direção, roteiro, elenco e trilha sonora (Angelo Badalamenti).

Homem Elefante (1980): inspirado em fatos reais, Lynch aqui conta a história de um jovem acometido pela Síndrome de Proteus que, segundo o filme, foi causada após sua mãe ser atacada por elefantes furiosos (na verdade, é uma doença hereditária caracterizada por múltiplas lesões nas glândulas linfáticas, crescimento anormal de um dos lados do corpo (hemi-hipertrofia), cabeça grande (macrocefalia) e gigantismo parcial dos pés). Largado pela família, passa a trabalhar em um circo de aberrações cujo dono o trata como um animal. Segundo a mitologia romana (tive que catar isso :P), Proteus é um deus marinho, filho de Netuno e Tétis, que tem o dom da profecia, mas para isso precisa ser acorrentado enquanto dorme, caso contrário, pode se metamorfosear em vários animais. Um médico interpretado por Antonhy Hopkins o tira do circo, começa a ajudá-lo e o coloca na sociedade. Por ser muito inteligente, sensível e educado, apesar da sua deformidade física, as pessoas se aproximam dele pra tirar proveito, para fazer auto-promoção. Uma cena muito legal do filme se passa entre Merrick (o próprio Homem Elefante) e uma atriz de teatro de quem se tornou muito amigo: "Mr. Merrick, you are not an Elephant Man at all. You're Romeo" Um filme triste, sensível, com uma fotografia em preto-e-branco perfeita e dirigido de forma impecável por David Lynch.

Dublê de corpo (1984): De Palma homenageia o mestre Hitchcock nesse filme onde um ator de filmes trash perde o emprego e é largado pela mulher e passa a morar na casa de um amigo. Começa a bisbilhotar os vizinhos através de um telescópio e acaba envolvido em um assassinato. Uma visão sobre voyerismo e a sexualidade.

Fome de viver (1983): Tony Scott dirige esse filme sobre um vampiro convertido (David Bowie), ou seja, não naturalmente vampiro e sim transformado em um, que percebe que, contrariamente ao universalmente conhecido, está envelhecendo. Preocupado, ele vai atrás de uma médica (Susan Sarandon). O filme se tornou polêmico na época por que Miriam (Deneuve) tenta seduzir a personagem de Sarandon para salvar o marido e engata um romance com a médica.

O iluminado (1980): Kubrick é foda! Um dos maiores cineastas da história do cinema. Genial, versátil, perfeccionista. Fez um clássico que nos fez refletir sobre a evolução humana e as conseqüências da tecnologia nas nossas vidas. Disseca o comportamento humano e faz uma crítica à sociedade e questiona a violência e suas razões. Por acaso sempre é necessário tê-la? Critica a guerra em Nascido para Matar, mostra a trajetória de altos e baixos de um homem em Barry Lyndon, os limites do desejo e da paixão em Lolita e outros filmes excelentes como Glória feita de sangue, Spartacus, Doutor Fantástico dentre outros. Em O Iluminado, Kubrick usa como pano de fundo uma história de fantasmas para questionarmos novamente sobre o comportamento humano e os limites da sanidade. Genética? Ou produto do meio? Kubrick usa muito bem os simbolismos e os ângulos de câmera dando-nos a sensação de estarmos em um cinema de 360º (lembram? Eu adorava!). E Jack Nicholson está super hiper mega estupendo nesse filme verdadeiramente assustador.



A mosca (1986): Cronenberg no seu estado visceral. Jeff Goldblum é um cientista que está testando uma máquina de teletransporte da matéria. Em uma das suas tentativas, acaba deixando uma mosca entrar em uma das câmeras e aí o que acontece, todo mundo já sabe... Os efeitos especiais e maquiagem são show de bola!

Atração fatal (1987): Adrian Lyne que adora o assunto infidelidade e casais no amasso (ele também é diretor de 9 ½ semanas de amor (1986), onde o casal Kim Basinger e Mickey Rourke ficam presos no quarto praticando vários jogos sensuais). Michael Douglas é um bem sucedido advogado que se envolve com uma mulher (Gleen Close) que se revela uma obssessiva doida de pedra. Apesar da história batida, o filme é bem bacana. Também é interessante conhecer o final alternativo que vem nos extras do DVD. Alex (Gleen Close) se suicida e Dan (Douglas) acaba sendo preso como se tivesse cometido o crime.

Batman (1989): muitos bateram o pé quando Tim Burton deu o papel ao Michael Keaton (Beetlejuice?!). Sinceramente não achei que ele estragou tanto o filme. Quando se transforma em Batman, o uniforme até dá bastante credibilidade; o problema é o Bruce Wayne, que apesar de sua atuação correta, não consegui ver o milionário solitário dos quadrinhos ali. Já Tim Burton deu um visual muito legal à cidade de Gotham City, bem no estilo pessoal do diretor. Jack Nicholson como Coringa está perfeito. Dos quatro filmes é, indubitavelmente, o melhor, apesar da Mulher-Gato da Michelle Pfeiffer ser sensacional. Um fato engraçado é que depois dos dois primeiros longas, o papel do Homem-Morcego passou para Val Kilmer e George Clooney e, ainda assim, o baixinho Keaton, cheio de entradas nos cabelos, se saiu bem melhor que os dois galãs.



Imagem do dia:

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Amém, Mestre!




HASTA!

março 21, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 36)


HOLA!



THE 80'S MOVIES




Marcas que não se explicam



A subjetividade impera no mundo das artes. No fórum do Cinema sem Cena foi aberto um tópico sobre subjetividade. Várias opiniões foram expostas, mas ninguém chegou a um consenso, porque até este tal consenso acaba sendo algo subjetivo de um grupo específico, entendem? Eu sou da opinião que há elementos objetivos na arte, porque se não houvesse acabaria virando um samba do crioulo doido. Se formos generalizar o significado da palavra subjetividade, filmes notoriamente ruins como Olga e Pearl Harbor seriam abonados pela desculpa da subjetividade. Ou pior, qualquer rabisco aleatório seria considerado uma obra de arte. Ao mesmo tempo em que falo que há critérios objetivos na arte, estes mesmos critérios dependem da percepção, da vivência de cada um e chegamos novamente ao ponto de partida. Por acaso, isso não seria subjetividade? E se nos aprofundarmos em filmes como Olga e Pearl Harbor veremos ótimas qualidades técnicas (fotografia, direção de arte, efeitos visuais), revelando-me que não são de todo ruins. E agora?

Esse blá blá blá desconexo acima é uma tentativa frustrada de explicar o porquê de certos gostos. Como podemos gostar de filmes, que dentro de um consenso, são considerados ruins? Cobra é tão tosco que se torna bom e engraçado e ainda tem uma legião de fãs. Culpa de quem? Da subjetividade!! Entretanto não vim falar do Cobra, mas de dois filmes que eu adoro e que a maioria desconhece ou odeia.



Não adormeça (1982)

Esse filme feito para TV fez tanto sucesso entre os fãs do gênero, que vocês podem achar em muitas locadoras. Quando fui ao cinema ver Ray, fiquei impressionada com a fila enorme para entrar na sessão de Jogos Mortais. Não digo que "impressionada" seja a expressão mais correta, melhor seria dizer que eu ratifiquei minha opinião sobre o maior atrativo de bilheteria, o que agrada mais o público: os filmes de terror e de aventura.



Não adormeça
é um dos filmes que mais me assustou quando era criança e lembro que assisti no Corujão, portanto no horário mais propício para os sustos fáceis.

O filme tem foco em uma família suburbana americana com três filhos: um garotinho, Kevin, e duas garotas: Jennifer e Mary. A primeira, mais velha, morre em um acidente de carro (spoiler: ela não consegue sair do carro porque seu irmão amarra os cadarços do tênis de um pé com o outro e o carro... POOOW!!). Uma tragédia que faz com que a família se mude para outro lugar. Todavia o fantasma da garotinha retorna e aparece para sua irmã Mary. Ela diz estar muito triste e irritada, já que seus pais, sua avó e seu irmão não se lembram mais dela e que apenas Mary ainda a ama. E pra demonstrar esse amor, Jennifer pede um favorzinho para Mary (spoiler: apenas dizimar a família ingrata todinha) para que só assim possam ficar juntas pra sempre.

Podem dizer que o filme é bem "B" (e é, de fato), que as atuações são medíocres (excetuando-se a talentosa Kristin Cumming que faz a guria morta), que a história tem vários furos, mas pra mim é assustadora e muito legal. É o tipo do filme que você pergunta pra si mesmo: "Por que gostei? "Parafraseando o profeta Chicó: "Não sei, só sei que foi assim".




O ataque das formigas gigantes (1977)

Por um tempo, eu pensei (isso acontece, às vezes:P): ou todo mundo era meio doido como eu e adorava esse filme ou o SBT andava mal das pernas. Porque não dá pra entender o porquê de quase todo santo domingo reprisar o mesmo filme. E outra: eu já tenho pavor de insetos e depois de ver esse filme tive altos pesadelos com baratas (o ser mais asqueroso, horripilante e maquiavélico da face terrestre) bem crescidinhas.



Tosco até a alma e mal feito em todos os quesitos. Consta no elenco a presença de Joan Collins, rainha das soap opera e da famosa série "parecia que nunca ia acabar" Dinasty e o restante do elenco nem faço idéia da filmografia de cada um.

Até fiquei boquiaberta quando descobri que esse filme é baseado na obra homônima de H.G.Wells, escritor renomado e autor do clássico literário A Guerra dos Mundos, mas a subjetividade aqui fala mais alto... EU ADORO ESSA TOSQUEIRA. Adorava torcer pro happy end do casal canastra e adorava ver as formigas detonarem a galera.

A história é mais ou menos assim: barris cheios de produto radioativo caem no mar e são levados até à praia de uma ilha. Essa ilha pertence a uma atriz canastrona decadente (Joan Collins, numa referência explícita a Norman Desmond (Gloria Swanson) de Crepúsculo dos Deuses) e que quer vendê-la a qualquer custo. Para isso, convida prováveis compradores para uma tour na sua ilha. Contudo nem ela nem os outros visitantes imaginavam que a ilha estaria repleta de predadores enormes e insaciáveis. Quando eles pensam que se safaram das formiguitchas, mais e mais irmãzinhas aparecem. Acho que, na verdade, esse filme é uma grande homenagem aos filmes trash. Só pode... Divertidíssimo!




HASTA!

março 19, 2005

SAUDADE DOS 80 (parte 35)


HOLA!




THE 80'S MOVIES





Pipoca, refrigerante e... sessão da tarde!!








Retorno ao paraíso (ou Paraíso Azul, 1982): um clone do filme A Lagoa Azul. Integrantes de uma caravana que faziam uma jornada de Bagdá para Damasco são mortos por um sheik. Apenas sobrevivem um rapaz e uma garota (Phoebe Cates) que passam a morar no oásis do deserto e se apaixonam bem no estilinho do casal de A Lagoa Azul. Mas tenho que admitir que gostei mais da cópia que o original. Pode?

Juventude em fúria (1983): é como o próprio cartaz do filme cita: "Nove anos --- gangue de rua; doze anos --- drogas; dezesseis --- roubo e assassinato". Só que o crime ocorreu acidentalmente e mesmo assim o personagem de Penn acaba preso. Tempos depois, o irmão (Esai Moralles) da vítima, líder de uma gangue rival, estupra sua namorada (Ally Sheedy) e acaba na mesma prisão que ele. Sean Penn na sua primeira grande atuação. Bom thriller sobre gangues de rua, apesar de ser muito previsível.

Dançando na TV (1985): Sarah Jessica Parker é uma garota recém-chegada na cidade de Chicago e logo fica melhor amiga da personagem meio maluquete da Helen Hunt e ambas nutrem uma grande paixão pela dança. Quando ouvem numa rádio uma notícia sobre uma competição de dança, logo querem se inscrever. Mas o grande empecilho é o pai de Janey (Sarah Jessica Parker), um coronel aposentado linha-dura, que não a deixa sair pra canto nenhum. Mesmo assim, Janey se inscreve, manda bem e é escolhida pra ficar entre as finalistas e ganha um novo parceiro (hummm!) interpretado pelo sumido guapo Lee Montgomery. Só que pra ensaiar com Jeff (Montgomery), ela tem que sair sempre às escondidas, só que já imaginam o que vai acontecer, né? Ademais, uma ex-namorada do Jeff tenta fazer de tudo pra eles não ganharem o concurso e blá blá blá... Duas coisas eu lembro muito bem: Janey com aquela roupa "disfarce" que facilmente rasga e esconde outra roupa por trás e aquela blusinha com barriga de fora do Jeff :P... Bom filme pras tardes de sábado e de domingo!

Os caça-fantasmas (1984): eu também já postei sobre esse filme hiper mega legal. Sorry!

Brincando com fogo (1986): Virginia Madsen (Sideways) é uma jovem que estuda em um colégio interno católico. O personagem de Craig Sheffer está em um acampamento de um reformatório para jovens. Os dois se encontram, ao acaso, na mata que fica cercando tanto o colégio como o reformatório. Ela é fotógrafa e está posando para si mesma como Ofélia no lago. É aí que Craig aparece, pois os rapazes do reformatório estavam fazendo alguma atividade por aquela região, e já meio que se apaixonam à primeira vista. Depois eles se reencontram num bailezinho entre os garotos do reformatório e as garotas do colégio, confirmando realmente seu amor um pelo outro. So que é praticamente impossível para os dois ficarem juntos, já que ele cumpre uma sentença no reformatório e ela tem que obedecer todas as regras da conservadora escola. Começa aquela velha história de amores impossíveis, com aventuras e perseguições e muito blá blá blá... Na trilha sonora tem Bryan Ferry, Huey Lewis and the News, Prince, dentre outros.

E.T., o extra-terrestre (1982): só pra descontrair: só coloquei essa foto do E.T. pra preencher buraco :P. Já falei muito sobre o filme.

Lucas, a inocência do primeiro amor (1986): Corey Haim é Lucas, um garoto tímido, pobre e estudioso e que é apaixonado pela personagem de Keri Green (que também atuou com Haim em Goonies), só que ela só quer sua amizade e é apaixonada pelo carismático capitão do time de futebol interpretado por Charlie Sheen. Pra chamar sua atenção, ele até entra no time de futebol, mas obviamente isso não ia dar certo e nem, ao menos, tinha idéia que sua amiguinha (Winona Ryder, bem pirralhona) era caidinha por ele.

Indiana Jones: a trilogia (Até agora... Vem aí um quarto filme, sabe Deus quando!), dirigida por Spielberg e com todo aparato da ILM de George Lucas por detrás, começa em 1981 a saga de Harrison Ford como Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida. "Em 1936, o arqueólogo Indiana Jones (Harrison Ford) é contratado para encontrar a Arca da Aliança, que segundo as escrituras conteria "Os Dez Mandamentos" que Moisés trouxe do Monte Horeb. Mas como a lenda diz que o exército que a possuir será invencível, Indiana Jones terá um adversário de peso na busca pela arca perdida: o próprio Adolf Hitler". Aqui somos apresentados ao Indy (pros íntimos:P) já numa cena de tirar o fôlego com a pequena participação de Alfred Molina. Depois do primeiro ato, encontramos Indy (sem seu chicote e seu chapéu tão peculiares) no ambiente escolar com seu amigo Marcus Brody (Denholm Elliott), também grande amante de preciosidades antigas. Através desses filmes, Spielberg faz uma homenagem aos seriados americanos de aventura dos anos 30 e 40. Na companhia de sua ex-namorada, a durona Marion (Karen Allen), vai atrás da famosa Arca da Aliança que continha os Dez Mandamentos de Moisés e conferia super poderes a quem os adquirisse. Também vai contar com a ajuda de Sallah (John Rhys-Davies) e vai ter que superar seu trauma por cobras. Vale ressaltar que o filme é roteirizado por Lawrence Kasdan. Um filme empolgante que ainda se torna maior graças à soberba trilha de John Williams. Em 1984, voltamos ao universo de Jones, em Indiana Jones e O Templo da Perdição, onde "o arqueólogo Indiana Jones (Harrison Ford) tem agora que resgatar as pedras roubadas por um feiticeiro, para libertar crianças escravizadas. Para tanto, enfrenta os poderes mágicos e o fanatismo de um culto que sacrifica seres humanos". Igualmente ao anterior, já começa com uma cena muito legal, só que com muito mais humor. Jones entrega um objeto precioso e pede seu pagamento (um diamante!), mas os caras tentam enganá-lo e colocam veneno na sua bebida e só entregam o antídoto se ele devolver o diamante. Entra em cena a atrapalhada cantora Willie Scott (Kate Capshaw) que pra mim é a melhor namorada do Jones, em contrapartida à maioria dos fãs que preferem a Marion (Karen Allen). A cena em que ela tenta se livrar dos animais na floresta é muito hilária. A química entre Jones e o garoto Short Round (Ke Hui Kwan) é maravilhosa, nem nos faz sentir falta do Sallah. Em 1989, Indy volta com toda pompa em Indiana Jones e A Última Cruzada, com uma participação bem bacana do saudoso River Phoenix como o Indy adolescente, numa forma de mostrar melhor sua relação com seu pai (Sean Connery), além de mostrar a origem das características do personagem. Também estão de volta Marcus (aqui faz o elemento cômico do filme) e Sallah. Indy dessa vez não se dá nada bem no quesito "namoradas". Ademais, seu pai é seqüestrado e a única forma de salvá-lo é encontrar o Santo Graal, o cálice sagrado. Simplesmente uns dos melhores filmes de aventura da história do cinema e que contém o herói mais charmoso e carismático da sétima arte.


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Alguém muito especial (1987): também citado no post sobre o fenômeno Brat Pack e cujo roteiro é de John Hughes. Típico filme de sessão da tarde que o cara passa o filme todo aboxonado por uma garotinha popular meio idiota, sem perceber que seu verdadeiro amor (oohh) sempre esteve do seu lado.

Amor sem fim (1981): Jovem casal apaixonado (Brooke Shields e Martin Hewitt) pensa mais com os hormônios que com a própria cabeça. Resolvem ter relações na casa dela. A mãe da garota descobre, mas aceita. Já o pai é totalmente contra, apesar das tentativas em vão do garoto se dar bem com a família. Acontece um acidente que acaba em tragédia e que afasta mais o casal. Bem melodrama, mas não é que eu gostava? Preciso rever pra ver se envelheceu bem. Tom Cruise também está no elenco e quem não se lembra de nada do filme, certamente se recorda da música Endless Love cantada pelo dueto formado por Lionel Ritchie e Diana Ross, não?

Dirty Dancing - Ritmo Quente (1987): uma garota vai passar as férias com os pais em um hotel e se encanta com um bailarino e acaba sendo sua parceira na dança, quando a antiga parceira do cara encontra-se grávida e faz um aborto. Esse filme foi uma dificuldade absurda para ver, já que sempre era barrada no cinema. Só acabei vendo mais de um ano depois. O filme virou uma sensação enorme nos anos 80, toda festinha tocava o vinil da primeira à última faixa. Revi no ano passado e achei os atores tão fracos, a história tão bobinha, não deveria nem ter revisto, já que quebrou a mágica que tinha em relação ao filme. Mas, de uma forma ou de outra, foi um filme marcante para mim.

Férias do barulho (1985): Johnny Depp aqui é um jovem cheio de hormônios que vai passear em um resort luxuoso na Flórida com seu amigo para se dar completamente bem, ou seja, muito beijo na boca. Quem lembra da doida morena que ficava meditando e em certo momento ela fica pelada falando: "Venha a mim..." Era bobinho, mas bem divertido.

Flashdance (1983): "o filme conta a história de Alex Owens (Jennifer Beals), uma jovem de 18 anos que trabalha como metalúrgica durante o dia e à noite é uma exótica dançarina em uma casa noturna e retrata a sua luta para realizar seu grande sonho: ser aluna no Conservatório Pittsburgh de Dança. O filme traz hits clássicos dos anos 80, incluindo as canções mais conhecidas da época como Flashdance - What A Feeling" de Irene Cara e Maniac na voz de Michael Sembello. E ainda propagou a moda de blusas de moleton rasgadas e das polainas". (Karinne Souza em Palavras ao Vento :P)

Grease - Nos tempos da brilhantina (1978): Sandy (Olivia Newton-John) e Danny (John Travolta) se conhecem nas férias de verão e têm um namorico. Ela deveria ir pra Austrália, mas acaba ficando nos E.U. e se matricula na mesma escola que Danny. O filme tenta de uma forma descontraída questionar o velho ditado que os opostos se atraem. O filme não tem intenção de aprofundar muito sobre as idas e voltas do relacionamento entre os dois, sendo legais mesmo os números musicais com cenas de dança bem bacaninhas. Filme nº 1 da maioria dos diários que circulavam pela minha sala na época escolar!

Footloose - Ritmo Louco (1984): "Um jovem (Kevin Bacon) da cidade grande se muda com sua mãe (Lee McCain) para o interior. Apaixonado por dançar, ele enfrenta sérios problemas quando o conservador reverendo local resolve considerar a dança como um grave pecado". O reverendo era interpretado por John Lithgow e o personagem do Bacon ainda acaba se apaixonando pela filha do beato.

Comentando: esse filme é uma importante peça da cultura dos anos 80, refletindo perfeitamente o temperamento e as atitudes dos jovens, assim como suas roupas e seu vocabulário.

Edward, mãos de tesoura (1990): tudo bem, esse filme pode ser de 1990, mas não tem maior cara de anos 80? O ótimo Tim Burton nos conta a fábula de uma espécie de robô (Johnny Depp) que vivia em um castelo com seu pai (o inventor, o maravilhoso Vincent Price) e na hora que iria receber seus braços, o inventor morre. Uma vendedora de produtos comésticos (a ótima Dianne Wiest) o conhece e o leva para sua casa. Apesar da estranheza inicial, vira sensação com seus dotes de jardineiro e cabeleleiro. Apaixona-se por Kim (Winona Ryder), a bela filha da vendedora. A trilha composta por Danny Elfman é muito bonita, a direção de arte e a fotografia, bem peculiares ao universo de Burton, são perfeitas. Burton adora colocar personagens excêntricos no seus filmes, fazendo-nos discutir sobre questões como aceitação, adaptação, estética x conteúdo etc... Mas, no fundo, Edward, mãos de tesoura é uma linda história de amor!

O Feitiço de Áquila (1985): "Europa, século XII. O Bispo de Áquila (John Wood) toma consciência que sua amada, a bela Isabeau (Michelle Pfeiffer), está apaixonada por Etienne Navarre (Rutger Hauer), um cavaleiro. Áquila fica possuído de raiva e ciúme e lança uma maldição sobre o casal: de dia ela sempre será um falcão e de noite Navarre toma a forma de um lobo, sendo que desta forma fica o casal impedido de se entregar um ao outro. Eles têm como único aliado Phillipe Gaston (Matthew Broderick), mais conhecido como Rato, que é o único prisioneiro que escapou das muralhas de Áquila".

Comentando: Richard Donner acerta e muito bem nesse filme que aborda o clima medieval e seu universo cheio de lendas, magias, maldições, personagens cativantes, aventuras, romance proibido e de leais amizades. Vale destacar o ótimo elenco e a competente parte técnica do filme (direção de arte, figurino e até a trilha bem moderninha para a Idade Média) e principalmente a fotografia que reverencia o nascer e o pôr-do-sol.

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Amiradora secreta (1985): uma carta pode mudar a vida de uma pessoa? Quando a melhor amiga do protagonista da história toma coragem e manda uma carta dizendo que é apaixonada por ele, mas sem revelar seu nome, a carta é perdida e passa de mão em mão e gera um monte de confusão, e encontros e desencontros. Protagonizado por C. Thomas Howell, é um filme tipicamente sessão da tarde que diverte, mas sem acrescentar.

Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída (1981): adaptado do bem sucedido livro homônimo, conta a história que poderia ser de cada um de nós se entrássemos sem freios no mundo das drogas. As cenas podem até chocar os mais conservadores, mas é um filme interessante, detalhista e bem verdadeiro.

Drugstore cowboy (1989): "O diretor Gus Van Sant (Gênio Indomável) conta a história de um grupo de drogados que assaltam farmácias na intenção de sustentar o vício".

Comentando: esse filme não é apenas sobre drogas, mas é um retrato fiel da sociedade atual, que vive numa competição desenfreada e que cada vez mais aniquila as emoções nos relacionamentos e que se encaminha para sua auto-destruição. A película não tenta romancear ou julgar em momento nenhum os personagens. A perfomance de Matt é excelente, assim como vale destacar as de Kelly Lynch e Diane Lane. Dirigido por Van Sant de forma tão imparcial e real, às vezes soa como um documentário. No final do filme, um personagem sofre um acidente e é levado a um hospital. Ainda na ambulância, encontrava-se radiante pelo fato de que eles estavam o levando para o paraíso, para um lugar onde toda a química do mundo poderia estar a seu dispor. Neste momento, ele pensou: "Most people don't know how they're gonna feel from one moment to the next. But a dope fiend has a pretty good idea. All you gotta do is look at the labels on the little bottles". Fodaço, não?

O Feitiço de Áquila (1985): opa, acabei de falar lá em cima! Por sinal, essa foto é uma das cenas mais belas do filme, quando eles finalmente se vêem em forma humana.

Garota sinal verde (1985): nesse filme dirigido por Rob Reiner (Conta Comigo, Harry e Sally, Louca Obsessão), John Cusack é Gib, um garoto que sonha em ir para a Califórnia atrás da garota ideal. Seu amigo do colégio já está na Califórnia e falou que já conhece a garota certa para ele e que ela está doida para conhecê-lo. Daphne Zuniga (a Joe de Melrose!) é Alison, uma garota estudiosa que tem que ir para Califórnia encontrar seu noivo. Alison e Gib se odeiam, são os extremos opostos um do outro, mas topam pegar a estrada juntos e dividir as despesas. Nem preciso falar o que acontece no caminho para a Califórnia, né? Tem uma cena boba, mas bem divertida que era o Gib ensinando a Alison como beber cerveja mais rápido. Bem bonitinho!

Os Garotos perdidos (1987): opa, post anterior... (Perdão pela lesa que repetiu a foto de novo!)


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Uma cilada para Roger Rabbit (1988): além do filme ser ótimo, eu tenho uma ótima recordação dele e do parque temático que tinha na MGM onde me perdi e acabei achando meu primeiro namorado (duhhh, que piegas!)... Dirigido com maestria por Zemeckis e produzido por Spielberg, com um roteiro enxuto que faz uma deliciosa homenagem ao filmes noir, principalmente Chinatown (1974) e cheio de inovações tecnológicas ao interagir atores de verdade com animações que foram consagradas com 3 Oscars: melhor montagem, melhor efeitos especiais e melhores efeitos sonoros. Não posso esquecer a deliciosa trilha composta por Alan Silvestri que reflete todo ar misterioso, glamourizado do cinema dos anos 40 e seus astros e personagens do universo noir.

UPDATE
: Como revi o filme há pouco tempo, vou dar uma leve dissecada nele. Roger Rabbit é um famoso personagem que anda meio "depressivo" (não consegue que apareçam estrelas quando leva uma pancada na cabeça) devido as suspeitas de traição de sua venerada esposa. O filme começa com Roger atuando num dos episódios do famoso desenho "Baby Herman & Roger Rabbit" em uma nítida referência aos desenhos dos anos 40 da Warner, principalmente os realizados pelo mestre Tex Avery, responsável pelos desenhos em que uma ação gera uma reação maior ainda e que as expressões faciais são supervalorizadas (olhos esbugalhados e saltitantes, queixos caídos), palhaçadas exageradas com aumento da velocidade e mudanças do corpo que também influenciaram toda uma geração de animações. Mas aí os passarinhos na cabeça do Roger cortam a cena...

Animação x Real... Bebê Herman: um típico ator temperamental, Roger e sua depressão... Um detetive a inspecionar. Parodiando Humphrey Bogart e seus detetives cínicos nos filmes noir, o ótimo ator britânico Bob Hoskins é o detetive Eddie Valiant, alcoólatra, ranzinza, mal-humorado, devido ao trauma de ter perdido seu irmão e melhor amigo assassinado por um personagem. Antes do crime, ele e o irmão eram detetives que solucionavam todos os mistérios de Toontown e todas animações eram gratas a eles, mas após a morte de seu irmão, ele tem pavor da cidade e de seus personagens.

Quando o presidente dos estúdios Maroon o chama pra investigar se a mulher de Roger o está traindo e causando essa depressão nele, Eddie incialmente hesita, mas a grana, ou melhor, a ausência desta, fala mais alto. No maior clima noir, entra num bar clandestino privê com senha pra entrar, algo bem comum nas narrativas do gênero (a senha era "Walt me mandou", numa óbvia citação a Walt Disney), com a porta com uma abertura para os olhos e o segurança truculento que não poderia ser outro animal que um gorila (ah o ator que dubla o tal macacão é o mesmo que faz Jabba (Star Wars)). O local inicialmente soturno abre as cortinas pra um clube cheio de cores, mais notadamente o vermelho, a cor tão já declamada dos amores, paixões e devaneios. A cegueira das paixões, a ilusão e o crime. Tudo é dúbio, ambíguo. No clube, um show à parte de Donald e Patolino nos pianos, pingüins garçons, polvo barman, a sexy, graciosa e melancólica Betty Boop como garçonete e o dono da Toontown, Marvin Acme, o eterno meninão... Pára tudo!! Jessica Rabbit, uma perna, um vestido vermelho esvoaçante, brilhoso, voz sexy, passos provocantes, homens abobados e babões, Rita Hayworth, Lauren Bacall, Jane Russel, franjas "peek-a-boo" de Veronica Lake (Amy Irving faz Jessica cantar e Kathleen Turner faz ela falar). Por sinal, Jessica foi o personagem mais complexo pra ser realizado pelo pessoal dos efeitos especiais. Fotos tiradas de Jessica e do dono arrasam Roger que angustiado puxa as cortinas numa clara referência a uma cena do filme Chinatown. Toma umas, fica loucão e foge.

Outra referência clássica aos filmes noir são as palavras na porta do vidro do escritório de Eddie que são filmadas pelo lado de dentro. Nas cenas seguintes, percebemos um Eddie melancólico e saudoso pela ausência do irmão e parceiro.

Após a fuga de Roger, o poderoso dono da Toontown é encontrado morto. Todas as pistas convergem para o coelho. Na verdade, tudo era uma trama do dono dos estúdios Maroon que aliciou Jessica com ameaças de demissão de Roger para que ela montasse uma cena de "traição" e que isso fizesse com que Acme fosse obrigado a ceder seu império, tornando os estúdios Maroon e Toontown um só.

No local onde foi cometido o crime, surge o Juiz Doom (Christopher Lloyd) que só pelo seu visual já mete medo. E aquele sopão que ele criou pra destruir os personagens parece realmente assustador. E os fuinhas que morrem literalmente de tanto rir não lembram gangsters atrofiados que obedecem cegamente ao big boss?

Os roteiristas criaram um subplot paralelo que motivasse o vilão, um esquema do juiz Doom para acabar com o sistema de trânsito de Los Angeles. Homenageia o famoso carro vermelho que percorria toda L.A. (não sei se sou eu que sou nostálgica, mas esses carros antigos, bondes, trens dão uma beleza maior a qualquer cidade. Um ar sofisticado tão diferente do que vemos hoje em dia) e através dele a película faz uma sátira à corrupção existente entre algumas corporações americanas. Segundo as notas do filme, essas tais corporações colaboravam para o uso de companhias falsas como fachadas para privatizar o sistema nacional de carros de rua e tirá-los de circulação, o que criou uma forte dependência no sistema de automóveis que consomem mais petróleo e produtos de borracha e conseqüentemente dando um fim no antigo sistema de transporte.

Eddie descobre que Acme deixou um testamento, só que este sumiu. Roger vai atrás de Eddie e jura inocência. Uma das cenas mais hilárias é quando os dois estão presos na mesma algema e quando ele imita a feição quadrada de Dick Tracy e outra é quando o juiz Doom dá umas batidinhas na parede que enlouquecem o pobre coelho.

O filme mudou as regras como dirigir filmes que combinam animação com atores graças ao excepcional trabalho do diretor de animação Richard Williams. Os figurinos e a montagem também são excelentes.

Uma cena que achei bem bacana e sutil é quando a Jessica vai atrás do Eddie e tenta lhe mostrar que não está envolvida no crime, mas que sua sensualidade inserida pelos desenhistas não ajudam muito e que ela não tem culpa disso e, de certa forma, até sofre por isso, já que perdeu o marido amado.

Tenho que destacar o personagem Benny, um simpático táxi que ajuda Roger e Eddie. Por sinal, a cena da perseguição nas ruas é ótima. Outra cena bacana, anterior a esta, que vale a pena ser citada é a da luta do bar.

De pista em pista, Eddie descobre que o sistema de transportes foi comprado pelos estúdios Maroon. Mas antes do presidente lhe revelar a verdade, é assassinado. Tudo culmina em Toontown, onde todos os personagens reais e imaginários irão se confrontar. Por sinal, esse último ato é sensacional, cheio de efeitos especiais, com as animações e atores numa simbiose perfeita (Spoiler: há uma citação a Mágico de Oz, descubram!)

O filme homenageia vários personagens tanto da Disney como da Warner (na verdade, foi feito um acordo pra ambos dividirem o mesmo tempo na tela) tais como alguns personagens do clássico maior da Disney - Fantasia (a bailarina do balé Ostra, Mademoiselle Upanova, as vassouras do maravilhoso segmento "Aprendiz de Feiticeiro" (eu tenho o Mickey Feiticeiro :P), Yyacinth Hippo, a graciosa hipopótomo bailarina no segmento Dance of the Hours); Dumbo; Brutamontes Maléficos da A Bela Adormecida; Brer Bear; Koko, o Palhaço; Feischer; Branca de Neve e os Sete Anões; Os Três Porquinhos e o Lobo Mau; Pinóquio; Grilo Falante; Peter Pan; Sininho; Pateta; Mickey; Minney; Pernalonga, Piu Piu e Frajola; Chapeuzinho Vermelho; Gaguinho; Eufrasino Puxa-briga; Mickey's Orphans, Chicken Little; Wynken; Blynken; Nod; Cupids; Baby Pegasus (Fantasia); Ground Hogs; Peter Pig; Coelhinhas; Ferdinando, o Touro; Danny; Jenny Wren; Violinista, Flautista, Elmer Elephant; The Merry Dwarfs; O Relutante Dragão; Velha Bruxa; Sapo Tadeu; Sir Giles; Droopy; ás árvores se abraçando do desenho "Flowers and trees"; o primeiro desenho colorido Silly Symphony da Walt Disney (1932); Peter; Animais; Casal de Árvores; Bambi; Pluto; Dunga; Papa Léguas; Cyril; Cavalo do Sr. Toad; Zé Carioca; Harpa Cantante; Pica-pau; Monty (Pelicano); Marc Antony (buldog); Marvin o Marciano; Foghorn Leghorn; Ligeirinho etc.

Nos extras do DVD, além da opção de ver o filme com os comentários e de um curto making off, há um joguinho e três curtas protagonizados por Roger e Bebê Herman. Se algum lesado ainda não assistiu, não perca esse delicioso "cartoon noir"!!!


De volta para o futuro (1985): já postei sobre esse filme que ainda vai estar na minha estante, tanto ele como os outros dois da trilogia.

Vidas sem rumo (1983): como já disse em um post anterior, o filme que aglomera mais homem bonito da história do cinema, um elenco de desconhecidos que se tornariam astros por um breve tempo ou mesmo até hoje como Tom Cruise.

"Em um subúrbio da pequena cidade de Tulsa, Oklahoma, Ponyboy Curtis (C. Thomas Howell) é o caçula de uma turma, formada ainda por Darrel Curtis (Patrick Swayze) e Sodapop Curtis (Rob Lowe). Os três órfãos tentam sobreviver onde tudo se restringe a "mexicanos pobres" e "ricaços". A trinca descende de mexicanos, amarga empregos em postos de gasolina e sofre com a perseguição da polícia. Também fazem parte da gangue Dallas Winston (Matt Dillon) e Johnny Cade (Ralph Macchio), ainda um projeto de marginal. Eles tentam vencer e amadurecer enfrentando os ricos, mas nem tudo acontece como eles planejam. Os acontecimentos são vistos pela ótica Ponyboy, que gosta de poesia e "... E o Vento Levou".

Mais um belíssimo filme dirigido por Coppola adaptado da obra de Susan E. Hinton que retrata muito bem as pessoas que andam à margem da sociedade, sejam latinos ou descendentes destes ou pobres e também versa sobre lealdade e amizades. Cada momento do filme nos faz refletir. É perturbador, sensível, profundo, com uma fotografia impecável e consegue aliar uma boa história, com uma ótima direção e elenco.

Air America - Loucos pelo perigo (1990): Opa, falha nossa (ok, minha :P), eu coloquei na cabeça quando peguei a foto que esse filme era dos anos 80, mas é de 1990, dêem-me um refresco. Falando do filme, ele nos conta a história de dois pilotos de uma companhia aérea no Laos na época da Guerra do Vietnã cujo objetivo é distribuir alimentos ou transportar soldados. Entretanto eles acabam descobrindo que também estão transportando ópio e heroína. Um filme bacaninha, divertido e com uma boa química entre Gibson e Robert Downey Jr.

Curtindo a vida adoidado (1986): Como já falei sobre esse filme em que um garoto manda a escola à merda, só reitero uma coisa: Ferris ruleia!!


Dignos de nota: A Princesa Prometida (1987), A incrível máquina do crescimento (1988), O menino que sabia voar (1986), Atração Mortal (1989), Elvira, A Rainha das Trevas (1988), Ruas de Fogo (1984), A Dama de Vermelho (1984), Uma Secretária do Futuro (1988), O Enigma da pirâmide (1985) , Metido em encrencas (1988), A lenda (1985), A morte pede carona (1986) etc.





PS: Agradeço ao site Adoro Cinema pelas sinopses gentilmente roubadas. E só faltam mais 5 posts!!!



HASTA!